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24/03/20 às 11:47

Casamento social realiza sonho de casais durante passagem do Ribeirinho Cidadão

Em um salão improvisado na Escola Estadual Dom Vunibaldo, começou a preparação da realização do sonho de 10 mulheres moradoras de São Lourenço de Fátima, distrito de Juscimeira. Na sala, os preparativos começaram às 12h, com o design das sobrancelhas, maquiagem, penteado e prova de roupas. Pelo lado de fora da sala, a escola era delicadamente decorada para realizar a união dos casais. Era o Ribeirinho Cidadão, juntamente com seus parceiros, que iria realizar o casamento social para transformar desejos em realidade.
 
Uma das noivas que passou pelo ritual de beleza característico do dia, Tatiane Teodoro de Oliveira estava ansiosa com a chegada do momento, pois faz 15 anos que convive com o marido e sonha em se casar. Eles se conheceram quando ela era adolescente e, por isso, a família toda foi contra o relacionamento. Mesmo assim, à época, ela foi a São Lourenço conhecer a mãe do namorado e não voltou mais para casa dos pais, começando assim uma nova família. Apesar da tenra idade e da vulnerabilidade, o amor prevaleceu e hoje eles têm 28 e 51 anos, além de quatro filhos.
 
“Meu casamento é bem doido e diferente, mas eu acho uma história linda. Não me arrependo de nada e faria tudo de novo. Amo meu marido igualzinho quando eu o conheci. Já cuidava da casa, fazia comida, ajudava a cuidar dos filhos do primeiro casamento do meu marido, sendo que o mais velho e eu temos a mesma idade. Enfrentei muitas dificuldades para nós estarmos juntos, mas o pior já passou, por isso que quero oficializar o casamento e eu falei para ele que ele vai se casar comigo, nem que seja na marra”, conta Tatiane.
 
Ela ressalta ainda que pela manhã a mãe dela ligou para ela e perguntou se ela realmente queria se casar, que depois que ela casasse “no papel” não teria mais volta. Em resposta, ela explicou para a mãe que não poderia perder a oportunidade de aproveitar o casamento realizado pelo Ribeirinho Cidadão, “porque, além de bonito, é tudo de graça, maquiagem, penteado e cartório.” No ano passado, quando o projeto passou pela comunidade, ela tentou se casar, mas perdeu o prazo para se inscrever. “Esse ano eu só não caso se Deus não quiser. O Ribeirinho não vai embora sem me deixar a certidão registrada”, brinca a noiva.
 
O casamento foi realizado às 17 horas, com a presença das autoridades da cidade e com direito a comes e bebes depois da festa. De acordo com o juiz José Antonio Bezerra Filho, um dos coordenadores do evento, levar vários serviços a essas localidades foi um desafio lançado pelo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, e aceito pelo magistrado.
 
“Esta singela e tão amada cerimônia é uma homenagem a vocês. Oferecer uma união como reza o Código Civil, com garantias de ações, de famílias, de valores constitucionais, de direito das coisas e inclusive de sucessões. Para o Poder Judiciário essas ações também geram números positivos, pois novas ações deixam de ser judicializadas. Quero pedir a você noivos que os homens zelem pelas mulheres e que as mulheres zelem pelos homens, juntos que vocês repassem valores aos filhos para que possamos mudar o futuro das novas gerações.”
 
Por onde passa, o Ribeirinho Cidadão realizada casamentos sociais para os casais que querem regularizar a união, mas encontram dificuldades financeiras para isso. Essa é a 13ª edição do evento, que é organizado pelo Poder Judiciário de Mato Grosso e também pela Defensoria Pública de Mato Grosso, juntamente com parceiros.
 
O evento foi dividido em duas etapas, sendo a primeira fluvial, realizada entre os dias 28 de fevereiro e 10 de março, e a segunda foi a fase terrestre, realizada entre os dias 12 e 20 de março.
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