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31/07/18 às 09:03

Setor produtivo eleva pressão por ferrovia em MT após prejuízos com paralisação dos camonhoneiros

Após perdas causadas pela greve dos caminhoneiros, as forças políticas e econômicas se mobilizam em Mato Grosso para assegurar recursos e planejamento sobre projetos de duas ferrovias que estão prestes a serem viabilizadas no Estado.

Uma delas é a Ferrogrão, que ligará Sinop ao porto de Miritituba, no Pará, cuja expectativa é que o governo federal possa licitar até o fim do ano. Recentemente, a mineradora vale anunciou aporte de R$ 4 bilhões para a Ferrovia do Centro Oeste (Fico) que serão investidos em 383 km da ferrovia entre Água Boa e Campinorte (GO).

Os debates acontecem em conjunto com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no sentido de estabelecer diretrizes que pautem o poder público na execução de planejamento estratégico logístico. O intuito é garantir que o modal ferroviário saia do papel, enfrente menos burocracia, atraia investimentos do setor privado e alcance prioridade nas decisões do governo federal no próximo mandato a partir de 2019.

A discussão do tema vai pautar o Seminário de Transporte Multimodal de Mato Grosso “Ferrovias: o Brasil passa por aqui”, que será realizado em 6 de agosto, na Assembleia. O evento será realizado pelo Poder Legislativo em parceria com a Federação das Indústrias de Mato Grosso (UFMT) e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Entre os temas que serão evidenciados na discussão está o pleito de R$ 4 bilhões para a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), cuja perspectiva de início de construção comece em 2020.

O setor de agronegócio e de indústrias são os principais interessados no assunto, mas o tema também afeta de forma direta os consumidores, já que são os que pagam por produtos mais caros, inflacionados em razão do alto custo de frete, que acaba sendo preponderante no custo dos produtos.

Outro problema enfrentado pela economia é que o custo logístico inibe atração de novos empreendimentos para o Estado, principalmente, agroindústrias, que poderiam garantir maior atribuição de valores às commodities produzidas em Mato Grosso.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada de Mato Grosso (Sincop), José Alexandre Schutze, que é um dos diretores da Fiemt, a morosidade política é lamentável, mas que o setor econômico se articula há tempo para defender a pauta logística.

“Nós discutimos infraestrutura em Mato Grosso há alguns anos. Se tivermos uma plataforma já discutida é mais fácil cobrar prioridade do governo federal, que é o maior responsável pelas ferrovias. Também precisamos abrir nossa economia, olhar para os países vizinhos. Infelizmente, as coisas são feitas no Brasil de cima para baixo, sem considerar as peculiaridades de cada região. Temos muitos entraves burocráticos. Mas estes obstáculos não tira nosso estimulo”, enfatiza Schutze.

O deputado Eduardo Botelho (DEM) pondera que as discussões sobre ferrovia são antigas, mas que de certa forma, a morte do assunto aconteceu durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), que à época chegou a ser questionado por ter feito defesa para as empresas automobilísticas e que deveriam ser as maiores beneficiadas com o transporte ferroviário, por serem as montadoras de caminhões.

“A ideia do seminário surgiu depois do movimento dos caminhoneiros que nos fez refletir que algo está errado no atual modelo de logística, que é predominantemente rodoviário. Infelizmente, construir estradas é muito mais barato que trilhos, mas o benefício das ferrovias é muito mais duradouro. Este seminário será, portanto, o começo de uma ampla discussão da qual não podemos fugir”, pondera Botelho.

Na opinião do deputado Wilson Santos (PSDB), a realidade dos deficits logísticos enfrentados por Mato Grosso e pelo país é resultado das decisões políticas com escolhas erradas. “Um país subdesenvolvido como o Brasil não deveria ter feito a opção pelo modelo mais caro que é o rodoviário, enquanto que países de primeiro mundo fizeram a opção pelo modal ferroviário”.

Seminário

O Seminário será realizado na segunda 6 de agosto, no Auditório Deputado Milton Figueiredo, na Assembleia. O evento começará às 9h e seguirá até às 18h.
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