Artigos / Eduardo Gomes

18/02/16 às 12:08

De cheiro

Desde a divisão territorial em 1977, Senado é terra infértil pra mato-grossenses. Foi assim com Gastão Müller, Vicente Vuolo, Benedito Canellas, Louremberg Rocha, Júlio Campos, Carlos Bezerra, Serys Slhessarenko, Gilberto Goellner, Antero Paes de Barros e Jayme Campos, que não se reelegeram, perderam a eleição para outros cargos imediatamente após cumprir seus mandatos ou se afastaram da vida pública. Além deles, Roberto Campos trocou Mato Grosso pelo Rio. Somente três senadores conseguiram a proeza de não ser engolidos: Márcio Lacerda, que foi vice na chapa ao governo encabeçada por Dante de Oliveira; Jonas Pinheiro, que se reelegeu em 2002 graças ao esquema montado para moer Dante de Oliveira; e Pedro Taques, que chegou ao governo não por seu desempenho parlamentar, mas por sinalizar perspectiva de mudança.

A manchete no momento é a possível troca do PR pelo PMDB, por parte de Blairo Maggi. Vejo possibilidade de que isso possa acontecer. Enxergo-a como manobra de amplitude maior.

Nos meios empresariais costuma-se dizer que se Blairo saltar de uma janela é porque embaixo tem dinheiro; prova disso é o tamanho e o faturamento de seu grupo empresarial. Nas esferas políticas ninguém duvida de sua capacidade de articulação; vale lembrar que em 2010, depois de sete anos no governo e sofrendo os desgastes naturais do duplo mandato contínuo, saiu consagrado das urnas e se tornou o primeiro e único político mato-grossense a conquistar (mais de) um milhão de votos em uma só eleição. De quebra, naquele pleito não se assombrou com o tabu de que em Mato Grosso governador não se elege senador imediatamente após deixar o Paiaguás.

É esse o Blairo que poderá botar o chamegão numa ficha do partido colonialista regido com base no componente do fraternocaciquismo, que em Mato Grosso tem nome, sobrenome e data de validade: Carlos, Gomes Bezerra, vitalício.

Caso queira, Blairo entra sem bater e com tapete vermelho estendido aos seus pés. Com a têmpera política moldada pela paciência do tempo e seu jeito de ser político 25 horas por dia sem interesse em demonstrar por um segundo sequer essa condição incorporada ao seu DNA, o senador sabe o que melhor lhe convém.

Mesmo em caso de filiação, no PMDB em Mato Grosso a palavra continuará sendo de Bezerra, mas seu principal nome para as urnas passará a ser o de Blairo. Entendo que é tempo de semear ideias e programas que levem em conta a vocação econômica desta abençoada e ensolarada terra. Espero que com ou sem o PMDB Blairo vá pras ruas, pro embate com a participação de anjos, demônios e da turma do limbo num faroeste eleitoral muito além dos rótulos de mocinhos e bandidos, com gosto de povo e cheiro de democracia.
Eduardo Gomes

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Eduardo Gomes é jornalista e escritor
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  • por Luis Gonzaga Domingues, em 01/07/16 às 13:05

    O jornalista Eduardo Gomes Andrade deveria estudar mais para evitar de falar besteira. Frenquentar uma boa Universidade com um ótimo grupo de intelectuais seria excelente. Eu fico admirado ao perceber que os meios de comunicação local e nacional ainda divulgam textos que na maioria das vezes não são artigos.

 
 
 
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