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15/06/18 às 17:55

Por que os guarda-móveis estão bombando em grandes cidades

Muitos de nós, em vez de levar nossos pertences a um depósito, utilizam pequenas caixas para os empacotar, que são carregadas por meses ou anos. E está aumentando o número de pessoas ao redor do mundo que faz justamente isso. Segundo uma pesquisa de mercado da consultoria estadunidense IBISWorld, as receitas na indústria de armazenamento (self-storage) alcançou US$ 35,8 bilhões em 2016 - e está crescendo.
 
Especialmente em grandes cidades mundiais, de Chicago a São Paulo, de Paris a Bangkok, onde é raro encontrar espaço, a tendência parece ter vindo para ficar. Nos últimos anos, eles também passaram a ser depósitos de mobiliários domésticos, espécie de guarda-móveis que ajuda as famílias a manterem seus velhos objetos em lugares seguros e, ao mesmo tempo, longe da casa.
 
O hábito de armazenar pertences por si mesmo está se expandindo por várias razões. Há os casos típicos, como jovens que mudam frequentemente de domicílio, aqueles que renovam suas casas de tempos em tempos e estudantes que precisam de espaço para guardar suas coisas durante viagens para fora, mas também alguns casos específicos: "Tem pessoas que perderam alguém querido e não querem se separar das coisas que o lembram", diz xxx, da xxx.
 
No entanto, ele afirma que as pessoas também procuram o serviço em São Paulo em momentos de rupturas, como divórcios, reformas ou danos à casa em que vivem. Existem casos mais raros em que os clientes usam os depósitos para manter seus animais de estimação ou até mesmo para dormir em algumas noites - ainda que ambas as práticas sejam ilegais.
 
De qualquer forma, o fenômeno do armazenamento é uma necessidade de espaço em cidades cada vez mais populosas. Existem vários tipos do serviço no mundo, dependendo do tempo em que as coisas ficarão guardadas, os espaços e as regras. Em São Paulo, os pequenos lotes, por hora, são voltados para um público que pretende guardar muitos objetos por um tempo indeterminado. É o modo mais tradicional: as pessoas colocam suas coisas em um box de 10 metros quadrados por meses.
 
Há também o guarda-móveis, que chegou recentemente a São Paulo e ao Rio de Janeiro: as pessoas costumam usar para armazenar mobiliários em desuso ou que foram trocados por novos, mas que não serão vendidos ou jogados no lixo. Nos EUA, é comum o serviço de guarda-móveis para períodos fora da temporada, onde as pessoas guardam de instrumentos de golfe a ferramentas de caça.
 
Mike Walker, CEO da Brue Crates, empresa que opera em Chicago, nos EUA, diz que sua empresa quer ser "uma extensão da casa" das pessoas. O serviço ainda tem uma plataforma online com todos os itens catalogados, o que permite saber o que está armazenado em cada box. O cliente pode requerer a entrega de algo e recebê-lo em um dia útil.
 
A indústria de armazenamento de coisas não é nada moderna. Ao contrário, data do século 19, quando migrantes recém-chegados ao país construíam depósitos para comerciantes estocarem seus produtos. Foi no Texas que teve início o negócio propriamente, quando empresários abriram o A-1 U Store It U Lock It Y Carry the Key ("Você guarda, você trava, você leva a chave", em tradução livre).
 
Inicialmente, o negócio esteve atrelado à indústria de petróleo, que tinha necessidade de lugares temporários para guardar seus equipamentos. Mas os consumidores, desfrutando da prosperidade dos Estados Unidos no pós-guerra, logo começaram a preencher os espaços com suas coisas, como velhos sofás e máquinas de esteira quebradas. O crescimento foi espetacular de lá para cá: hoje existem cerca de 54 espaços de self-storage nos Estados Unidos, país que possui 90% do inventário do setor mundial. Esses lugares guardam cerca de US$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 8 bi) em objetos - o que equivale a uma área tão grande quanto a de Palm Springs, na Califórnia.
 
Em 2006, pesquisadores da Universidade da Califórnia publicaram um artigo afirmando que o excesso de coisas tinha se tornado um "fardo esmagador para a maioria das famílias de classe média, especialmente no Ocidente, onde os porões das casas não são grandes o suficiente para absorver tanta coisa". No Brasil, enfim, parece que o fenômeno é semelhante. "Com os apartamentos cada vez menores, o self- storage acaba sendo uma extensão da casa, da vida pessoal", finalizou Silvio Laban, professor do Insper.
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