Artigos / Luciano Vacari

09/07/22 às 12:11

O povo tem pressa, e fome

Tem coisas que todo mundo já espera. A cada quatro anos, por exemplo, tem 29 de fevereiro, copa do mundo, jogos olímpicos, e sim, temos eleições no Brasil. Enfim, eventos que já estão no calendário mundial e que permitem e requerem um certo planejamento antecipado. E se tem eleições, também tem muitas promessas, críticas, planos de governo, medidas para salvar o mundo, PEC disso, pacotão daquilo, um apanhado de ações muito importantes, mas que trazem junto um apelo eleitoral delicado.

Recentemente estamos vendo o Congresso Nacional correr atrás para propor ou aprovar medidas que ajudem os brasileiros a superar o momento delicado que a economia vem passando, há uma crise global importante a destacar. Depois de dois anos de pandemia, a guerra entre Rússia e Ucrânia colocaram mais gás à inflação mundial, sobretudo que incide sobre alimentos e combustíveis.

Mas mesmo com a taxa de desemprego em queda, atingindo recentemente o menor índice desde 2015, o poder de compra do cidadão está corroído e as famílias estão com dificuldades para suprir necessidades básicas. E é justamente nessas horas que a mão do Estado deve aparecer, trazendo políticas públicas e programas como forma de estimular a economia ou até mesmo garantir condições mínimas de vida.

Olhando por essa ótica, a aprovação do conjunto de medidas que visam redução de impostos para serviços e produtos essenciais, concessão de benefícios para grupos vulneráveis ou ampliação de programas assistenciais além justa, é esperada e necessária.

O problema está no momento em que ocorre, na maneira e no fato de que nem sempre vem acompanhada de um planejamento de longo prazo.

A mais recente notícia é que, depois da aprovação da PEC kamikaze, como está sendo chamada a emenda constitucional que vai aumentar a concessão de benefícios, um outro projeto deve ser apresentado como forma de estimular a produção industrial no país. E aí está uma medida essencial, urgente, mas delicada.

A falta de estímulo à industrialização vai muito além da questão tributária, tem raiz lá na infraestrutura, ou melhor, na ausência dela. O Brasil precisa de projetos de longo prazo para resolver os problemas de logística, para ampliar suas matrizes energéticas e melhorar a qualificação da mão de obra.

O potencial produtivo brasileiro é imenso, a começar pelo agronegócio.

Apesar de sermos um dos maiores produtores de alimentos, fibras e energia do mundo, ainda verticalizamos muito pouco. Grande parte da produção é embarcada sem passar pela indústria, sem gerar emprego e sem arrecadar impostos.

Nossos grandes feitos não podem acontecer de quatro em quatro anos, precisam ser contínuos, produtivos e evolutivos. Temos pesquisa, mas não temos investimentos. Temos força de trabalho, mas não temos desenvolvimento. Temos obras, mas não temos soluções. Temos promessas, mas faltam projetos concretos.
Luciano Vacari

Luciano Vacari

Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria. 
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