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30/04/20 às 08:48

BR-153: Ponte que liga Pará a Tocantins pode se tornar realidade até 2022

O mês de abril foi marcado pelo anúncio de obras em rodovias brasileiras. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) iniciou, no início do mês, a construção da Ponte sobre o Rio Araguaia, na BR-153, na divisa entre Pará e Tocantins. A obra vai ligar as cidades de Xambioá (TO) e São Geraldo do Araguaia (PA) e deve custar em torno de R$ 157 milhões. 

Com a obra, o escoamento da produção e o transporte de cargas na região serão impulsionados, facilitando o tráfego de veículos e caminhões e diminuindo os custos no transporte de cargas. Atualmente, a passagem de uma margem à outra do Rio Araguaia só pode ser feita por meio de balsa. 

A previsão de entrega da obra é em setembro de 2022. As obras estavam paradas devido a uma disputa judicial, mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes obteve decisão favorável para prosseguir com o trabalho, que abrange 1.720 metros de extensão.

Segundo o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Pará (Sindicam-PA), Eurico Tadeu, a ponte é extremamente importante, tanto para a categoria quanto para quem trafega por ela. “Ela evita um percurso de quase 200 km se for por rodovia. O percurso de Guaraí até Tocantins é muito longe, é uma volta muito grande”, adianta. 

Eurico Tadeu comenta também que a ponte poderia sanar o problema com as balsas. Recentemente, um caminhão caiu do transporte marítimo, segundo relato. “Além disso, é uma demora muito grande para entrar na balsa. Formam-se filas muito longas para fazer essa travessia”, lamenta. 

O engenheiro civil Marcos Penna avalia a importância de obras como essa para a população como um todo. “Elas são de extrema importância para abastecer as cidades, levar produtos do campo para as cidades. Sem essa operação das rodovias, o país poderia estar vivendo um caos muito grande, então é de suma importância que se mantenha o tráfego nas estradas.” 


Histórico 

A BR-153 é a quinta maior rodovia brasileira. Também conhecida como Rodovia Transbrasiliana e Rodovia Belém-Brasília, a BR corta os estados do Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, terminando na Fronteira Brasil–Uruguai. 

Com a construção iniciada ainda na década de 1950, no governo de Juscelino Kubitschek, as obras foram finalizadas mais de 20 anos depois, em 1974. A rodovia é o principal eixo de ligação rodoviária da região Norte com o restante do País. 

No Pará, a BR-153 alcança, principalmente, as cidades de Castanhal, Santa Maria, São Miguel do Guamá, Paragominas e Capanema. Mais de 1,5 milhão de pessoas vivem em locais ao longo da rodovia. 

A assinatura do contrato para a obra na BR-153 se deu ainda em 2017, com a presença do então presidente Michel Temer. Devido a burocracia, prazos e processo na justiça, a obra ficou suspensa. Só em 2019, após estudos geotécnicos, a ordem de serviço foi assinada. 

Eurico Tadeu lembra que, por ser uma obra antiga, a rodovia precisa passar por melhorias. “Toda essa região, tanto estadual quanto federal, estão em péssimas condições. Nós não temos fiscalização de peso, então passa caminhão carregando minério com o dobrou ou triplo da capacidade dele, e não se faz nada”, avisa o presidente do Sindicam-PA. “Se houvesse fiscalização, ajudaria muito.” 

Coronavírus

Em meio à crise mundial na saúde causada pelo novo coronavírus, o presidente do Sindicam-PA relata a realidade de quem roda pelas estradas. “Nós não temos apoio nenhum do governo do estado”, diz. O Sindicato representa mais de 80 mil caminhoneiros autônomos, mas muitos de outros estados passam diariamente pelo estado “Eles preferem trabalhar por aqui pela fiscalização, que é falha.” 

Segundo Eurico Tadeu, cada município tem criado um decreto específico, o que prejudica a atividade. “Os caminhoneiros não têm onde se alimentar, não tem banheiro, não tem estrutura. Muitos chegam de outras cidades e não sabem em algumas cidades há proibição de entrada de caminhão de carga.   

Outra preocupação é sobre vacina, que não tem chegado aos caminhoneiros. “Aqui já está um caos. E estava acertado com o governo estadual que haveria campanha de vacinação para nós, mas essa semana suspenderam tudo. Estamos à deriva.”  

O governo garante que está tomando todas as precauções em meio à pandemia do novo coronavírus e que a doença não vai afetar o cronograma de obras pelo Brasil. Em nota, o DNIT afirma que “está orientando as equipes e recomendando medidas de prevenção ao coronavírus no ambiente de obras.” 

O DNIT afirma que vem adotando as medidas de segurança, como “realizar os serviços de conserva com distância adequada para evitar possíveis contágios; disponibilizar álcool em gel em diversos locais do canteiro de obras; utilização de máscaras; higienizar diariamente os ônibus de transporte dos trabalhadores; medir a temperatura dos trabalhadores antes da jornada diária; conversar e alertar sobre os riscos da doença; adotar distância mínima entre mesas nos refeitórios dos canteiros de obras.”
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