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28/04/19 às 11:03

Sem Ong e barões do agronegócio, índios dão lição no cultivo de soja

Índios pareci, a 40 km do perímetro urbano de Campo Novo do Parecis, estão armados, não de flechas e tacapes, mas de modernas máquinas, como tratores, plantadeiras e colheitadeiras, e também de sementes.

Estão revolucionando o campo, com plantio mecanizado de soja na reserva, demarcada na década de 1980. Atuando independente dos barões do agronegócio e sem interferência ou participação de Ongs, os índios semearam neste safra 10 mil hectares da oleaginosa na reserva. Ganharam autonomia com criação de uma cooperativa. Devem faturar cerca de R$ 50 milhões.

Mas o Povo Pareci está sofrendo pressão não só dos grandes produtores, preocupados com a concorrência, mas de órgãos fiscalizadores. O Ibama já aplicou 44 multas, totalizando R$ 129,2 milhões, e embargou quase 20 mil ha, sob argumento de que os índios teriam arrendado ilegalmente essas terras.

Os parecis contestam. E resolveram agir jurídico e politicamente. Encontraram apoio do ex-senador e deputado federal José Medeiros (Podemos), vice-líder do Governo Bolsonaro e que volta e meia sobe a tribuna da Câmara para defendê-los.

Numa reunião no Ibama, o órgão admitiu a possibilidade de anular a multa milionária, entendeu a necessidade de se regularizar a atividade na reserva e transferiu para a secretaria estadual de Meio Ambiente a atribuição para analisar o processo de licenciamento ambiental. Um passo importante para se consolidar a autonomia para produção agrícola por conta própria. 

Do Ibama para Sema em busca do licenciamento - assista
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