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27/07/15 às 08:39 | Atualizada: 27/07/15 às 09:27

Jason Abrão locutor da Radio Brasil Central recebe Diploma Cultural

Jason Abrão é radialista desde os 11 anos de idade, tendo começado a labuta ainda no tempo dos alto-falantes. É locutor da Rádio Brasil Central de Goiânia desde 1971, onde apresenta nas manhãs de domingo o programa Goiás Caboclo, muito ouvido e apreciado em todo o Brasil e até no exterior. Natural de Cumari, reside na capital goiana mas acalenta o sonho de um retorno definitivo para sua terra natal. É um dos mais abalizados conhecedores da música sertaneja em todo o Brasil.

Jason Abrão radialista e locutor da Radio Brasil Central, merece todas homenagens, pessoa íntegra de coração e cultura impar na vida sertaneja de Goiás e de todo Brasil! Parabéns Jason!!! Vida longa e saudável meu amigo.

Saiba mais sobre Jason Abrão


Hélio Nascente* / Blog do Hélio / publicado em 2008

Jason Abrão é uma pessoa simples, apesar do enorme prestígio de que desfruta em todo o Brasil, mormente em Goiás, em conseqüência da sua participação em programas de rádio desde a infância. Ele garante ser um prazer enorme registrar as suas origens e se orgulha muito de ser natural da pequenina cidade do sudeste goiano, Cumari. Ele narra que seu pai, José Abrão, era descendente de libaneses. Seu avô habitou na cidade ainda em tenra idade, procedente de Trípoli, no Líbano. Sua mãe, Flora, era goiana de Catalão. A família de Jason Abrão tem uma história, uma afinidade com toda a região do sudeste goiano.

Seu pai teve dois irmãos, Pedro Abrão, pai do ex-deputado Pedrinho e Abdalla Abrão, pai da senadora Lúcia Vânia, além de duas filhas mulheres que residem em Goiânia. Todos foram criados juntos, Lúcia e Jason fizeram o curso fundamental em Cumari na mesma época. Pedrinho nasceu em Goiânia. Sua família é pequena, embora existam muitas famílias ‘Abrão’ descendentes de libaneses. O clã de sua mãe é maior, os Silva Belo, de Catalão, tradicional e muito grande, quase todas as pessoas envolvidas com a terra como sitiantes, pequenos agricultores. São pessoas simples, mas benquistas em Catalão, Goiandira, Nova Aurora, Ouvidor e Três Ranchos. Sua mãe faleceu sonhando em voltar para Catalão, de onde saiu com 11 anos. Embora fosse afeiçoada a Cumari, sempre desejou que o marido voltasse para Catalão em virtude dos laços familiares. Essa a razão pela qual o prestigiado radialista gosta tanto dessa cidade e da região, e Catalão atualmente é um município de prestígio e foi muito bem governado nos últimos oito anos por um primo de Jason Abrão, o prefeito Adib Elias, que transformou a cidade com iniciativas audaciosas e progressistas. É sem nenhuma dúvida uma referência em progresso, economia e liderança política, sendo a cidade-pólo da região da Estrada de Ferro.

Em Pires do Rio, que Jason faz questão de enfatizar ser sua segunda cidade, ele estudou no antigo Instituto Grambery, de 1957 a 1959. Jason gosta de descrever seus familiares: seus irmãos, Adma, Cleide e Pedro, também estudaram em Pires do Rio, para onde se transferiram em 1953. Ele tem uma grande afinidade por todas as cidades da região, como Pires do Rio, Urutaí, Ipameri, Goiandira, enfim, considera todas as cidades da região como uma grande família – a sua família.

Seus irmãos se encontram em Cumari. A primeira é Adma, advogada, viúva do Dr. Décio, criminalista conhecido e bem conceituado no Triângulo Mineiro. Depois vem Cleide, que foi prefeita da cidade por dois mandatos. O terceiro é o fazendeiro Pedro com o qual seu pai insistiu para que estudasse e se formasse, mas ele preferiu a lida com a terra, atividade a que se dedica até hoje. Jason é o seguinte. Segue-se irmão que é fiscal de rendas da Secretaria Estadual da Fazenda, Jacques. Depois é Jales, advogado e fazendeiro; por fim a caçula, Neide, casada também com um português, a exemplo de Cleide e seu esposo é fazendeiro em Cumari. Só Jason vive em Goiânia, à espera do momento oportuno de retornar para sua terra natal.

