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19/04/17 às 06:26

Dia do Índio - Mato Grosso tem 7 índios vereadores

Com uma população de 43 mil indivíduos distribuídos em 48 etnias, Mato Grosso elegeu somente sete vereadores indígenas em 2016. No campo político essa é a participação dos povos primitivos do Estado no universo de 1.404 vereadores em 141 municípios. É nesse cenário que indivíduos Xavante, Bororo, Ikpeng, Karajá, Zoró, Cinta Larga, Txucarramãe, Menkragnoti, Enawenê-Nawê, Negarotê, Terena, Juruna, Suyá, Yawalapiti, Mehinako, Trumai, Nahukuá, Umutina, Paresi e os membros dos demais povos celebram o “Dia do Índio”, no Estado onde nasceu Mário Juruna, o único indígena que se elegeu deputado federal no Brasil.

Nenhuma prefeitura é administrada por índio em Mato Grosso, onde também não há vice-prefeito indígena. O Estado nunca elegeu congressista indígena, mas em 1982, com 31 mil votos, o cacique Xavante Mário Juruna conquistou mandato de deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro. Juruna era figura conhecida nacionalmente porque não se separava de seu grande gravador, numa época em que aquele equipamento era estranho para a maioria. Combativo, costumava gravar as conversas que mantinha com autoridades e isso despertou a atenção de Leonel Brizola, que o lançou à Câmara. Juruna nasceu em 3 de setembro de 1943 numa reserva indígena em Barra do Garças e morreu em Brasília no dia 18 de junho de 2002, de complicações do diabetes; seu corpo foi sepultado na aldeia Namakura, em Barra.

A presença política dos índios fica restrita às câmaras municipais de Gaúcha do Norte, Luciara, Bom Jesus do Araguaia, Santo Antônio do Leste, Campinápolis, Comodoro e Feliz Natal, com uma cadeira em cada.

Em Comodoro a estudante Érika Negarotê, da etnia Negarotê, conquistou mandato com 264 votos pelo PRB. Mais nova entre os vereadores mato-grossenses, Érica tem 19 anos.

O professor Mutua Mehinaku, 36, Kuikuro, é vereador pelo SD de Gaúcha do Norte e se elegeu com 196 votos. Mutua é mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Cláudio Werikina Karajá (SD), da etnia Karajá, recebeu 173 votos em Luciara. Cláudio mora numa aldeia vizinha à cidade, mas também representa os Karajá que vivem na Ilha do Bananal, em Tocantins, defronte a Luciara. Em 2000, aquele município elegeu para a Câmara Dilma Berixá Karajá (PMDB), a primeira vereadora indígena mato-grossense.

Vanderlei Temireté, Xavante, é vereador tucano por Bom Jesus do Araguaia, e chegou à Câmara com 213 votos. Vanderlei representa os indivíduos de sua etnia que vivem na reserva Marãiwatsédé, naquele e nos municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia.

Leonardo Xavante (PV) recebeu 132 votos; é vereador da etnia Xavante, por Santo Antônio do Leste.

Libércio Ernesto Serewiba (PV) é da etnia Xavante. Com 238 votos conquistou mandato de vereador por Campinápolis, município do Vale do Araguaia, com 15.252 habitantes e o único em Mato Grosso onde a população indígena é maior do que a sociedade envolvente. Em razão da grande presença de indivíduos Xavante, que não têm renda, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) municipal é de 0,538 numa escala de zero a um – o mais baixo do Estado.

Txonto Ikpeng, com nome político de Txonto do Xingu (PMDB) foi eleito vereador por Feliz Natal com 176 votos; ele é o único indígena com mandato eletivo nos 35 municípios do Nortão, região à qual pertence Feliz Natal.
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