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26/05/19 às 23:09

Manifestações fortalecem Bolsonaro, Guedes e Moro, avalia cientista político

O cientista político Paulo Kramer avalia que o presidente Jair Bolsonaro “turbinou” seu poder de barganha perante o Congresso, com os expressivos atos de apoio que recebeu neste domingo em todo o País, e que os ministros Paulo Guedes (Economia) e Sérgio Moro (Justiça) saíram fortalecidos.

Para ele, o bolsonarismo “exibiu uma face reformista, moderna, civicamente responsável, numa palavra, ‘civilizada’, protagonizando algo raro, para não dizer ‘inédito’ no Brasil e no mundo: manifestações populares a favor de uma agenda altamente impopular (reforma da Previdência)”. Kramer disse que até hoje “eu não tinha visto passeatas com cartazes e faixas em apoio a uma equipe econômica!”

“Para um Executivo que abriu mão do toma-lá-dá-cá do presidencialismo de coalizão/cooptação/corrupção para se alimentar da seiva da popularidade, foi uma recarga no prazo de validade do seu carisma”, sentencia Kramer, professor de Ciência Política aposentado da Universidade de Brasília (UnB) e comentarista da rádio BandNews FM.
 
O cientista político considera também ser notável a autonomia cívica do bolsonarismo em relação a grupos organizados que ajudaram a tornar possível essa grande transformação, “mas que decidiram se distanciar da mobilização preparatória às demonstrações de hoje, provavelmente por receio de que a tônica viesse a ser uma pauta antidemocrática e hostil à institucionalidade democrática”.

Entre esses grupos ele cita os movimentos MBL, Vem Pra Rua etc. “Felizmente, esse temor foi desfeito pela celebração cívica auriverde num domingo ensolarado de Norte a Sul do País”, celebra.

Mas Kramer pondera que não é possível compreender este domingo nas ruas do Brasil “sem remontar ao arco histórico que começou a ser traçado em junho de 2013, conquistou maturidade no impeachment de Dilma e ganhou musculatura nas eleições do ano passado”.
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