A esposa do radialista chama-se Hosana, sendo também natural de Cumari. Eles se conheceram ainda crianças, porque quando se mudaram da fazenda para a cidade, ambas as famílias tornaram-se vizinhas e assim os dois jovens praticamente foram criados juntos. Têm três filhos, sendo o primogênito Luciano, que foi radialista como o pai e hoje é advogado e professor universitário; o segundo é Anderson, piloto comercial nos EUA e a última é Vanessa, que vive com os pais em Goiânia.

No rádio
Com 11 anos Jason já estava nos corredores de uma emissora de rádio. Começou no alto-falante da Dona Chica, limpando discos e anotando os oferecimentos musicais. Ele recorda até hoje que seus colegas radialistas, quase sem exceção, começaram também no alto-falante, entre os quais J. Costa e Jerônimo Rodrigues, que ele considera o maior noticiarista do Brasil. Em seguida entrou efetivamente para o rádio, trabalhando na PRJ-3 de Araguari-MG. Com 11 anos já fazia nas pontas pequenos comerciais e daí para ter um programa próprio foi um passo. Começou muito menino e já completou mais de 30 anos só de Rádio Brasil Central, tendo estreado nessa emissora no dia 6 de setembro de 1971. Embora já tenha tido breves passagens por algumas outras emissoras, em todo esse tempo só esteve na Rádio Brasil Central. Jason Abrão em Goiânia jamais falou em outro microfone que não fosse o da RBC. Esteve antes na Rádio Educadora de Goiandira, juntamente com Geraldo Mariano, na Rádio Xavantes de Ipameri, na Rádio Cultura de Catalão, na PRJ3 de Araguari (MG) e na Rádio Danúbio de Cumari, uma emissora que sua família criou e que o regime militar implantado em 1964 fechou de uma forma arbitrária, violenta e até hoje os prejudicados estão tentando na Justiça reaver o prejuízo, pelo menos para compensar em o desaforo que sofreram com o trauma do fechamento da emissora.

Sempre que fala no assunto, o pensamento de Jason Abrão põe-se a vaguear pelo passado e ele conta que a emissora era uma das mais bem montadas do interior do Brasil, porque foi instalada com carinho, sendo uma propriedade da família, mas foi fechada abusivamente, bruscamente. Contudo, ele não guarda mágoa nem ressentimento pelo malfadado desfecho, porque considera que quando uma porta se fecha, muitas outras se abrem e para ele, em termos profissionais, o fechamento da Rádio Danúbio, que funcionou durante cinco anos, abriu novos horizontes. Fiel aos princípios religiosos, Jason tem consciência de que se devem tirar lições da adversidade e foi o que aconteceu com ele e seus irmãos, que, embora não fossem profissionais do rádio, estavam com ele naquele empreendimento, uma emissora bem montada, bem direcionada, com uma programação moderna.

Hoje Jason conta histórias da Rádio Brasil Central, porque nela ele tem trabalhado com muita gente, tendo começado com Moraes César, tendo sido uma espécie de capataz do célebre apresentador, juntamente com Amélio Alves e Gonçalves Lima; posteriormente trabalhou com Barrinha (da dupla sertaneja Silveira e Barrinha) durante seis anos, no programa Onde cantam os Campeões, embora já estivesse apresentando o programa Goiás Caboclo, que era diário, na onda tropical de 60 metros, direcionada só para o interior, depois passou para os sábados e domingos; posteriormente, há mais de 20 anos, aos domingos, das 7h às 10hs. Ao longo do tempo, Jason Abrão tem sido agraciado com vários prêmios de Melhor Programa Sertanejo do Brasil. Quem escolheu e colocou o nome de Goiás Caboclo nesse programa foi Amélio Alves, que não atua mais no rádio, sendo atualmente um dos advogados trabalhistas de maior credibilidade em Goiás. Amélio trabalhava com Moraes César e Jason apresentava seu próprio programa, No Ponteio da Viola, quando Amélio disse que aquele programa tinha uma cara de Goiás, uma cara de arroz-com-pequi, das coisas simples e por isso não poderia continuar com o nome que tinha, sugerindo então que passasse a se chamar Goiás Caboclo. Jason acatou a sugestão e a partir do dia seguinte fez a mudança, em 1978 e continua até os dias de hoje.

“... sem raiz não há tronco, nem caule, nem flor...”Jason se sente suspeito em falar qual a melhor dupla ou trio sertanejo do Brasil, porque ele defende com unhas e dentes a música sertaneja-raiz, raciocinando que sem raiz não há tronco, nem caule, nem flor e muito menos fruto. Assim ele poderia citar dezenas de duplas e trios que fizeram a música sertaneja no Brasil, como Raul Torres & Florêncio, Mariano & Cobrinha – uma das primeiras duplas a gravar a música sertaneja – Tonico & Tinoco – mais de 70 anos cantando – Zico & Zeca, Liu & Léu (esses são quatro irmãos que fizeram muito pela música sertaneja).

