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25/03/18 às 07:22 | Atualizada: 25/03/18 às 12:34

Depois de confrontos no Sul, Lula diz que petistas vão 'retribuir'

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi obrigado a desviar o itinerário da caravana pela região Sul por causa de protestos de opositores e falta de garantias de segurança. Neste sábado (24/3), em Florianópolis, ele disse que os petistas devem retribuir caso sejam agredidos pelos adversários.

“Tem gente se organizando como paramilitar. Tem gente se preparando até para invadir o comício do outro. Quero dizer para essa gente que nós somos da paz. Mas não nos provoquem porque se derem um tapa na nossa cara a gente não vai apenas virar para o lado, a gente vai retribuir até eles aprenderem a viver democraticamente”, disse Lula, no início da tarde, diante de milhares de apoiadores que encheram a Praça XV de Novembro, no centro da capital catarinense.

 
Algumas dezenas de metros adiante um grupo menor protestava contra a presença do ex-presidente na cidade. Entre eles havia desde militantes de grupos moderados como o Vem Pra Rua até apoiadores do deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ), mais exaltados.  Os grupos foram separados por dois cordões da Polícia Militar e, apesar das hostilidades e provocações, não foram registradas agressões.As manifestações contra Lula em Florianópolis foram tranquilas se comparadas com as confusões ocorridas durante a passagem do ex-presidente pelo Rio Grande do Sul. Impedido de entrar em Passo Fundo (RS), na sexta-feira (23), devido a um bloqueio feito por ruralistas, Lula e sua comitiva tiveram que ir para Chapecó (SC), onde uma parte embarcou em voo fretado para Porto Alegre (RS). O ex-presidente e alguns auxiliares mais próximos pernoitaram em um hotel próximo ao aeroporto e seguiram também de avião para Florianópolis.

A mudança de planos fez com que a agenda do ex-presidente atrasasse mais de duas horas. Da capital catarinense Lula seguiu para Chapecó (SC) novamente em voo fretado. A ideia inicial era que Lula fizesse apenas a etapa entre Passo Fundo e Porto Alegre de avião e o restante da caravana de ônibus.

Segundo o ex-ministro Miguel Rossetto, um dos motivos para o desvio foi a falta de garantias de segurança. “A Secretaria de Segurança Pública e o comando da Brigada Militar disseram que não poderiam garantir a segurança até o aeroporto de Passo Fundo”, disse Rossetto, que é pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul. A secretaria diz ter garantido a segurança da caravana mesmo não sendo sua atribuição já que na comitiva havia dois ex-presidentes – Dilma Rousseff acompanhou parte do périplo.

“Vou voltar”
Em Florianópolis, Lula disse que ainda pretende visitar Passo Fundo. “Eu vou voltar”, afirmou. Na praça, o petista recebeu o título de cidadão catarinense. A outorga foi aprovada em agosto de 2008 por unanimidade da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Agora, depois das condenações em primeira e segunda instância por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, deputados de oposição ameaçam cassar a homenagem.

Lula quase chorou ao reiterar sua inocência e questionar as condenações pela Justiça. “A única frase que eu podia dizer é que não respeito aquela decisão porque senão eu não conseguiria olhar na cara da minha bisneta”, disse Lula, com a voz embargada. Mais cedo, ele já havia dito ter certeza que não será preso, porque “nesse país há Justiça”.

Lula participou também de um encontro com reitores das universidades públicas de Santa Catarina ao lado do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, coordenador do programa de governo e um dos nomes cotados para substituir Lula na campanha presidencial caso o petista seja barrado pela Justiça. Centenas de manifestantes contrários ao petista foram até o local. Um deles arrancou uma bandeira do PT das mãos de um professor. A peça foi rasgada e queimada aos gritos de “queimem o PT”.
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