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02/05/18 às 14:17

Como uma marca nova no Brasil trouxe de volta o hábito de brincar de boneca

Até 2004, a Hasbro, já a segunda maior fabricante de brinquedos nos Estados Unidos - atrás apenas da Mattel - tinha apenas um pequeno escritório em São Paulo. A equipe de três funcionários era responsável pelo licenciamento de produtos que eram produzidos por outras empresas estadunidenses já fixadas no Brasil ou pela própria brasileira Estrela.
 
No entanto, no ano seguinte a empresa resolveu olhar o mercado brasileiro como uma opção para um produto que já era sucesso nos EUA desde os anos 1970: a baby alive, uma boneca que ri, fala, come, dorme, reclama e até "se emociona". Quando surgiu pela primeira vez no mercado estadunidense, em 1973, já chamava a atenção dos pais e educadores para o tanto de coisas que era capaz de fazer e repaginou até algumas teorias sobre o desenvolvimento das crianças por meio do brincar.
 
Segundo dados distintos, a baby alive é a líder de vendas de brinquedos no Brasil há três Natais.
 
A chegada da empresa ao Brasil aconteceu quando ela pôs fim ao acordo de exclusividade com a Estrela pela produção dos seus produtos no país. Segundo os argumentos da Hasbro, a tradicional empresa brasileira não tinha tamanho para fabricar seus mais de 600 itens e distribuí-los pelo território do Brasil. Já em 2004, ela fechou parceria com outra gigante mundial do setor, a Gulliver, para a produção e distribuição de uma linha de bonecos de personagens de filmes da Warner. No ramo, os varejistas e empresários entenderam que era o primeiro passo para uma operação própria.
 
"Eles já ensaiavam o desembarque outras vezes", comentou Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq à época, à Istoé. Nos EUA, a Hasbro já era conhecida por ser a criadora de clássicos como o "Banco Imobiliário" e o "Mr. Potato Head", que ficou famoso também na animação Toy Story, da Pixar. Em 2006, a empresa firmou uma parceria com o grupo o Marvel Entertainment para licenciar as marcas de super-heróis como Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, X-Men e Capitão América nos EUA.
 
O sucesso da empresa, no entanto, é mais antigo e remete à Guerra do Vietnã: à época, ela criou e lançou no mercado os bonecos "G.I Joe", pequenos soldados estadunidenses que simbolizavam indiretamente o exército dos EUA no país asiático. O sucesso foi tão grande entre os meninos estadunidenses que a partir deles surgiu uma nova categoria de brinquedos, os "bonecos de ação", que fazem sucesso até hoje.
 
Com o desenrolar da guerra, os cidadãos estadunidenses passaram a questioná-la, fazendo com que o boneco perdesse popularidade. Em 1969, no auge dos protestos anticonflito, a Hasbro elaborou uma história na qual os bonecos faziam parte de um grupo de elite responsável por combater a organização terrorista Cobra. Tanto o grupo quanto os terroristas eram histórias que nada refletiam a realidade. Com a remodelação, voltaram a vender milhares de unidades.
 
De lá pra cá, a empresa seguiu entre as principais do mercado dos EUA por brinquedos como o "Monopoly", o "Transformers" (antes de virar filme, em 2007), o "Magic" e a "Baby Alive", reintroduzida no mercado estadunidense em 2006 e trazida para o Brasil com a chegada definitiva da marca, dois anos depois. Segundo os dados, é um dos produtos mais buscados no e-commerce brasileiro e até incentivou um mercado de importações da boneca dos Estados Unidos para cá.
 
As opções disponíveis no mercado brasileiro variam: Baby Alive Hora do Passeio, Borboletinha e Fralda Mágica. Acessórios extras também fazem muito sucesso. Um kit com babador e penico, fraldinhas para a boneca e comidinhas de plástico são alguns dos produtos que fazem parte da compra.
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