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11/11/18 às 19:55

Índios plantam e vendem soja há 15 anos em MT com mão de obra própria e capacitada e recebem elogio do presidente da Funai

Índios da etnia Paresí estão criando uma cooperativa para a compra de insumos e a venda da produção de soja. A etnia cultiva soja e comercializa os grãos há 15 anos. O cultivo ocupa dez mil hectares divididos em nove áreas e a previsão é que os grãos sejam cultivados em 15 mil hectares no ano que vem.
 
A organização da agricultura do povo Paresí chamou a atenção do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Wallace Bastos, que foi até as aldeias para ver de perto o plantio. Segundo ele, a atividade pode servir de exemplo para outras comunidades.
 
"O trabalho deles é espetacular, isso tem que ficar de exemplo para as outras comunidades que queiram empreender nesse tipo de atividade. É um modelo de sucesso, um 'case' de sucesso que tem que ser copiado pelo Brasil todo. O nosso principal papel aqui é a interlocução com outros órgãos, com o Ibama, para que eles consigam mesmo plantar em toda a área, fazer as colheitas, fazer isso preservando a questão ambiental", afirmou.
 
Os maquinários comprados com recursos próprios estão nas lavouras concluindo o plantio. Arnaldo Zunizakae, um dos responsáveis pela atividade agrícola, afirma que a intenção é buscar tecnologia para produzir mais na mesma extensão de terra.
 
Um plano de gestão territorial foi feito recentemente pelo povo indígena Paresi para os próximos 50 anos e nesse planejamento eles preveem a ampliação dessa área em até 50 mil hectares, futuramente, mas vai depender de estudo e da necessidade.
 
O plantio neste ano está quase no fim, mas a comercialização do grão dessa safra ainda não foi feita. Pensando em melhorar a comercialização é que eles estão montando essa cooperativa.
 
"A coperativa é uma necessidade para poder nos representar comercialmente, nós trabalhamos antes com a associação, mas ela não comporta a questão de compra e venda dos produtos e por isso foi necessária a criação de cooperativa para trabalhar somente com a questão da agricultura para a compra dos insumos como a venda do produto produzido aqui", explicou Arnaldo.
 
A cooperativa valoriza a mão de obra indígena. Os índios foram qualificados para a atividade e estudaram foram da terra indígena.
 
"Agora eles voltaram para trabalhar aqui dentro com maquinário próprio, nosso, e fazendo com que eles permaneçam no território valorizando o trabalho como pessoas que estudaram para isso", explicou.
 
Agricultores indígenas há 15 anos cultivam soja
Agricultores indígenas há 15 anos cultivam soja
 
Desde 2003, os indígenas plantam soja em Campo Novo do Parecis. Além da renda com o grão, a mão de obra é dos próprios índios que conseguem trabalhar na terra.
 
Um desses trabalhadores é o Blairon Deblair Zunizakae, de 20 anos, que é operador de plantadeira.
 
Nascido e criado na aldeia, ele estudou fora e agora pode contribuir para o crescimento econômico da própria comunidade.
 
"Trabalhar dentro da própria casa, para o povo da gente, acho que é uma coisa que não tem preço, antes eu trabalhava fora na lavoura do branco. Hoje trabalho dentro de casa com salário ótimo, podendo estar em casa todo dia e mais ainda fazer isso para o povo da gente acho que não tem coisa que pague isso", contou.
 
Nas 64 aldeias espalhadas em cinco municípios vivem 2.500 pessoas.
 
No ano passado, a produtividade das lavouras foi de 58 sacas por hectare e neste ano os indígenas esperam colher em média 60 sacas.
 
"A expectativa é muito boa para dar continuidade num projeto que começou há 15 anos, fazendo com 100% de mão de obra indígena, maquinários indígenas, inclusive pela nossa cooperativa e a expectativa é muito boa uma boa colheita aqui", enfatizou Arnaldo Zunizakae.
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