Gratidão é o sentimento que carrego no peito pela aceitação e os elogios que recebi ao publicar no final de 2015 o modesto livro “Dois dedos de prosa em silêncio”. Gostaria de citar os leitores que compraram exemplares e os que me telefonaram ou mandaram mensagens enaltecendo o texto e a contextualização das 50 crônicas ilustradas por Generino Rocha - o chargista deu um toque de leveza e irreverência visual ao conteúdo. Não o faço por duas razões: a relação não caberia neste espaço e, pior, poderia cometer injustiça omitindo nomes.
A publicação de Dois dedos... foi interessante por se tratar de obra crítica em sua maior parte, o que a faz diferente dos padrões da boa literatura mato-grossense, que não se dedica a apontar erros de figuras de proa no poder e daquelas que gravitam em seu entorno. A narrativa levou muitos rostos nobres a torcerem o nariz e tal reação foi compartilhada pelos adoradores do poder. Em compensação, junto ao povo, arrancou boas gargalhadas com seus trechos hilários e suspiros de indignação com suas denúncias e correções históricas.
Dois dedos... não foi livro pardal. Extrapolou os limites de Cuiabá. Avançou pelo abençoado e ensolarado Mato Grosso. Chegou a muitas cidades e vilas. Atravessou porteiras de fazendas e sítios. Posso muito bem atestar sua capilarização apresentando os recibos de sua postagem nos Correios para endereços em 84 municípios, apesar da pouca cobertura que teve da imprensa.
Publiquei Dois dedos... e um ano antes, o LIVRO 44, ambos sem apoio das leis de incentivo cultural. O elevado custo de produção resultou no preço de capa das obras e me impediu de presentear amigos e conhecidos com minha acanhada produção literária, se me permitem chamar assim os dois livros.
Não sou escritor nem tampouco historiador. Mesmo assim, o volume de informações que acumulei nas décadas que atravessei enfurnado em redações me inspirou a publicar mais um livro, esse sobre a biografia não autorizada do ex-deputado estadual José Riva, que é figura conhecida por todos os adultos mato-grossenses que bebem água.
Espero em breve botar o livro nas bancas e vendê-lo por mala direta, pois a exemplo dos anteriores, sua publicação não leva a generosa melosa chancela do incentivo cultural.
O livro está quase pronto. Diariamente dedico horas sintetizando o texto sem que isso implique em omitir informação, e tendo o cuidado de não ferir pessoas e instituições, mas sem poupá-las por eventuais erros que tenham cometido em suas relações com o personagem. A trajetória de Riva não é o caminhar de um indivíduo. Acho que se trata de um ciclo de intensa institucionalidade informal recheado por figuras que se apresentam angelicais, embora carreguem o tridente amoitado. Aguardem para ler sobre ele com seus anjos e demônios.