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21/10/16 às 18:33

Gestores capacitados para melhorar a gestão da Rede de Sementes do Xingu

Acabou no dia 16 de outubro, em Canarana-MT, o último dos quatro módulos do Programa de Desenvolvimento de Gestores da Associação Rede de Sementes do Xingu (ARSX). O último workshop foi realizado na Chácara Jatobá e contou com a presença dos elos que coordenam os grupos de coletores da Rede. Os quatro módulos foram realizados em diferentes cidades da região Xingu Araguaia neste ano de 2016.

O Programa de Desenvolvimento tratou de vários processos de gestão frente aos desafios da ARSX, contemplando conteúdos que vão do desenvolvimento individual, até educação social e desenvolvimento de gestão. Para isso, contou com o apoio da equipe do Instituto EcoSocial para adaptar e criar abordagens e metodologias que permitam a aplicação de ferramentas no contexto da Rede, conforme a sua diversidade sociocultural.

O elo é um integrante do núcleo ou grupo, que acompanha os pedidos e entregas das sementes, mantém o contato entre o coletor e a Central Administrativa, articula e cuida das relações do seu grupo ou núcleo. Ao todo, a Associação Rede de Sementes do Xingu conta atualmente com 421 coletores espalhados por toda a bacia Xingu Araguaia e, devido ás distâncias e diversidade cultural dos integrantes, são muito importantes para o bom andamento dos trabalhos.

 
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Bruna Ferreira – articuladora e diretora da Rede
Para a articuladora e diretora da Rede, Bruna Ferreira, um dos problemas enfrentados pela Rede está nas relações. “Procuramos identificar onde a Rede tem problemas que a gente precisa resolver e o que identificamos são as relações, porque a gente trabalha com diferentes atores: você tem assentado, indígena, coletor urbano e o coletor rural, então a comunicação é diferente e aí está um desafio para a Rede”.

Bruna destacou, também, que o curso auxiliou os participantes a enxergarem a Rede de Sementes como um todo. “Historicamente sempre estiveram muito envolvidos nas discussões da Rede os elos técnicos e quase nunca os elos locais. Mas esse curso mostrou que a ARSX é uma rede e são os coletores que formam essa rede, onde o elo local tem muita importância como gestor. Esse foi uma passo muito importante, voltado para o grupo”.

A partir das discussões fomentadas nos módulos, já foi decidido que a divisão dos pedidos de coleta de sementes será feito agora pelos elos dentro dos próprios grupos e não mais pela direção. “Nesse último módulo a gente sai com um projeto de aplicação dentro dos núcleos e grupos de coleta, onde cada elo vai trabalhar a sua problemática local. Cada um vai aplicar o que aprendeu no curso lá dentro do grupo”, acrescentou Bruna.

 
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Ana Lucia Silva Souza – da ANSA
Para ajudar nesse processo, os módulos do Programa trabalharam em etapas a biografia dos participantes, a biografia dos grupos e a biografia da Rede, para que todos pudessem compreender onde se encaixam dentro do imenso contexto que abrange a Rede de Sementes do Xingu. “Foi uma sacada muito boa da ARSX esse curso e pretendemos continuar com outros momentos no ano que vem”, complementou Bruna.
 
Ana Lucia Silva Souza é coordenadora do Eixo SócioAmbiental da ANSA, com sede em São Félix do Araguaia-MT. Ela participou dos quatro módulos. “Tem duas coisas muito bacanas que aprendi com o curso: primeiro foi me conhecer mais para depois entender o outro; e o outro ponto é como você, sendo uma gestora, deve conduzir as atividades do seu grupo de coletores, entendendo o outro, mediando conflitos”.
 

Regina Erismann, do Instituto EcoSocial
Para a consultora Regina Erismann, do Instituto EcoSocial, a sensibilidade de se trabalhar em rede é algo novo dentro do nosso contexto. “Em rede você trabalha com muitas pessoas, com muitos locais, mas guarda uma mesma finalidade, um mesmo objetivo, uma mesma missão”. Para a professora, a diversidade de culturas na região é algo muito positivo. “Se você souber dialogar com as diferenças, você se torna muito mais criativo e produtivo”.
 






Angélica Moro do Instituto EcoSocial
A consultora Angélica Moro também é do Instituto EcoSocial. Ela disse que foi muito perceptível o crescimento dos participantes durante o curso. “Agora [último módulo] já percebo que eles estão muito mais atentos com as necessidades individuais dos outros membros do grupo. Até então isso era meio despercebido, era eu no meu mundo. Agora sou eu no papel de gestor, de coordenador de pessoas, de um grupo”.

Angélica destacou que os elos já exerciam um papel de gestor dentro de seus núcleos, mas que isso acontecia de maneira informal. Ela acredita que a partir do curso, eles possam exercer esse papel com mais interação e planejamento. “A gente espera agora que eles consigam resolver seus problemas no grupo em forma de um projeto, com objetivos, em etapas, envolvendo pessoas, com mais planejamento”.

A realização do programa foi uma parceria entre a Rede de Sementes do Xingu, o Instituto Socioambiental (ISA), o Instituto EcoSocial e as organizações que fazem parte da Articulação Xingu Araguaia (AXA), que além do ISA conta também com a Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção (ANSA), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Operação Amazônia Nativa (OPAN).


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A partir de agora os elos irão replicar o que aprenderam junto aos seus grupos de coleta de sementes florestais
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