Artigos / Jairo Pitolé Sant’Ana

13/08/16 às 20:12

Hora da compra

Diariamente, se lê nos jornais sobre a gangorra dos preços dos alimentos, mais subindo do que descendo. Desde que elegeram, ainda no século passado, o chuchu como vilão da inflação, a moda não só pegou como continuou.
 
Nestes anos de golpes e impeachments, vários alimentos, especialmente os vegetais, já tiveram a sua cota de vilão. O tomate teve a sua vez e, mais recentemente, quem assumiu a carapuça foi o feijão carioca.
 
Nos posts das redes sociais, as memes se espalharam e a leguminosa virou anel, presente do dia dos namorados e inúmeras outras raridades. O preço arrefeceu, mas continua salgado.
 
O leite assumiu a vilania da vez. De abril até final de julho em um dos atacarejos (junção de atacado e varejo, cada vez mais frequentado pela gente diferenciada) da capital, a caixa, com 12 unidades, de uma das marcas do tipo longa vida saltou de R$ 27,48 para R$ 44,30. Ou seja, 61% de aumento.
 
Teve uma ligeira queda neste início de agosto (caiu para R$ 43,80, pouco mais de 1%), mas nada que anime a pensar que os preços possam voltar ao que eram antes.
 
Emulado, o arroz não ficou pra trás. Quem comprou, neste mesmo atacarejo, um pacote de 5 kg no início de maio, desembolsou R$ 12,90. No final de julho, o desembolso já foi bem maior – R$ 16,20.
 
Me lembrei desta gangorra dos preços ao me deparar com um outdoor anunciando um curso (ou palestra, não me recordo bem) sobre economia doméstica. Comecei a imaginar a despesa de uma família de classe média, com seis ou oito pessoas, que faz suas refeições em casa.
 
Se esta família gasta seu suado dinheiro sem nenhum planejamento, normalmente chega ao final do mês no vermelho, com a agravante de não conseguir honrar todas as despesas da casa, que, além da alimentação, incluem material de limpeza, higiene pessoal, saúde, lazer e entretenimento, etc.
 
É um pandemônio. Cheque especial estourado, cartão de crédito idem, empréstimo consignado quase comendo toda a receita (salário, honorário, pro-labore, etc.)...
 
Guimarães Rosa disse, pela boca de um de seus personagens, que“viver é muito perigoso”. Neste caso, viver é andar no fio da navalha, com o Serasa ou SPC sempre à espreita.
 
Mas, se ao contrário, agir com bom senso, contabilizando suas receitas e despesas (hoje é tão simples ter acesso a uma planilha de custo, basta pesquisar no google, fazer o download e usar), a tendência é uma guinada de 180 graus, para melhor.
 
O primeiro passo, além da lista de compras para evitar levar pra casa o que não precisa, é pesquisar preços. Eles podem triplicar de um estabelecimento para outro.
 
Ficar atento às promoções também é fundamental. Hortigranjeiros e carne sempre têm o seu dia semanal de promoção em vários supermercados. Quase sempre os preços caem pela metade.
 
Mas cuidado com o canto da sereia. Junto com a promoção pode estar emboscada gostosuras que podem estourar o orçamento. Muitos desavisados caem na armadilha e acabam levando o que sequer precisam.
Jairo Pitolé Sant’Ana

Jairo Pitolé Sant’Ana

Jairo Pitolé Sant’Ana é jornalista em Cuiabá
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