Artigos / Eduardo Gomes

18/05/16 às 15:30

De posteridade

Finalmente, depois de alguns meses debruçado sobre anotações e grudado ao computador, conclui o livro “O CICLO DE FOGO – Biografia não autorizada de Riva”. Hoje, pelo rastreador dos Correios, vi que a editora recebeu o boneco revisado da obra, que lhe enviei. Em até 15 dias o terei em mãos.

Estou feliz. Mais que a realização de um trabalho, julgo a obra importante enquanto registro histórico de um período marcado por conchavos, costuras, denúncias de corrupção, obras e avanços sociais no abençoado e ensolarado Mato Grosso.

Consegui escrever com isenção. Não assumi papel de carrasco do ex-deputado estadual José Riva, mas o botei no cadafalso quando o fato narrado assim o exigia. De igual modo reconheci seu desempenho parlamentar e ações municipalistas. Não permiti que a obra se juntasse àqueles que o enxergam como se fosse demônio. Não me deixei levar por seu magnetismo político que sempre lhe garantiu elogios.

A obra não sataniza o personagem com um tridente nem o canoniza com uma auréola. A narrativa, no entanto, não deixa dúvida que se trata de alguém que mesmo carregando aquele e debaixo daquela está acima desses conceitos rotulares.

Não seria difícil falar exclusivamente sobre Riva. Difícil foi contextualizar os que gravitaram em seu entorno e os que o apadrinharam.

A obra cita mais de 400 figuras. Nem todos mais entre nós, porque alguns baixaram sepultura. Em meio aos remanescentes há figuras de proa na politica e fora dela. Pincei casos que mostram Riva sendo secundado ou sócio em ações com cidadãos que agora fogem dele mais que o diabo da cruz.

Riva tem inteligência acima da média e memória privilegiada, mas não somente por isso acumulou tanto poder. O ex-deputado é mestre na arte do apadrinhamento e também ganhou mimos de um padrinho que lhe estendeu a mão que o retirou da beira do abismo abrindo espaço pra sua caminhada.

Blairo Maggi foi o grande padrinho de Riva. Com riqueza de detalhe a obra fala sobre a relação dois.
O Ministério Público montou cerco permanente sobre Riva por quase duas décadas, até que começou a encurralá-lo e a botá-lo na condição de réu. O trabalho formiguinha de procuradores e promotores é narrado detalhadamente.   

Não reproduzo nenhum trecho da obra. Nela uso o linguajar mais simples possível, bem ao meu estilo e com a franqueza que Deus me deu.

Não tive apoio das leis de incentivo cultural pra publicar a obra. Por se tratar de conteúdo que mostra relações de Riva com empresários do ramo gráfico cuiabano, não a editei em Cuiabá, o que aumentou ainda mais seu custo.

Sinceramente não acredito em sucesso de venda, porque conheço esse mercado em Mato Grosso; e ainda que seja mais um fracasso comercial ficarei feliz. Seria bom se conseguisse ao menos equilibrar o custo de produção com o faturamento da obra, mas, realista, imagino que isso não acontecerá.

Se alguém me perguntar o que me levou a escrever a obra direi que ela será legado aos meus filhos e netos para que eles saibam que no ciclo de fogo que se arrastou por mais de duas décadas na política em Mato Grosso fui apenas espectador atento e bom observador a ponto de deixar seu registro pra posteridade.        
           
Eduardo Gomes

Eduardo Gomes

Eduardo Gomes é jornalista e escritor
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