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05/09/18 às 10:14

Nova Xavantina - MPE discutiu os impactos ambientais com populares da região

Apesar do Pantanal Mato-grossense, localizado na região de Poconé, ser conhecido mundialmente pela sua importância e exuberância de fauna e flora, o que poucos sabem é que Mato Grosso conta com outra grande planície alagável: o Pantanal do Araguaia, pouquíssimo conhecido e estudado. Em razão da sua relevância e do alto índice de degradação que vem sofrendo, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio da Procuradoria de Justiça Especializada em Defesa Ambiental e Ordem Urbanística, realizou no dia 31 de agosto, em Nova Xavantina, reunião pública de sensibilização e defesa das áreas úmidas do Araguaia.

O evento, realizado na Praia do Sol, às margens do Rio das Mortes, reuniu promotores de Justiça, prefeitos de 10 cidades da região do Araguaia, indígenas, comunidades tradicionais, quilombolas, produtores rurais, acadêmicos e moradores em geral, para discutir o problema que, de uma forma ou de outra, afeta a todos.

Além da heterogeneidade de ambientes, a localização geográfica do Pantanal do Araguaia tem sido apontada como fator de expressiva influência sobre a elevada riqueza de espécies. O ecossistema, conforme o doutor em ecologia Ben Hur Marimon-Junior, se localiza em área de tensão ecológica entre os biomas Cerrado e Floresta Amazônica, resultando em grande mosaico vegetacional, que também influencia diretamente na composição da fauna e flora.

De acordo com o titular da Procuradoria de Justiça Especializada em Defesa Ambiental, procurador de Justiça Luiz Alberto Esteves Scaloppe, a reunião pública busca integrar pensamentos, interesses econômicos e culturais diferentes para discutir um tema de tamanha relevância, que são as áreas úmidas. “É o Ministério Público cumprindo a sua missão diante de um grande coletivo de representatividade e distintas opiniões, para que possamos construir uma perspectiva de defesa, tanto da cidade sustentável, quanto da utilização da água. As reuniões são essa tentativa de alargar a atuação do Ministério Público e melhorar a sociedade”, defende.

Ele destaca que as áreas úmidas são um grande reservatório, um sistema de controle hídrico. “Mas porque nós começamos a agir no Ministério Público? Porque as iniciativas privadas estão começando a degradar este ambiente, tanto aterrando nascentes, quanto drenando terrenos. Isso afeta o equilíbrio hídrico, destrói fauna e flora únicas. Por causa de algumas sacas de soja ou um pasto a mais destrói-se uma riqueza imensa. Temos que despertar consciências, isso é um longo trabalho”, acredita o procurador de Justiça.

O avanço da agricultura na região, principalmente com o plantio da soja, tem impactado fortemente as áreas úmidas do Araguaia, tendo em vista que para plantar este tipo de grão é preciso drenar o solo, causando um imenso desequilíbrio ambiental.

“Infelizmente alguns produtores rurais, claro não são todos, eles estão trocando a pecuária extensiva dos varjões tradicionais pela soja. Para dar certo este tipo de plantio os produtores têm que drenar as áreas úmidas porque a soja não produz em terreno alagadiço, com isso, estão drenando as nossas nascentes, as nossas áreas úmidas, ou seja, o Pantanal do Araguaia e isso é muito preocupante”, destaca a promotora de Justiça Maria Coeli Pessoa de Lima.
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