Imprimir

Imprimir Notícia

13/08/19 às 07:57

Ato nacional paralisa educação em MT

Profissionais e estudantes do sistema público de ensino de todo o país paralisam as atividades, hoje (13), em defesa da educação gratuita e de qualidade, da democracia, contra a reforma da Previdência (PEC 06/2019) e o novo projeto “Future-se” lançado pelo governo Federal. Em Cuiabá, trabalhadores decidiram aderir ao movimento nacional convocado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNTE) e que vem sendo denominado “Tsunami da educação”.

Além da suspensão de todas as atividades, os docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aprovaram a realização de uma oficina de cartazes na praça em frente ao Restaurante Universitário, a partir das 11h30. De lá, os manifestantes sairão em carreata até a Praça Alencastro, no Centro de Cuiabá, onde será realizado o ato unificado da greve nacional, marcado para às 14 horas. O sindicato disponibilizará ônibus aos interessados em participar. A adesão ao movimento foi decidida em assembleia geral realizada no último dia 06 de agosto, na Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat).

Durante o encontro e a análise da conjuntura atual, os docentes refletiram sobre os motivos que levaram parte da sociedade a acreditar que direitos conquistados pelos trabalhadores, a partir de lutas históricas, apareçam, agora, como suposto privilégio e lamentaram que, pela primeira vez na história do país, pessoas tenham tido a disposição de ir às ruas atacar a educação, como ocorreu dia 26 maio passado.

De acordo com informações da assessoria de imprensa da Adufmat, outro ponto de destaque da assembleia foi o debate sobre democracia, autonomia e universidade, tanto interna quanto externamente. Nesse sentido, os presentes ressaltaram que é preciso retomar e divulgar o caderno 2 do Sindicato Nacional (Andes), no qual a entidade apresenta sua proposta para a universidade brasileira pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente referenciada.

“Além disso, os professores demonstraram a leitura de que, com a imposição do ‘Future-se’, em breve os docentes também enfrentarão problemas como os que atingem os trabalhadores terceirizados da universidade, como atrasos salariais, remunerações extremamente baixas e condições ainda mais precarizadas. Vale ressaltar que a proposta apresentada pelo Ministério da Educação prevê a contratação de professores via organização social (OS), e não mais concursos públicos”, informou. O “Future-se” é um programa apresentado recentemente pelo Ministério da Educação (Mec) e está sob consulta pública. Os cidadãos que pretendem contribuir com o programa têm até as 23h59 do dia 15 de agosto para enviar as sugestões.

Trabalhadores da Universidade de Mato Grosso (Unemat) também prometem engrossar o movimento paredista. No último dia 09, os professores da Unemat decidiram em assembleia geral extraordinária, realizada, em Cáceres, pela adesão à greve. Na oportunidade, os docentes também aprovaram a orientação do sindicato de promover a mobilização para atividades nos campi da universidade, com flexibilidade para cada subseção promover sua programação de forma autônoma.

Para a presidente do Sindicato dos Docentes da Unemat (Adunemat), Sílvia Nunes, “a adesão da greve é fundamental para a categoria dos docentes, considerando o desenfreado desmonte da educação pública promovido pelo atual governo e, que promove a passos curtos o desmonte também da previdência social, por meio da nefasta reforma da Previdência. Além do ataque à democracia que tem tomado proporções imensuráveis”.

Entendimento semelhante tem os trabalhadores da rede estadual de ensino, que encerram na última sexta-feira (16) pela suspensão da maior greve já registrada em Mato Grosso. Após 75 dias com as atividades paradas, eles retomam às salas de aulas nesta quarta-feira (14), mas hoje integram o ato nacional em defesa da educação pública e da aposentadoria. “O ataque à educação feito pelo projeto nacional compromete a educação nas redes municipais, além do ensino superior”, disse, por meio da assessoria de imprensa, o secretário de redes municipais do Sintep/MT, Henrique Lopes.

Em manifesto divulgado em sua página, a CNTE aponta que a educação no Brasil vem enfrentando grandes ataques por parte do governo federal, como cortes financeiros que ameaçam o tripé da universidade brasileira (ensino, pesquisa e extensão), desvalorização do trabalho dos docentes e dos técnico-administrativos, campanhas difamando o papel de escolas, institutos federais e universidades, perseguição a professores e cientistas. Tudo isso, apesar do papel estratégico das instituições de ensino para o desenvolvimento da ciência e tecnologia no país, assim como para a formação de qualidade e a oferta de serviços necessários para a sociedade brasileira, o atual governo escolheu a universidade como inimiga de sua gestão.

“É importante ressaltar que os cortes nos orçamentos das universidades atingem não apenas o ensino, mas também o desenvolvimento científico de pesquisas que, por exemplo, contribuem para o descobrimento de vacinas, medicamentos e a produção de alimentos, assim como a extensão da universidade, por meio da qual estudantes, professores e técnicos prestam serviços para as comunidades (por exemplo, hospitais universitários e escolas)”, frisa.
Imprimir