Imprimir

Imprimir Notícia

20/12/20 às 11:24

Tartarugas albinas raras nascem em projeto de conservação no Tocantins

O projeto de conservação Quelônios, que cuida da preservação das tartarugas-da-Amazônia no rio Araguaia, registrou um fenômeno raro este ano. Os ovos que começaram a eclodir em vários pontos do rio vieram com vários filhotes albinos. Os animais, completamente brancos, chamam a atenção em meios às areias na margem dos rios.
 
Os biólogos estimam que apenas um a cada dois milhões de filhotes de tartaruga nasce albino. Este ano, o projeto Quelônios espera o nascimento de até 100 mil tartarugas em todo o rio na região do Tocantins. Atualmente 1.654 Ninhos são monitorados pelos agentes, mas a projeção indica que há pelo menos outros 500 que ainda não foram identificados.
 
É de barco que os agentes chegam até as regiões onde as tartarugas se reproduzem. O rio faz a divisa do Tocantins com o Pará. A região é monitorada por meses antes dos ovos começarem a abrir.


Tartaruga albina nasceu no projeto Quelônios — Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
 
"É uma espécie que no passado ela sofreu bastante em termos de ameaças, né, com suas populações naturais. Pela retirada de indivíduos, através da caça, pela coleta de ovos e de filhotes também nas praias. Então esse projeto tem uma importância enorme em tentar recompor, recuperar essas populações em locais que sofreram e ainda sofrem essa pressão", diz o professor e pesquisador Thiago Portelinha, da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
 
Este ano, o projeto teve um desafio extra para se manter, já que a vinda de voluntários de outras partes do país, comum em anos anteriores, não foi possível. Mesmo assim, o número de novas tartarugas deve ser recorde.
 
Sobre os filhotes albinos, uma preocupação é que eles têm chances de sobrevivência na natureza reduzidos. O casco branco acaba refletindo a luz e chamando a atenção de predadores.
 
Outro desafio do projeto é que este ano as tartarugas adultas migraram por causa de queimadas entre setembro e outubro e colocaram os ovos em novas praias. Como a areia do local é mais fina, os ninhos acabaram sendo um pouco mais profundos que o normal, o que pode dificultar a saída dos filhotes para o rio.
 
Tartarugas albinas são raras e têm menores chances de sobrevivência — Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
Tartarugas albinas são raras e têm menores chances de sobrevivência — Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
 
"Essa mudança no meio ambiente interferiu nas covas. Por exemplo, tem umas covas que estão mais profundas. Tem covas que nós marcávamos 55 dias e agora nós estamos marcando covas eclodindo com 60 dias. Então houve uma mudança muito grande em relação a 2019, 2020", diz o gestor do Parque Estadual do Cantão , Adailton Fernandes Glória.
 
"A gente trabalha por amor, pela conservação. Todo mundo que tá aqui dá o seu sangue. A gente levanta quatro e meia da manhã pra trabalhar. Faça sol ou faça chuva nós estamos aqui, fazendo a nossa parte", afirma o coordenador programa Quelônios, Wilson Júnior.
Imprimir