Além dessas tradicionais, verdadeiramente de raiz, Jason – com grande conhecimento de causa – fala de duplas mais modernas, e cita uma que ele considera como o divisor de águas da música sertaneja. Refere-se a Milionário & José Rico. Isto porque, até o aparecimento dessa dupla de sucesso, as pessoas da cidade tinham vergonha de ouvir a música sertaneja, não a ouviam em todo ambiente, nas camionetas de luxo. Só as pessoas mais velhas é que ouviam a música sertaneja, a juventude não ouvia e, quando gostava, ouvia às escondidas. Rapazes desligavam o rádio quando uma garota se aproximava, principalmente quando a música era de raiz. Filhos proibiam os pais de ouvirem, com receio de que vizinhos soubessem, porque o ato de ouvir música sertaneja era “coisa de roceiro”. Mas, com o surgimento da dupla Milionário & José Rico, as pessoas passaram a ouvir música sertaneja descontraidamente, sem preconceito. Muitos sucessos são ainda lembrados, como Estrada da Vida, Jogo do Amor e tantos outros da dupla que passaram a rodar nos veículos, nos bares... Por isso Jason considera a dupla Milionário & José Rico de muito valor, pelo fato de ter restaurado o gosto popular pela música sertaneja, que foi expandido, atingindo a todos, sem distinção de classe e origem social, quebrando preconceitos.

“... nada acontece neste mundo sem uma razão”Jason Abrão pode ser considerado como o maior conhecedor da música sertaneja que pontifica em Goiás. E, do alto desse conhecimento, ele gosta de contar uma história que diz respeito a um casal de irmãos muito querido em Goiás e no Brasil.

Ele conta que a grande maioria das pessoas desconhece a origem da dupla de muito sucesso Sandy & Júnior e a razão pela qual os dois jovens têm esse dom natural de tocar e cantar, de fazer festa, de fazer música, de fazer pagode. Eles são filhos do cantor Xororó, cuja esposa é filha de Mariazinha, que foi esposa e fez dupla com o também cantor Zé do Rancho. Eles são netos de Zé do Rancho & Mariazinha, que formaram o Duo Glacial. Mariazinha é filha de Serrinha, que fez dupla com Caboclinho, o qual tem uma história, foi um dos primeiros artistas a gravar música sertaneja e há uma particularidade muito importante, uma curiosidade. Serrinha tocava todos os instrumentos conhecidos, piano, violino, viola, qualquer que se colocasse em suas mãos. Morreu idoso. Fez mais de dez duplas, mas ficou conhecido nacionalmente cantando com Caboclinho, que era seu irmão. Depois a filha de Serrinha se casou com Zé do Rancho e então ele foi cantar com o genro. Juntos, os dois gravaram vários discos e fizeram shows por todo o Brasil. Por isso Jason afirma que, “na música, como na vida, nada acontece por acaso”, digressando sobre a carga de antecedentes artísticos herdada pelos jovens que encantam o Brasil.

Música & linguagem sertanejaNo seu programa de grande audiência por todo o Brasil, Jason fala sempre com absoluta convicção que a música e a linguagem sertaneja são universais. Ele entende do assunto com profundidade. Ele entende que as pessoas, independentemente do local onde moram, dos seus costumes, de suas raízes, de suas tradições, gostam da música sertaneja. No Nordeste a música predominante é o forró, no entanto, centenas de milhares de pessoas de toda a região são ouvintes e acompanham o programa Goiás Caboclo durante a vida toda. Têm um extraordinário conhecimento da música sertaneja de raiz e se comunicam permanentemente, assim como ouvintes do Paraguai, da Bolívia, do Uruguai, enfim, de quase todos os países sul-americanos. Embora a Rádio Brasil Central seja sintonizada no mundo inteiro, é nos países de língua espanhola, principalmente nos hispano-americanos, que ela tem uma audiência maciça, admirável.

Jason Abrão considera-se um homem muito feliz e fala isso com uma sinceridade emocionada. Diz mais, que é um abençoado, iluminado, porque faz o que gosta, dirigido para quem ele gosta, para quem o entende. Para ele o seu programa é curto, são três horas que passam com uma grande velocidade. Simultaneamente ele fala com as pessoas, as pessoas falam com outras pessoas. De repente o programa termina e Jason já fica com saudade para só voltar depois de oito dias.

*Hélio Nascente, editor da Anápolis TV Digital.
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