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25/10/19 às 11:11

Barra do Garças - Prontas para a guerra, mulheres Xavante expulsam, a força, coordenadora do Dsei

Um grupo de mulheres Xavante retiraram a força a coordenadora do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), da sede do órgão, em protesto por melhorias na saúde indígena, em Barra do Garças. Ornamentadas para a guerra, as indígenas invadiram as dependências do Dsei e devem caminhar até o Ministério Público Federal ainda nesta manhã.   

“A senhora vá pra casa e não volte. Se voltar, voltamos aqui”, disse uma das lideranças da terra indígena de São Marcos. Nesta manhã, as mulheres desceram a avenida Ministro João Alberto, com faixas e gritos de guerra, reclamando da taxa de mortalidade entre os Xavante e pedindo melhorias na saúde, dentro das aldeias.    

“O nosso atendimento a saúde está escasso. E a nossa coordenadora aqui de Barra do Garças, que assumiu pouco tempo, ela não está na sede, ela não está atendendo os indígenas e também não tem o tratamento com igualdade, não atende com igualdade de gênero”, afirma a articuladora do movimento das mulheres indígenas, Izabel Reamo Wadzatse.    

As indígenas reclamam de mal atendimento nas aldeias, nos hospitais, de preconceitos com as mulheres nas unidades de saúde do município e dos índices de mortalidade. “Estamos protestando para que as entidades vê o clamor do povo, o clamor das mulheres. Porque é na pele da mulher que está existindo a dor cotidiana (sic).”    

Na sede do Dsei, algumas mulheres buscaram a coordenadora do Dsei, Luciene Cândida Gomes, e a levaram, a força, para a rua, onde o movimento estava reunido. Lá, as indígenas disseram para que a servidora fosse para casa e não retornasse mais. Luciene ainda tentou voltar a sua sala na unidade, mas foi impedida.    

“Todas as demandas que estão vindo das aldeias nós estamos atendendo. Tanto o Dsei, como a casa de apoio que é a Casai. Sempre que tem a demanda, nós não estamos deixando ninguém sem ser atendido. Tudo que a gente faz é com o conhecimento do Condisi [Conselho Distrital de Saúde Indígena]”, disse ao Semana7 a coordenadora.    

Segundo Luciene, que assumiu o posto no órgão há 3 meses, a administração está integralmente dedicada à questão da saúde. “Antes a administração aqui estava 90% voltada para a logística, o que não é certo. Nós estamos buscando resgatar a dignidade da saúde da população indígena.”

"A gente entende e compreende a revolta de vocês, porém só tem três meses que estamos aqui e nós estamos fazendo de tudo para atender as demandas. Estamos avançando cada dia mais para atender a demanda de vocês que é a saúde básica", disse para as indígenas. "A gente está fazendo o possível e o impossível. Nós pegamos um órgão basicamente sucateado e o prazo está bem pouco para fazermos a reviravolta."

Atualizada - As índígenas acompanharam a coordenadora até a sede do Ministério Público Federal, em Barra do Garças.

Fotos: Semana 7














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