Referi-me no último artigo ao seminário “Gerenciando Incertezas – maximizando oportunidades”, da Fundação Dom Cabral, realizado em Minas Gerais nesta semana, do qual tive a importante oportunidade de participar. Reconheceu-se que o Brasil mergulhou em sucessivas crises que deram cria e geraram instabilidades como seus filhos. Entre os palestrantes, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez a palestra magna de abertura onde falou entre outros temas, sobre lideranças, sob uma visão nova. Por isso trago o assunto neste artigo. Antes, o tema faz sentido dentro do quadro das crises atuais, segundo ela: política, econômica, social, ambiental e de valores. A crise política ela leva ao atraso e a um retrocesso que já se havia superado lá atrás. Há necessidade de melhorar a representação política no Brasil. Aqui cabe o tema lideranças, que ela abordou de forma muito nova.
É tempo de árvores fortes, disse ela, parafraseando a lenda de que árvores que suportam ventanias sobrevivem melhor do que as que nunca tiveram esse tipo de teste. O Brasil vive além de tudo, crises éticas e o desafio de políticas de longo prazo, que pedem líderes novos, em todos os campos da vida. São líderes capazes de provocar novas provocações, novas idéias, novos debates e novos projetos para o pós-crise. O Brasil requer líderes inovadores que inspirem a sua responsabilidade civilizatória. A crise desmoronou idéias, métodos, sistema político, de gestão e de representação democrática. “Desnudou tudo. Quando desnuda tudo, ficam os sonhos e os compromissos”, disse Marina.
Os novos líderes construirão o novo Brasil que ressurgirá das cinzas do Brasil atual. Precisarão da capacidade de reconectar o país com sua responsabilidade civilizatória, frente ao mundo e a si mesmo. “Nenhum lugar do mundo tem esse modelo de desenvolvimento do sonho”, disse referindo-se aos potenciais humanos e espirituais do Brasil. Ela dividiu os líderes em “pioneiros”, os que detém a força do mito pelas construções que realizam. Eles respondem às perguntas. E “colonizadores”, os que se seguem aos pioneiros, mas precisam conhecê-los. “Uma espécie de arco e flecha”, disse.
Os novos líderes serão os que atuarão mais em redes horizontais e menos verticais. Terão que ser capazes, disse, de mudar preservando, e de preservar mudando. E de fazer o novo sobre o que já existe.