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30/09/20 às 19:30 | Atualizada: 01/10/20 às 08:53

Sindicalista negro toma posse na AL e é quebra falta de representatividade de 12 anos: 'Luta por trabalhadores e minorias de MT'

Com a posse do primeiro-suplente de deputado estadual, Henrique Lopes (PT), substituto de Valdir Barranco (PT), que se licenciou da Assembleia Legislativa para se candidatar ao Senado, o Parlamento quebra o período de 12 anos sem um representante negro. Para os próximos dois meses, Henrique projeta ser “a voz” das minorias dentro da AL-MT na discussão de políticas públicas. O professor e sindicalista toma posse hoje (30). 
 
De acordo com assessoria da AL-MT, a última vez em que uma pessoa negra ocupou uma das 24 cadeiras do Parlamento foi em 2008, quando chegou ao fim o mandato da professora Vilma Moreira. Em 20 anos, o Henrique é o terceiro da Casa. Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 28,9% dos deputados estaduais 42,1% dos vereadores eleitos em 2016 no Brasil eram pretos ou pardos. 

“Em 2018 foram eleitos 27 governadores, nenhum deles era negro. É uma equação muito simples: menos negros ocupando espaços políticos e de liderança, significa mais esquecimento. Nosso lugar é ocupando os plenários. Nos tribunais, mas como magistrados e não réus. É escancarando que muitos pretos estão longe de ocupar espaços de poder, apenas por não terem condições disso por estarem nas periferias, que vamos provocar novas políticas públicas”, explicou.  


Foto: Fabiano Rodrigues via site RDNews

Luta pelos trabalhadores

Henrique substituirá Barranco até o fim do processo eleitoral e pretende lutar pelos trabalhadores, bem como das minorias, como indígenas, quilombolas, sem-terra e pantaneiros. A atuação de Henrique, que por duas gestões esteve na presidência do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep-MT), maior órgão sindical de Mato Grosso, também terá a educação como um dos pilares dos temas propostos na AL-MT. 

“Como professor da rede pública estadual de ensino, sempre lutei por educação pública, gratuita, laica e de qualidade. É uma trajetória de luta que me credenciou a concorrer a uma das vagas da Assembleia Legislativa. Esse mandato é a concretização de um sonho construído coletivamente. Vamos defender de forma intransigente o direito dos trabalhadores”, afirmou. 

Para os objetivos a serem cumpridos durante atuação na AL-MT, o suplente de deputado estadual pretende lutar pelos direitos dos servidores públicos do Estado. “Temos um cenário de retirada de direitos a nível Federal que tem sido replicado em Mato Grosso, em algumas decisões até antecipadas pelo Governo Estadual. A valorização salarial dos servidores do Estado foi praticamente esquecida pelo governador Mauro Mendes. Penso que o Parlamento tenha que levantar a voz em torno disso e serei o porta-voz para exigir que enxerguem o trabalhador”. 

A Lei 510/2013, conhecida como Lei da Dobra do Poder de Compra dos Profissionais da Educação, também é um dos debates que Henrique pretende acender na AL-MT. Para ele, a lei, que garante política justa de reajuste anual da inflação mais recomposição, para aumento real de 100% dos salários dos profissionais da Educação no período de 10 anos foi esquecida. Iniciado em 2014, ela deveria ser cumprida até 2024. No entanto desde 2015 a legislação não é cumprida. 
 
“Precisamos também trazer à tona os debates sobre a Revisão Geral Anual (RGA) dos servidores públicos. A luta é por um Estado com políticas públicas sólidas para Educação, Saúde e Segurança, que também devem ser voltadas para a diversidade cultural e social da nossa população, com atenção às mulheres, a comunidade LGBTQI+, negros e idosos. Para isso precisaremos da união de todos e todas”.
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