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02/07/20 às 12:17

Lideranças indígenas do Mato Grosso coletam 103 mil assinaturas por testes de Covid-19

Lideranças de povos indígenas do Mato Grosso lançaram um abaixo-assinado online para pedir que o Ministério da Saúde disponibilize testes para detecção do novo coronavírus nas aldeias do Estado, onde pelo menos 22 indígenas já morreram da doença. A petição, aberta na plataforma Change.org, reúne mais de 103 mil assinaturas. Em um período de apenas 24 horas, entre sexta (26) e sábado (27), nove indígenas da etnia Xavante faleceram. 
 
“A história nos mostra que epidemias já dizimaram comunidades inteiras. Agora, vivemos sob o risco de uma ameaça que tem alertado o mundo todo: a pandemia da Covid-19, inimigo invisível que já chegou e se avança em nossas terras. Tememos que um novo genocídio esteja em curso nos territórios indígenas, por isso lutamos e reivindicamos que o Estado brasileiro cumpra com o seu papel e nos proteja”, pedem no abaixo-assinado.    
 
A campanha foi criada por duas lideranças indígenas - o psicólogo Soilo Urupe Chue, representante da regional Vale do Guaporé do povo chiquitano, no oeste do Mato Grosso, e a mestranda em Direitos Humanos Kaianaku Kamaiurá, que pertence ao povo Kamaiurá, que vive no Alto Xingu. A mobilização ainda é apoiada por Cristian Wariu, que é do povo Xavante e integra a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT).
 
Segundo dados divulgados no último domingo (28) pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), o novo coronavírus já atinge 114 povos nativos. Mais de 9,4 mil indígenas foram infectados e 380 mortos. “Essa pandemia está se espalhando rapidamente entre os nossos povos, especialmente aqueles que vivem em áreas mais afastadas. Precisamos de testes para detectar e isolar os casos o quanto antes”, diz Kaianaku na petição. 
 
Ainda no abaixo-assinado, Soilo Urupe Chue pede que testes rápidos da Covid-19 sejam providenciados, com urgência, nos polos base de saúde e nas aldeias. A população indígena do Mato Grosso está estimada em 50 mil pessoas, que se distribuem em 86 terras. Do total, 22 mil pertencem ao povo Xavante, que se concentra em nove regiões do Estado. 
 
“Sempre lutamos por nossa sobrevivência, contra o avanço de grileiros, garimpeiros e madeireiros em nossos territórios. Batalhamos pela demarcação de nossas terras, por respeito ao nosso povo e contra políticas que matam os direitos humanos. Agora, além de tudo isso, ainda precisamos brigar contra a ameaça da Covid-19”, destacam na mobilização. 
 
Cristian, que atua na FEPOIMT para articular a política de defesa dos interesses e direitos indígenas, explica que um dos maiores temores é quando os indígenas precisam sair de seus territórios para buscar alimentos e medicamentos. O medo é que eles contraiam o vírus e retornem infectados para as aldeias, espalhando a doença aos demais. “A realização de testes é a única forma de controlar e impedir ainda mais o avanço da doença”, finalizam.  
 
Link da petição: http://change.org/PovosIndigenasProtegidos 
 
Movimento contra o coronavírus
 

A petição que pede proteção aos povos indígenas foi inserida em um movimento, criado pela Change.org, para dar mais visibilidade às campanhas que tratam de assuntos relacionados à pandemia do novo coronavírus. A página conta com 277 petições online, que engajam um total de 7,3 milhões de assinaturas, em torno de ações contra a pandemia.    
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