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27/12/19 às 17:40

Após ser resgatada, elefanta Ramba morre de problemas renais

Após dois meses de sua chegada no Santuário de Elefantes Brasil, em Chapada dos Guimarães, a elefante chilena Ramba não resistiu a uma doença renal e acabou morrendo na última quinta-feira (26). O anúncio foi feito no perfil do Facebook do Santuário, que conta agora com três elefantas: Rana, Lady e Maia.
 
A elefanta, de 53 anos e 4 toneladas, passou por vários maus bocados antes de chegar ao Santuário. Só para a viagem ao local, em outubro, ela precisou ser transportada em um avião cargueiro até o aeroporto de Campinas (SP), e depois seguiu por dois dias na estrada para Chapada dos Guimarães.
 
 
Depois de ter sido maltratada em espetáculos circenses por mais de 40 anos, Ramba foi resgatada em uma ONG em 2012. Estimativa é que todo o aparato para trazer a elefanta para a nova casa tenha custado cerca de R$ 500 mil.
 
Durante meses, o Santuário fez campanha de arrecadação de recursos para custear a viagem do Chile até Chapada. Por meio de venda de produtos e doações, a instituição conseguiu angariar o valor para custeio de todas as despesas exigidas para o transporte seguro do animal.
 
Conforme a nota de falecimento publicada no Facebook, Ramba foi diagnosticada com problemas renais há 7 anos, quando ainda estava no Chile. Eles ainda apontam que a morte foi repentina, pois a grama ao redor estava intocada.
 
 
Guida, outra elefanta resgatada, viveu no Santuário por três anos, até falecer em junho deste ano. A causa da morte de Guida ainda é desconhecida. Conforme relato dos profissionais, ela ficou presa em um riacho raso e aparentava estar exausta. Eles tentaram ajudá-la com uma retroescavadeira quando perceberam que ela não conseguiria sozinha.
 
"Durante o processo conseguiu dar um ou dois passos e se apoiou sobre um monte de terra para descansar um pouco, para mais um ou dois passos e quando, finalmente, conseguiu sair, se deitou. Aplicamos soro intravenoso, a medicamos, tiramos amostras de sangue com a esperança de que descansasse um pouco. Mas após algum tempo, sua respiração começou a oscilar até que simplesmente parou de respirar", explicou o santuário na época.
 
Veja a nota na íntegra:
 
É com imenso pesar que comunicamos o falecimento de Ramba.
 
Nossa vovó teimosa, linda e maior que a própria vida, não tinha mais forças para lutar contra seus problemas renais.
 
Ainda que após a necropsia tenhamos mais detalhes, sua morte, apesar de dolorosa, não nos surpreendeu tanto. Quando Ramba foi diagnosticada com doença renal, ainda no Chile, há sete anos, tínhamos muita esperança que ela conseguisse viver por mais um ano, no mínimo. Milagrosamente esse ano transformou-se em sete, dando-lhe forças que a ajudaram a chegar ao Santuário.
 
Parece que os elefantes possuem um conhecimento profundo e inexplicável sobre a vida. Prometemos, repetidas vezes, que ela viria para o Santuário e ela lutou para chegar até aqui.
 
Aqui encontrou uma alegria gigantesca, conseguiu explorar como sempre desejara e descobriu o sentido da verdadeira amizade. Talvez fosse tudo o que ela precisava e merecia.
 
Ela se entregou à sua nova vida mas, no processo, parece que desistiu de lutar. Ela estava cansada.
 
Na manhã de quinta-feira, 26 de dezembro, Rana e Maia estavam no galpão sem Ramba. Isso acontecia sempre, Ramba gostava de explorar mais que Rana e, ocasionalmente, retornava à pastagem para um bom banho de lama pela manhã, enquanto Rana ficava próxima ao galpão antecipando o horário do café da manhã.
 
Saímos para encontrá-la e a descobrimos em um dos seus lugares favoritos, o recinto número 4, além do riacho. Ela parecia estar dormindo.
 
Sua morte deve ter sido repentina, pois a grama ao seu redor estava intocada.
 
 
Apenas um lindo elefante, deitado em um belo pasto, os olhos suavemente fechados e o rosto doce, tão calmo como costumava ser.
 
Como não sabíamos se Rana tinha a percepção do que acontecera, a levamos de volta para sua irmã. Sentimos que não sabia, porque quando se aproximou de Ramba arregalou seus olhos, a cheirou profundamente, repetidas vezes e depois murmurou baixinho, também, repetidamente. Cheirou e tocou todo o corpo de Ramba parecendo tentar entender o que tinha acontecido.
 
Após vários minutos ela ficou quietinha e permaneceu ao lado de Ramba, pastando. E ali ficou, o resto do dia ao lado da amiga.
 
Um pouco mais tarde, Maia também foi levada para ver Ramba e se despedir. Ela também a cheirou e a tocou, ficando por cima dela, como costumava fazer com Guida, certificando-se que sua barriga a tocava.
 
Isso chamou a atenção de Rana por um momento, que pareceu querer protegê-la da barriga de Maia, mas se acalmou ao ver que suas intenções eram gentis e amorosas.
 
A visita de Maia foi mais curta, por sua própria vontade. Como sempre deixamos que decidam o que querem e precisam, quando estava pronta, foi embora.
 
 
Embora sua visita tenha sido breve, em comparação ao tempo que passou com Guida, Maia e Rana demonstraram uma delicada reverência em honrar a amiga.
 
Ramba foi especial. Havia algo em sua presença que nos trazia de volta à razão e fazia com que nossos corações sorrissem, ao mesmo tempo.
 
Nos apaixonamos por ela, quando a conhecemos, há sete anos. Ela foi parte do motivo de seguirmos em frente com a ideia de um Santuário no Brasil. Não havia como deixá-la para trás ou esquecê-la depois de a ter conhecido. Parece que não somente os humanos se sentiram assim. Ramba teve um efeito de sustentação sobre Maia, Rana a adorava e até Lady parecia relaxar e confiar em sua presença.
 
Já sabíamos que cada dia de Ramba, no Santuário, seria uma dádiva, não apenas para ela, mas para todos que tiveram a oportunidade de conhecê-la. Todos foram, de alguma forma, tocados por ela.
 
Embora nosso desejo seja que todos os elefantes possam ter mais tempo no Santuário, somos muito agradecidos por Ramba ter, aqui, encontrado sua alegria.
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