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07/03/21 às 13:38 | Atualizada: 09/03/21 às 20:10

Araguaia – Aqui não é Brasil (I)

Isso mesmo. muito embora o título seja agressivo, provocante e preocupante: o Araguaia não é  Brasil, e a decisão da juíza federal Danila Gonçalves de Almeida, de Barra do Garças, conscientemente ou não, é parte da cristalização da afirmativa do título. Não perguntem se alguém tomou essa porção do país de Juscelino Kubitschek, pois embora houvessem pressões nesse sentido, foi a própria nação que deu uma banana pra região de Norberto Schwantes e Valdon Varjão, quando em  13 de setembro de 2007, a mando do presidente Lula da Silva, a diplomacia do Itamaraty chancelou a aprovação da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

A declaração dá autonomia territorial, econômica, política, social e cultural aos povos indígenas mundo afora, mas o texto do Blog focaliza apenas o Vale do Araguaia. Em 46 capítulos o documento da ONU aprovado por 143 estados e que mais tarde recebeu mais duas adesões, dentre outras prerrogativas assegura que, Toda a pessoa indígena tem direito a uma nacionalidade.

Não confundam nacionalidade com naturalidade.

Nacionalidade é o país onde o indíviduo nasceu. Naturalidade é seu município. O Vale do Araguaia é permeado por grandes áreas indígenas, sendo que algumas formam bolsões territoriais. Sem pressa e bem discreto o tentáculo internacional não apaga a chama da expansão das reservas dos povos aldeados.

Basta um cacique ou outro líder indígena estalar o dedo em defesa de seu território pra que a ONU envie de imediato seus boinas azuis. para área limítrofe com o Brasil. Essa a realidade com a qual conviveremos no dia em que o Estado Brasileiro se recusar a promover desintrusão como a que ocorreu em dezembro de 2012 e que demoliu a vila de Estrela do Araguaia, mais conhecida como Posto da Mata, para a cristalização da Terra Indígena Marãiwatsédé nos municípios de Alto Boa Vista, São Félix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia e, onde, coincidentemente ou não, as rodovias federais 158 e 242 se cruzam.

A Europa feudal, os Estados Unidos capitalista, a China cirúrgica e a Rússia ambiciosa  não se recusariam a engrossar as forças da ONU em socorro ao cacique. Todos, além de seus interesses em desmontar a grande nação do Hemisfério Sul, têm em seus menus de argumentos pra consumo da opinião pública do planeta, que uma nação não se forma somente por sua dimensão, mas, sobretudo, por sua origem étnica e ou cultural podendo citar dentre outras, a Albânia, com 27.400 km²; Armênia, com 29.743 km²; Israel, com 22.72 km² incluindo áreas invadidas; Mônaco, com 2,02 km²; Tonga, com 747 km²; País de Gales, com 20.779 km²; Kuwait, com 17.818 km²; Holanda, com 41.528 km²; Iêmen, com 527,968 km² e a Suíça, com 41.285 km².

O Vale do Araguaia não tem força política para reverter a infeliz conjugação de interesses sobre sua área ou parte dela, mas de modo a invabilizar o remanescente. Mato Grosso permanentemente vira as costas ao povo que ali reside e o Brasil sequer consegue entender a essência da terra de Irmã Vita.

Em suma, ao estipular prazo de um ano, a contar de 19 de janeiro deste ano de 2021, para o fim da execução de obras de conservação e o tráfego no trecho da rodovia BR-158 na Terra Indígena Marãiwatsédé, a juiza Danila Gonçalves, em nome da lei e sem desrespeitá-la, apertou um botão do conjunto de botões que transformará o Araguaia num emaranhado de repúblicas indígenas, o que fatalmente retirará aquela região do mapa do Brasil.
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