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16/07/15 às 19:43

O Globo destaca belezas do Pantanal de MT

Os versos do poeta cuiabano Manoel de Barros (1916-2014) ajudam o turista sem palavras a traduzir a sensação de estar em meio à maior planície alagável contínua no mundo, declarada Reserva da Biosfera e Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco:

“No Pantanal ninguém pode passar régua. Sobremuito quando chove. A régua é existidura de limite. E o Pantanal não tem limites”.

Estar no Pantanal é amanhecer com o sol, despertar com o canto dos pássaros. Respirar o ar puro e se esquecer da correria das grandes cidades. O importante aqui é saber a que horas as araras vão pousar nos buritis, onde fazem seus ninhos. É passar longos minutos observando como são harmoniosas as cores dos tuiuiús, o pássaro-símbolo da região, e como é perfeito o pouso do gavião. É tentar adivinhar para onde olham os jacarés, e como é curioso o fato de as capivaras andarem sempre em conjunto. É ter receio até de adormecer no carro para não perder a aparição de um novo animal no meio da estrada, de um tipo novo de árvore ou de um pássaro no céu.

A experiência pode variar, dependendo da época em que a região é visitada. A estação da seca ocorre de maio a novembro quando as águas baixam, formando baías. É a época para admirar a fauna e ver de pertinho os jacarés, capivaras e ariranhas, além das muitas espécies de pássaros que procuram seus alimentos e dos rios repletos de pacus, dourados, pintados e outras peixes típicos.

De dezembro a abril, na estação da cheia, as águas avançam sobre os campos, no desabrochar espetacular da flora. Começam a surgir, aí, os animais de grande porte como os cervos pantaneiros, os tamanduás e as antas.

Os números impressionam: os 220 mil km² de área divididos entre três países — Brasil, Bolívia e Paraguai — abrigam 3.500 espécies de plantas, 650 de aves, 300 de peixes, 95 de mamíferos, 41 de anfíbios e 50 de répteis.

São três cidades que levam ao Pantanal: Cáceres (onde ficam as onças-pintadas), Barão de Melgaço e Poconé. Esta última é um município de 234 anos, com população de 29.970 pessoas, e famosa por sua típica a Dança dos Mascarados. É considerada o portal de entrada para o Pantanal: são 10km do centro até a MT-060, conhecida como a Transpantaneira.

Cruzar a estrada exige cuidados. Seus 145km ligam Poconé a Porto Jofre, na beira do Rio Cuiabá, na divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Andar por ela é como estar num safári: a qualquer momento um animal pode surpreender o viajante. Além disso, a estrada é conhecida por suas pontes: são 125 pontes de madeira ao longo do percurso.

Para um almoço tradicional,a boa é parar em um dos hotéis-fazendas da região e experimentar os peixes típicos de água doce (pacu e pintado são os hits, e deliciosos!) acompanhados de farofa de banana-da-terra. O caldo de piranha, outro peixe comum naquelas águas, é uma aposta que também vale a pena.

RESISTINDO AO SONO
No Pantanal, o segredo é ter disposição. Acordar em torno das 5h, 6h para acompanhar o nascer do sol em um passeio de barco e se encantar com a presença de tuiuiús, gaviões, garças, biguás, emas e marrecos. Observar as plantas aquáticas que floreiam. E resistir ao sono, mais tarde, para se concentrar na focagem noturna.

Nessa atividade, picapes e caminhões adaptados percorrem diferentes trajetos para flagrar os animais em seu habitat. Vista um casaco para se proteger das mudanças bruscas de temperatura e dos mosquitos, fique atento e se deixe levar: você pode ter um encontro especial com os cervos do Pantanal, os macacos, as araras...

MUITOS PANTANAIS EM UM
O complexo do Pantanal é composto por um bioma de savana estépica alagadiça que cobre os estados do MT e MS, além da Planície do Chaco boliviana e da porção norte do Paraguai. Também chamada de Território das Belezas, a região se divide entre Pantanal Sul (Pantanal Maior) e Pantanal Norte (Pantanal Amazônico). Aí, subdivide-se de sete a 12 áreas, segundo critérios variáveis. A nomenclatura “sete pantanais” (Paiaguás, Corumbá, Nhecolândia, Abobral, Rio Negro, Miranda e Nabileque) é usada para classificar sub-regiões do Pantanal Sul. Também há a divisão por critérios físicos entre áreas sem alagamento periódico, campos inundáveis e ambientes aquáticos. O Pantanal Norte abrange três cidades, Barão de Melgaço, Cáceres e Poconé. Há um projeto do Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP) para unificar a regionalização da área, explica Augusto Neto, professor de geografia do Colégio PH.

SERVIÇO
Araras Eco Lodge. A partir de duas noites, por R$ 1.645 por pessoa, pensão completa e duas ou três atividades diárias com guia. Estrada Parque Transpantaneira, Km 32 (araraslodge.com.br).
Pantanal Mato Grosso. Diárias a partir de R$ 485 por casal, com pensão completa, passeio de barco e uma hora de cavalgadas incluídos. Rodovia Transpantaneira Km 65, Poconé (hotelmt.com.br/pantanalmatogrosso).
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