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06/04/19 às 15:38 | Atualizada: 06/04/19 às 15:49

Especial Cuiabá 300 Anos - Aos 83 anos, dona Joana faz doce do caju colhido no quintal de casa

“Sou daqui de Cuiabá mesmo. Eu nasci, criei e vou morrer aqui”, declara, aos risos, Joana de Oliveira Miranda, ou simplesmente dona Joana. Ela, aos 83 anos, que também tem os pais cuiabanos, já criou oito filhos, tem 14 netos e um bisneto, produz doce de caju por puro prazer.

Há mais de 60 anos ela vive no bairro lixeira, na Capital, mas seu marido tinha na região do Coxipó do Ouro um sítio. “A gente sempre ia para lá e a minha cunhada gostava muito de fazer doce. Era doce de caju doce de leite, de goiaba, de abóbora, de tudo ela fazia. Então a gente começou a fazer também. Plantamos os pés aqui em casa, as plantas foram crescendo e ficando carregadas. Eu falei ‘vou fazer’ e fazia”.

Sempre que nota o pé de caju carregado, ela colhe a fruta e já faz o doce no mesmo dia. Após recolher ele é descascado, ela o espreme inteiro, retirando o suco, prepara a calda e depois de pronta coloca o caju o para cozinhar.

Dona Joana diz que 150 frutas do caju se prepara com três ou quatro quilos de açúcar, depende da marca do produto e do tamanho da fruta. “Ali vão cerca de duas ou três horas cozinhando”.

Em sua enorme casa, ela tem dois pés de caju que foram plantados há cerca de sete anos. Um deles da pouca fruta, mas com um sorriso nos lábios ela fala do “Pézinho do Milagre”. “O caju começa a madurar e eu já vou pegando, mas quanto mais eu apanhava, mais caju dava”, diz a senhora, que afirma que sempre que colhia a fruta, no dia seguinte o pé estava carregado. “Ele é uma maravilha!”.


Dona Joana e seus doces de caju - Foto: Juliana Alves, Circuito Mato Grosso
 
Ela acredita que ele é mais “feliz” do que o que da menos frutos, pois está mais próximo a área da casa onde ela sempre conversa e caminha. Além disso, ela diz que fica acariciando e conversando com todas as plantas da casa. “Ai o pé que fica mais distante fica triste”.

Além do doce de caju, que produz há mais de 30 anos, dona Joana produzia o de goiaba e a geleia de acerola, esta última que garante ser uma delícia com pão. “Hoje eu faço só doce de caju, a idade não está mais permitindo fazer essas coisas e, além disso, eu tinha que fazer é no fogão a lenha, então parei”, relatou.

Dona Joana produz o doce e o coloca em potes de vários tamanhos e com enfeites de fuxico, também produzidos por ela. Os preços variam de R$ 20 e R$ 150 e ala declara fazer o doce de acordo com o gosto do cliente. “A cor são eles que escolhem se quer mais claro ou mais escuro. Eu faço o doce a gosto do freguês”.

Aos 83 anos, ela diz se sentir muito feliz. “A melhor coisa que tem é a pessoa chegar assim e falar ‘Oi, fulano! Ainda tem aquele docinho? Eu comprei um doce da senhora e amei’. Eu me sinto muito feliz porque eles vêm e procuram e se fazem isso é porque sabem que é uma coisa bem feita”.

Os filhos de Joana, de acordo com ela, ficam falando para ela parar de produzir os doces, devido a idade. “Mas eu gosto porque eu to nessa idade, então também é uma diversão para mim”.

Dos filhos e netos, aparentemente nenhum deles quer continuar seu trabalho, mas ela mantém o sorriso no rosto e a firmeza para prosseguir com o que gosta. “Eu adoro, isso aqui é uma alegria”, declara dona Joana.

Para comprar os doces de dona Joana basta entrar em contato através do telefone (65) 3624-6251
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