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26/10/19 às 11:08 | Atualizada: 02/11/19 às 17:19

Major da PM de Goiás suspeito de estuprar duas irmãs é exonerado do cargo de comandante e segue preso

O major da Polícia Militar C. S. de M., suspeito de sequestrar e estuprar duas irmãs de 11 e 12 anos, foi exonerado do cargo de comandante da Companhia de Policiamento Especializado (CPE) de Rio Verde, no sudoeste Goiás. A informação foi divulgada pelo Comando Geral da PM.
 
Nesta sexta-feira (25), o juiz plantonista Rodrigo de Melo Bruscolin, decidiu em audiência de custódia, manter a prisão do major preventivamente.
 
O advogado George Santos Pereira, que defende o major, disse que vai estudar as possibilidades que podem ser tomadas após a conversão da prisão em flagrante para a preventiva.
 
“Até o momento não conversei com ele a respeito dos fatos em si. Irei aguardar a conclusão do inquérito”, comentou o advogado, que disse não ter detalhes sobre a exoneração do major do cargo de comandante do CPE.
 
“Essa questão da exoneração eu não estou sabendo porque eu acompanhando o processo administrativo, só acompanho o processo criminal mesmo”, afirmou.
 
Em nota, a PM informou que o Comando Geral determinou, imediatamente, a exoneração do major do cargo de chefia e nomeou para função de comandante do CPE de Rio Verde, o capitão Ronniery de Moraes.
 
No comunicado, o Comando Geral “reiterou seu compromisso com os princípios éticos, morais e legais; além do que, medidas correicionais foram adotadas e o policial militar em comento encontra-se à disposição da justiça”.
 
Audiência de custódia
 
O promotor Fabrício Lamas Borges, plantonista do Ministério Público de Rio Verde, acompanhou a audiência. Ele já havia protocolado o pedido de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva contra o policial militar.
 
“A prisão foi decretada pelos fundamentos pedidos pelo MP”, comentou Lamas.
 
No pedido de prisão preventiva, promotor citou, “entre outros motivos, a gravidade concreta dos fatos, a periculosidade demonstrada pelas condutas do investigado e o risco que a liberdade dele traz para a instrução processual, notadamente por indícios que ele teria extraviado uma prova durante a sua prisão”.
 
O caso, segundo o MP, corre em segredo de Justiça para preservar a intimidade das vítimas.
Após a audiência, o policial voltou para a academia da PM, em Goiânia, onde está preso.
 
Crime e investigação
 
O crime aconteceu na madrugada de terça-feira (22). As investigações apontaram que a casa em que as vítimas estavam com a avó foi invadida por volta de 3h30. Segundo os registros, a avó foi amarrada no local e as meninas levadas em um carro, depois abandonadas perto de uma escola.
 
A princípio, a Polícia Civil acreditava que dois homens teriam cometido o crime, mas a presença de um segundo autor foi descartada. A prisão do major ocorreu na tarde de quarta-feira (23).
 
Imagens de câmeras de monitoramento registraram a caminhonete, que seria do major da Polícia Militar C. M., perto da casa das meninas que foram sequestradas e estupradas . O delegado regional, Carlos Roberto Batista, acredita que ele se preparou para esse momento.
 
"Existe essa possibilidade [de o PM ter premeditado o crime], porque ele participou de uma operação policial na casa das meninas no mês de agosto. Nós acreditamos que [o motivo] seja alguma perversão sexual", disse.
 
Caminhonete de PM suspeito de estuprar meninas é vista perto da casa delas, em Rio Verde
Caminhonete de PM suspeito de estuprar meninas é vista perto da casa delas, em Rio Verde
 
Segundo a Polícia Civil, consta no depoimento das crianças que, enquanto eram levadas da casa da avó de onde foram sequestradas, sentiram que o veículo passou em alta velocidade sobre um obstáculo e bateram a cabeça no teto do veículo - que bate com a gravação.
 
A Perícia Técnico-Científica disse que encontrou fios de cabelo e marcas de dedos na caminhonete do PM. Esse material será analisado para saber se pertence às vítimas de estupro, como explicou o perito criminal Paulo Henrique Lima.
 
Segundo a Polícia Civil, as vítimas disseram que o autor do crime usava uma meia-calça sobre o rosto para não ser reconhecido, mas que, por vezes, levantava-a e era possível ver a metade de baixo da cara dele.
 
O mesmo policial militar chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), junto com outros 16, por tortura, morte e ocultação de cadáver. A denúncia é de janeiro de 2018, mas a vítima identificada no caso é Célio Roberto Ferreira de Sousa, que não foi visto depois de abordagem.
 
Caminhonete flagrada pela polícia perto da casa das meninas que foram estupradas, que foi apontada como do major da PM Cristiano Silva de Macena Rio Verde Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Caminhonete flagrada pela polícia perto da casa das meninas que foram estupradas, que foi apontada como do major da PM   — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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