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15/08/20 às 11:51 | Atualizada: 15/08/20 às 12:08

Gestantes devem tomar cuidados com medicamentos

A gravidez é um período especial na vida de qualquer mulher. Porém, também é um período que exige cuidados. A maioria das mulheres quando descobre a primeira gravidez, começa a ter uma avalanche de dúvidas, e claro é super normal, pois ninguém nasce sabendo.

Durante os nove meses (40 semanas) da gestação, a futura mamãe precisa tomar alguns cuidados com a alimentação, com medicamentos e com as atividades físicas, entre outras coisas. 

Neste dia 15 de agosto é comemorado o ‘Dia da Gestante’ e para falar sobre isso, o Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso (CRF-MT), entrevistou a farmacêutica, Francieli Delfino Mota que trabalha em uma Maternidade aqui de Cuiabá..



Francieli Delfino Mota é formada em Farmácia pela Universidade de Cuiabá (UNIC), pós-graduada em Gestão em Saúde Pública e Políticas Sociais pelo ICE e Residente em Gestão Hospitalar para o Sistema Único de Saúde (SUS), pelo Hospital Universitário Júlio Muller (UFMT/EbSerh).

A gestante pode passar creme contra estrias nos seios?

Sim, a gestante pode utilizar produtos como cremes e óleos com o devido registro nos órgãos reguladores, como a ANVISA, para a prevenção de estrias. Eles podem ser passados nos seios, porém deve-se evitar passar na região das auréolas e mamilos.

As gestantes podem fazer uso de analgésicos?  

Os analgésicos podem ser utilizados durante a gravidez, porém deve-se evitar o uso no primeiro trimestre de gestação. Seu uso deve ser realizado com extrema cautela e com o acompanhamento de um profissional da saúde, que irá estabelecer a dosagem máxima diária indicada e segura para a paciente, sem que haja prejuízo ao feto.

É permitido o uso de medicamentos?

Existem diversos medicamentos que são indicados durante a gravidez, como os multivitamínicos e antianêmicos, utilizados desde o princípio. O uso de diversos fármacos durante o período gestacional irá depender da condição da gestante, como exemplo, manifestações clínicas inerentes à gravidez, doenças crônicas pré-existentes (hipertensão e diabetes) e/ou intercorrências que possam vir a ocorrer, ou seja, dependerá do quadro em que ela se encontra, possa apresentar ou desenvolver ao longo do período, porém, devem ser utilizados com cuidado, segurança e de forma racional para melhorar a condição, patologia ou sintomas que a gestante possa apresentar, a fim de evitar maiores danos.

E sedativos, anti-inflamatórios e antibióticos?

Os medicamentos sedativos devem ser evitados durante a gravidez, pois podem provocar abstinência no feto, bem como na amamentação devido provocar efeito de sedação em ambos, feto e lactante.

Anti-inflamatórios são os medicamentos mais comumente utilizados pela população por sua popularidade e fácil acesso, devido ao fato de ser isento de prescrição médica, o que facilita a aquisição e automedicação, prática que pode se tornar abusiva e prejudicial à saúde de todos. No momento da gestação deve-se ter um olhar importante acerca deste grupamento farmacológico, pois seu mecanismo de ação no organismo da gestante pode refletir em alterações na vida intrauterina do feto. Desta forma, mesmo sendo tão popular e aparentemente isento de causar prejuízos, deve ser utilizado mediante orientação de profissional capacitado e utilizado apenas em situações emergenciais as quais não se tem outro recurso para combater o sintoma apresentado.

Os antibióticos ultrapassam a barreira placentária e tem a capacidade de chegar até o feto, assim, seu uso durante o período gestacional deve ser questionado, ponderado e feito de maneira cautelosa. O prescritor deverá optar por uma classe de antimicrobiano que provoque menores ou nenhum dano ao feto e garanta a eficácia no tratamento para a gestante, levando em consideração principalmente a concentração de fármaco que será ingerida pela paciente. Portanto, para se proporcionar maior segurança a ambos, deve-se optar por uma classe medicamentosa com segurança previamente estabelecida, e o uso só deve ser realizado quando seu benefício for superior ao risco apresentado em relação ao feto.

Remédios para tirar a dor são inofensivos?

Nenhum fármaco pode ser considerado “inofensivo”, visto que são substâncias químicas, de origem sintética ou natural (fitoterápicos) que irão influenciar no funcionamento do corpo humano, pois é algo exógeno que está sendo ingerido, absorvido e distribuído em nosso sistema corporal com a finalidade de modificar, aliviar ou tratar alguma patologia ou sintoma sentido pelo organismo em questão. Muitos deles estão atrelados a um ou mais efeitos adversos, e cada organismo reage de uma forma mediante a administração de um medicamento, podendo ter reações positivas ou negativas (muitas destas, previstas em bula).

Usar medicamentos fitoterápicos faz mal?

Medicamentos fitoterápicos, aqueles advindos de plantas medicinais, bem como os alopáticos (medicamentos industrializados) também podem ser prejudiciais à saúde se utilizados de forma incorreta. No caso de gestantes deve-se evitar a ingestão de determinados fitoterápicos, pois alguns destes podem induzir ao aborto na fase inicial da gestação, como alguns chás, muito conhecidos pela população. Deve-se lembrar também que o uso de medicamentos, seja qual for sua origem deve ser realizado mediante orientação de um profissional de saúde capacitado, o qual irá indicar a dose e a forma correta de administração do medicamento para a paciente.

Quais as complicações que o uso de medicação na gestação?

De acordo com o FDA (Food and Drug Administration) – órgão regulador de saúde Americano, existe uma classificação para os medicamentos utilizados no período gestacional. A classificação ocorre por categorias de risco farmacológico, como: Grupo A – fármacos utilizados por muitas gestantes que não provocam danos ou lesões ao feto; Grupo B – fármacos sem nenhuma evidência de riscos em humanos; Grupo C – risco potencial, sem estudos positivos que demonstram riscos em humanos ou em animais; Grupo D – fármacos com evidência positiva de riscos para o feto; Grupo X – fármacos contraindicados na gravidez. Desta forma, deve-se analisar os riscos e benefícios da utilização de fármacos tanto para a mãe como para o feto, procurando uma droga que possa atender as necessidades da gestante, sem prejudicar o desenvolvimento do feto e evitar uma possível teratogenicidade, por isso a importância de um acompanhamento de pré-natal ativo e uma prescrição consciente e segura.

Quais os grupos farmacológicos que as grávidas devem ter mais atenção?

Deve-se dar uma atenção especial ao uso de analgésicos opioides, antidepressivos, anticonvulsivantes e miorrelaxantes durante a gestação, principalmente no primeiro trimestre, pois estudos apontam para malformações congênitas, bem como problemas cardiovasculares que o feto pode vir a apresentar devido ao uso de drogas pertencentes a este grupamento farmacológico.

Todos os grupos farmacológicos são perigosos na gestação?

Medicamentos dos grupos Retinóides, antimicrobianos da classe das Tetraciclinas, Metotrexato, Talidomida e o Misoprostol são potencialmente perigosos na gestação, pois apresentam evidências de teratogenia comprovadas.

Qual fonte as grávidas devem pesquisar antes de tomar um medicamento?

O ideal é não realizar a automedicação, principalmente no período gestacional. A forma mais segura de utilizar medicamentos é consultar um profissional da saúde previamente como um médico ou farmacêutico que são capacitados a realizar tal orientação, indicação ou prescrição de medicamento, preconizando sobre sua forma de administração, dosagem correta, posologia e possíveis efeitos adversos que possam ser apresentados com o uso de fármacos.
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