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14/02/18 às 13:20

Caminhões podem ser vendidos pela metade do preço em leilões pela internet

Por R$ 74 mil reais, é possível comprar um caminhão Ford Cargo 2422, um dos principais veículos da linha de pesados da montadora estadunidense. O valor está fixado na tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), mas é possível encontrar opções mais baratas em outros tipos de mercados.
 
Em um leilão de caminhões, por exemplo, o mesmo carro é negociado por R$ 34 mil, dependendo das ofertas dos interessados. Na Sodré Santoro, uma das grandes leiloeiras do país, um Cargo 2422 foi vendido por esse valor em janeiro. Oriundo de uma frota substituída por uma empresa, o veículo de 228 mil quilômetros com carroceria caçamba precisava de uma troca de pneus e alguns reparos na funilaria. "Fiz um bom negócio", contou o comprador, que preferiu não se identificar.
 
Já Wagner Boso, de São Paulo, não esconde a satisfação: em janeiro, ele adquiriu um Volkswagen CLM modelo 2008 por R$ 25 mil. Sem carroceria e preparado para enganche de carretas, o veículo também veio de uma mudança de frota de uma empresa de logística. Se ele comprasse o mesmo veículo em uma loja, o valor seria quase três vezes maior: R$ 96 mil.
 
"Terei alguns custos extras para resolver alguns problemas na parte mecânica e pintar novamente a cabine, mas ainda assim o valor será duas vezes mais baixo. Compensa muito", conta.
 
Cuidados

Assim como leilões de veículos, é preciso estar atento na hora de comprar caminhões em modelos como esse. em alguns casos, os carros são vendidos com defeitos graves - seja no motor ou na funilaria.
 
Em primeiro lugar, é preciso se certificar que o leiloeiro é regularizado, como explica Flávio Santoro, da Sodré Santoro. “As empresas que atuam nessa área são regularizadas pelo Estado e, por isso, precisam ter certificados e autorizações em editais públicos. Se não tiverem, já é um indício ruim.”
 
“Para uma compra minimamente segura, é indispensável ler na íntegra o contrato de adesão e pesquisar na Junta Comercial o nome e o número da matrícula do leiloeiro, caso o leilão online seja realizado por uma empresa agenciadora de leilão”, orienta o jornalista Ivanildo Pontes, da revista especializada Leiloeiros do Brasil.
 
A segunda dica é algo que o consumidor brasileiro já costuma fazer: pesquisar preços. Para Flávio Santoro, o fato de apenas 20% dos arrematadores serem pessoas físicas faz com que sempre exista vantagem para elas: “Como esses consumidores não precisam de lucro, podem dar lances mais altos. As empresas não podem fazer isso”, conta.
 
O risco, nesse caso, também passa pelo valor do lance, que pode ultrapassar o justo. Na ânsia por comprar uma mercadoria, principalmente em leilões online, os consumidores podem acabar adquirindo produtos por preços acima do mercado comum.
 
Foi o caso do comerciante goiano Ricardo Alema: no final do mês passado, ele comprou uma BMW 550i produzida em 2011 por R$ 36 mil. Na tabela Fipe, o veículo vale R$ 93 mil – uma diferença de 158%. No caso dele, porém, o veículo estava batido na parte dianteira. Os valores de recuperação podem aumentar o preço final para até R$ 80 mil.
 
Apesar disso, a maioria dos veículos costuma ser seminova, ou seja, aqueles que não chegam a ter mais do que três anos de uso. Segundo Luiz Alexandre Maiellari, da Sodré Santoro, a empresa recebe entre 5.500 e 6.500 carros de frotas, acidentados e recuperados de financiamento.
 
A inadimplência nas modalidades de financiamento ainda envia muitos automóveis para leilões, já que os contratos cujo veículo é colocado como garantia da dívida passaram de 4% para 4,7% em 2016, de acordo com a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).
 
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