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04/12/20 às 08:54 | Atualizada: 04/12/20 às 09:21

Eclipse solar em 14 de dezembro de 2020

Em 14 de dezembro próximo ocorrerá um eclipse total do Sol que será visível apenas numa estreita região do Pacífico, passará por uma pequena área do Chile e Argentina e alcançará uma faixa do Atlântico.  Apenas um eclipse solar parcial poderá ser observado em quase todo o Brasil.  

Um eclipse solar (ou ocultação do Sol) ocorre quando a Lua, na fase nova, passa à frente do Sol durante o seu movimento de translação em torno da Terra. Isso ocorre quando o Sol, a Lua e a Terra encontram-se alinhados (ou quase) no plano que contém o Sistema Solar.

A sombra que a Lua projeta no espaço é composta por uma faixa mais escura, a umbra, e uma mais clara, a penumbra. Os moradores de lugares que são alcançados pela umbra observam um eclipse solar total e, os atingidos pela penumbra, um eclipse solar parcial.

A estreita faixa na superfície da Terra em que o eclipse solar total pode ser observado tem menos de 270 km de largura e é denominada “caminho do eclipse”. A 3000 km, no máximo, de cada lado desse caminho ocorre um eclipse solar parcial.

Nesse eclipse solar as regiões mais ao sul do nosso país estarão favorecidas por estarem mais próximas à pequena faixa na superfície terrestre onde ocorrerá o eclipse solar total. Cidades   brasileiras localizadas mais ao norte não observarão esse evento astronômico.  As capitais da região norte: Belém, Boa Vista, Macapá, Manaus e Palmas não observarão o fenômeno. Mas, este poderá ser observado em Rio Branco. Em Porto Velho, será difícil a sua observação porque apenas uma pequena fração do disco solar, quase nada, estará eclipsado. Das capitais nordestinas apenas Aracaju, Maceió e Salvador poderão observar, com um pouco de dificuldade, o eclipse parcial do Sol. Em Recife, será difícil a observação porque o escurecimento do disco solar será quase nulo. Porém, ele será observado em Brasília e em todas as outras capitais brasileiras.

É difícil fazer uma previsão geral sobre um eclipse solar porque existem variações nos lugares   e nos horários onde este poderá ser acompanhado. O ideal é fazer uma previsão para cada local, o que é impossível num texto de divulgação. Alguns sítios, como o da NASA (“National Aeronautics and Space Administration”), fornecem mapas onde um determinado observador pode obter informações a respeito da visualização desse fenômeno no local onde mora.

No Brasil, abaixo de uma linha imaginária que passa ao norte de estados das regiões norte, centro-oeste e nordeste, um eclipse solar parcial poderá ser observado. Naturalmente, dependerá das condições climáticas locais no dia.  Como exemplo, em Porto Velho dificilmente ele será visualizado, porém, em Vilhena, localizada mais ao sul do Estado de Rondônia, ele poderá ser observado. Em Mato Grosso, cidades situadas mais ao norte como Alta Floresta, Aripuanã e Guarantã do Norte, entre outras, não poderão observar esse eclipse parcial do Sol, porém, ele será observável em Cuiabá, e, as localidades mais ao sul do estado, como Rondonópolis, terão uma melhor visibilidade do fenômeno.

A tabela a seguir  apresenta  a previsão do horário local  do eclipse parcial do Sol para algumas capitais, com margem de erro de, mais ou menos, um minuto. As colunas 1, 2 e 3 indicam o horário local  do início, do máximo e do final do eclipse, respectivamente.

Normalmente o observador quer saber quanto o Sol ficará escurecido;  ou, obscurecido; ou, ofuscado; em sua cidade. Duas grandezas matemáticas  indicam o escurecimento do Sol num eclipse. Uma delas indica a fração do diâmetro do disco solar que é encoberto pelo disco da Lua e é denominada  magnitude. A outra, a fração  da  área do Sol que é ofuscada pela Lua, chamada de obscurecimento.  Em ambos os casos as medidas são feitas considerando o máximo do eclipse solar no local. Como são definições matemáticas distintas essas grandezas fornecem valores diferentes para o escurecimento, mas a diferença entre elas não costuma chegar a 12%  e é difícil de ser detectada a olho nu. Ambas podem ser usadas indistintamente como uma medida do escurecimento do disco solar num eclipse.  O obscurecimento costuma ser mais usado porque  a palavra magnitude também é usada para representar o brilho aparente de um astro, como por exemplo, o brilho aparente de uma estrela. Valores para a magnitude (mag) e o obscurecimento (obsc) estão apresentados nas colunas 4 e  5 da tabela. Ambos os valores são calculados  para o horário máximo do eclipse solar.
                                                                                                                                                                               
Norte
CIDADE INÍCIO MÁXIMO FINAL MAG OBSC
Rio Branco/AC 09:59:36 10:40:23 11:23:33 8,7% 3,1%
Porto Velho/RO* 11:43:08 11:54:00 12:04:58 0,5% 0,1%
 
