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21/04/16 às 12:19 | Atualizada: 21/04/16 às 12:26

VIVÊNCIA INTERCULTURAL - Indígenas querem reconectar homem ao universo

Em 1980 o astrônomo americano Carl Sagan declarava que ‘somos todos poeira de estrelas’. Na verdade só surgimos porque outras estrelas morreram há bilhões de anos, espalhando pelo espaço matéria composta de elementos químicos que viriam a nos constituir tempos depois. Belo, não? Mas melhor ainda é ver que a sabedoria dos povos indígenas sente isso mesmo sem estudar astronomia. Prova disso é que, de passagem pela Capital, para o evento de encerramento do projeto “Territórios Criativos Indígenas” onde quatro povos apresentaram, na ação “Aldeia de Vivências”, os resultados da capacitação em vários segmentos, o líder Xavante, Cipassé, contou um pouco sobre como é essa relação dos índios com o céu que os protege. A todo momento fez questão de ressaltar que o homem só pode ser feliz quando finalmente se reconectar com o Cosmo e não ignorar o vasto mundo ao seu redor e o quanto tem feito mal a ele. Só assim vai acordar o universo dentro de si.

Nessa linha surge a ação “Projeto ‘Unhã – Vivência Intercultural da Aldeia Wede’rã”, desenvolvida pelo povo Xavante da aldeia Wede´rã, de Canarana/MT. O projeto tem como filosofia proporcionar ao visitante a oportunidade de vivenciar a filosofia de vida Xavante, que diz: “Somos de uma linhagem antiga, de tempos imemoriais. Sabemos quem somos e para onde devemos ir. É preciso saber andar neste mundo com sabedoria. É preciso aprender o segredo de Ser e Estar no mundo. Pensar, sentir e agir consigo e com os outros de modo que a vida seja leve, alegre, em comunhão com tudo que existe no mundo, no planeta. Que há um caminho longo pra uns, curto para outros… caminhos que nos levam a uma compreensão da nossa existência. Mas, que ao mesmo tempo, muitas vezes não conseguiremos de imediato chegar a uma conclusão.”

Os organizadores da ação na Capital, que tem patrocínio do Ministério da Cultura (MinC), realização da UFMT e apoio do Sesc Mato Grosso e Fundação Uniselva, explicam que o projeto não se trata de ecoturismo ou etnoturismo, mas sim, de uma atividade onde o visitante não é visto como espectador, e sim, como pessoa disposta a compartilhar conhecimentos.

Cipassé esclarece que o pacote inclui diversas atividades que buscam reconectar o homem à natureza e tudo que o cerca. Sobre como encaram a questão do universo e o homem ele diz que os Xavantes, além de caçadores, são povo conhecido como sonhador e vão longe. “Primeiro vamos explicar como as coisas funcionam dentro do cerrado aos visitantes e depois como funcionam dentro do Universo, a lua, as estrelas porque também lidamos com um calendário para explicar isso. Por outro lado, além de mostrar o que está acima também vamos explicar qual é o papel de cada um nesse tecido universal mais próximo que é a natureza”, frisa.

Para ele, a partir da experiência na aldeia as pessoas vão começar a entrar em sintonia com o que está acima de nós e com elas mesmas. “Dormir na oca ou na rede vendo as estrelas, a lua, vai fazer com que sintam isso porque, aqui na cidade, a correria já tomou conta das pessoas, o estresse, o medo de olhar o céu e por isso começa a ficar assim, cego ao que está ao redor”, lamenta.

Serviço - Quem quiser viver esta experiência e começar a ver a lua e as estrelas pela ótica dos indígenas de Mato Grosso ao invés de trânsito e correria, basta acessar o site Territórios Criativos MT onde podem comprar pacotes do projeto e, novamente, se integrar!
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