Nordeste
CIDADE INÍCIO MÁXIMO FINAL MAG OBSC
Aracaju/SE 13:58:00 14:34:26 15:08:07 8,8% 3,1%
Maceió/AL 14:07:53 14::37:45 15:05:42 6.2% 1,8%
Recife/PE* 14:22:53 14:39:58 14:56:24 2,1% 0,03%
Salvador/BA 13:43:57 14:30:27 15:12:42 14% 6,1%
 
Centro-oeste
CIDADE INÍCIO MÁXIMO FINAL MAG OBSC
Brasília/DF 13:05:42 14:03:07 14:55:55 17,3% 8,5%
Campo Grande/MS 11:24:54 12:39:59 13:51:27 31,9% 20,7%
Cuiabá/MT 11:33:54 12:32:35 13:29:37 16,6% 7,9%
Goiânia/GO 12:56:58 13:58:25 14:55:07 19,8% 10,3%
                                                                                                                                                                                            
Sudeste
CIDADE INÍCIO MÁXIMO FINAL MAG OBSC
Belo Horizonte/MG 13:02:43 14:13:40 15:17:02 32,2% 21%
Rio de Janeiro/RJ 12:57:11 14:14:15 15:22:41 42,2% 30,9%
São Paulo/SP 12:45:31 14:04:56 15:16:28 42,7% 31.5%
Vitória/ES 13:11:37 14:22:31 15:25:09 35,6% 24,3%
 
 
Sul
CIDADE INÍCIO MÁXIMO FINAL MAG OBSC
Curitiba/PR 12:33:59 13:57:01 15:12:57 48,2% 37,3%
Florianópolis/SC 12:33:14 13:58:25 15:16:07 55,3% 45,4%
Porto Alegre/RS 12:23:13 13:50:46 15:12:07 62,9% 54,4%
 
 
Um eclipse solar tem uma particularidade: começa em pontos diferentes da esfera terrestre em horários diferentes. Por isso, observadores em diferentes locais têm uma diferente visão do fenômeno. Como exemplo são mostradas figuras de como algumas cidades brasileiras visualizarão o eclipse solar parcial no instante em que ele será máximo localmente. Em Cuiabá o escurecimento começará à direita do disco solar, seguirá por uma pequena faixa na parte de baixo do disco solar, e, por fim, passará para o lado esquerdo do Sol, quando atingirá o seu máximo. Nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, o fenômeno será observado mais facilmente quando estiver próximo ao horário do máximo.  Em Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) , o máximo ocorrerá às 12:16:38, e, em Vilhena (RO), às  12:13:51.

O próximo eclipse solar que será visível no Brasil ocorrerá em 14 de outubro de 2023 e será um eclipse solar anular, ou anelar. Nesse tipo de eclipse o disco solar fica quase todo coberto pela Lua, exceto por suas bordas, e o fenômeno  é conhecido como “anel de fogo”. É um espetáculo no céu muito bonito. O eclipse solar anular será visível numa faixa que passará pelo Brasil e cortará alguns estados do norte e nordeste. Moradores de duas capitais brasileiras, Natal e João Pessoa, conseguirão observar o fenômeno. Moradores de outras capitais, como Manaus, por exemplo, só observarão um eclipse solar parcial, mas o eclipse solar anelar será visível em cidades ao sul do Amazonas, como na região de Canarana, por exemplo, e, além do Amazonas, em outras localidades dos estados do Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e  Pernambuco (Araripina, como exemplo). Ao contrário do eclipse solar de 14 de dezembro próximo, nesse eclipse do Sol a região do Brasil mais ao norte será privilegiada.

É sempre importante lembrar que a observação de um eclipse solar exige cuidados especiais. Nunca observe o Sol diretamente sem equipamentos apropriados.  Conforme já escrito  anteriormente, “a observação de um eclipse do Sol sem um filtro solar apropriado pode queimar a retina e causar cegueira, ou, a destruição do campo visual. Quem não tiver um equipamento adequado não deve observar o fenômeno! Jamais use telescópios, binóculos e máquinas fotográficas sem um filtro solar para a observação de qualquer evento relacionado ao Sol.

Uma outra opção para a observação direta do disco solar – citada por vários sítios de divulgação de Astronomia – é a utilização de um vidro de máscara soldadora número 14, no mínimo. Mas, mesmo com um equipamento apropriado, não se deve observar o Sol por mais de 15 segundos por vez e é necessário intercalar mais de um minuto entre as observações.”
 
Agradecimento: aos sítios “timeanddate.com”  e NASA (“National Aeronautics and Space Administration”) de onde foram extraídas informações usadas neste texto..


* A autora Telma Cenira Couto da Silva é doutora em Astronomia (IAG – USP),  professora aposentada da UFMT e colaboradora do site AguaBoaNews.

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