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16/11/17 às 10:39

Em Goiás- Postos voltam a ser abastecidos, mas preço do combustível deve continuar alto, diz Sindiposto

Após dois dias de bloqueios em distribuidoras, os postos de combustíveis voltaram a ser abastecidos em Goiás. Apesar dos protestos, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto) prevê que o preço do produto continua alto nos estabelecimentos já que, segundo o sindicato, houve novo aumento.
 
De acordo com o representante do Sindiposto, Antônio Carlos de Lima, o consumidor vai encontrar combustível em todos os postos até o fim da tarde desta quinta-feira (16), em Goiânia, e até sexta-feira (17), no interior. Ele afirmou ao G1 que houve um novo aumento na venda do produto nas distribuidoras e, por conta disto, a única forma do preço dos combustíveis baixar é reduzindo a margem de lucro dos postos.
 
“Eu espero que depois de tudo isso, cada dono de posto possa refletir e quem sabe baixar a sua margem de lucro. O preço da gasolina é livre, cada dono de posto põe o preço que quiser, mas diante da crise vivida nos últimos dias, é necessária esta reflexão. Apesar disto, o preço pago pelos combustíveis nas distribuidoras ficou ainda mais caro, o que deve dificultar esta redução”, disse o representante.
 
O protesto contra o alto preço dos combustíveis começou na madrugada de segunda-feira (13). Em três dias bloqueando a entrada e saída de caminhões-tanque nos locais, segundo o sindicato, cerca de 12 milhões de litros de combustíveis deixaram de circular. O Sindiposto estima que o protesto causou um prejuízo de cerca de R$ 40 milhões ao setor. Os locais foram liberados na noite de quarta-feira (15).
 
O último ponto a ser liberado pelos manifestantes foi a distribuidora que fica no Jardim Novo Mundo, em Goiânia. O local foi desbloqueado por volta das 22h30. Nesta manhã, mais de 30 caminhões esperavam para carregar os combustíveis na central de distribuição.
 
"Vim de Montes Claros para carregar 30 mil litros. Estou desde terça-feira aqui esperando. Geralmente gasta 40 minutos, 1h para carregar, mas hoje deve dar um tumulto maior porque tem muita gente esperando. Mas acredito que até mais tarde eu consiga sair", disse o caminhoneiro Lucas Aparecido Santos.
 
Apesar da espera, ele acredita que é necessário protestar contra o valor cobrado pelo combustível. "Eu sou a favor, porque todo mundo precisa abastecer, então todo mundo é impactado. Mas acho que faltou mais apoio da população para pressionar. Não acredito que, mesmo com esse protesto, os preços abaixem", completou.
 
Caminhões voltaram a ser abastecidos em distribuidora de Goiânia (Foto: Vitor Santana/G1)
Caminhões voltaram a ser abastecidos em distribuidora de Goiânia (Foto: Vitor Santana/G1)
 
Interior
 
Em Minaçu, no norte goiano, o valor do litro da gasolina chegou a R$ 5,02. Os postos em dezenas de cidades do interior ficaram sem o produto. Nos locais onde o motorista encontra combustível, filas quilométricas se formam para o abastecimento.
 
Em Anápolis, condutores ficaram cerca de 1h para conseguir abastecer os veículos. Na cidade, a Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon) identificou a prática abusiva na venda do produto. De acordo com o diretor do Procon Anápolis, Valeriano Abreu, o litro da gasolina, que era vendido a R$ 4,25 em um posto de gasolina, chegou a R$ 4,89 em menos de uma semana.
 
“Aparentemente é uma prática abusiva, que deve sim ser objeto de processo administrativo e se for caso, imposição da multa cabível”, afirmou o diretor.
 
A situação também se repete na região sudoeste do estado. Em Rio Verde, houve correria dos motoristas para tentar abastecer os veículos. Em Jataí, alguns postos já começaram a ser reabastecidos, já na noite de quarta-feira.
 
No Entorno do Distrito Federal, não foi registrada falta de combustíveis, já que os estabelecimentos adquirem o produto em distribuidoras de Brasília, que não foram atingidas pelas manifestações. Segundo o levantamento da TV Anhanguera, a variação de combustíveis na região é alta, e os motoristas devem pesquisar para buscar o melhor preço.
 
Postos de combustíveis voltam a ser abastecidos em Goiás
Postos de combustíveis voltam a ser abastecidos em Goiás
 
Liberação
 
Após liminares, os manifestantes deixaram, na manhã de quarta-feira, três dos sete polos de distribuição de combustíveis, sendo dois em Senador Canedo e um em Goiânia. As outras foram desocupadas na parte da tarde por ação policial e, às 22h, os manifestantes desbloquearam a entrada de uma distribuidora, no Jardim Novo Mundo, na capital.
 
Apesar dos desbloqueios, segundo o Sindiposto, 90% das distribuidoras não tiveram expediente em virtude do feriado. O restante conseguiu carregar e liberar poucos caminhões carregados. Além de Goiás, as distribuidoras também fornecem o produto para os estados de Mato Grosso, Bahia e Tocantins.
 
Conforme o representante do Sindiposto, Antônio Carlos de Lima, as distribuidoras vão operar em horário especial para poder normalizar a situação. No último balanço, divulgado na tarde desta quarta-feira (15), 60 cidades tinham falta de algum combustível, sendo que 15 não tinham nem etanol nem gasolina. O ato é organizado por motoristas, caminhoneiros, taxistas, mototaxistas e motoristas de aplicativos de transporte particular.
 
"Vamos fazer uma força-tarefa para tentar despachar 700 caminhões amanhã [quinta-feira] entre 3h e 19h. Isso é a capacidade máxima que temos em termos de logística no momento. Mesmo assim, ainda não vai suprir a necessidade de todo o estado", disse Lima ao G1.
 
Lima prevê que, se os desbloqueios forem mantidos, a previsão é que todos os postos tenham combustíveis em quantidades satisfatórias na sexta-feira (17).
 
Ação contra os postos
 
Por causa do preço do etanol, a Superintendência Estadual de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon-GO) propôs uma ação contra 60 postos de combustíveis suspeitos de aumento abusivo no valor do combustível. Segundo o órgão, alguns estabelecimentos tiveram lucro de até 120% em Goiânia.
 
O reajuste também influencia no valor da gasolina.“A elevação do etanol sem justa causa está mantendo o preço da gasolina do jeito que está, elevado desta forma por falta de opção do consumidor de buscar o outro combustível”, afirma a superintende do Procon-GO, Darlene Araújo.
 
A Polícia Civil está investigando a formação de cartel entre postos de combustíveis de Goiânia. Segundo a corporação, o processo está em andamento na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor. O Procon também acredita nessa prática.
 
Movimento é intenso nas distribuidoras de combustíveis em Senador Canedo
Movimento é intenso nas distribuidoras de combustíveis em Senador Canedo
 
ICMS
Os manifestantes reclamam do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de 30% para a gasolina e de 25% para o etanol. Eles também protestam contra a prática de cartel entre os postos, padronizando os preços. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), Goiânia tem o valor médio do litro da gasolina mais caro do país.
 
Em nota divulgada na segunda-feira, a Secretaria da Fazenda negou que o aumento dos preços ocorreu por causa do ICMS cobrado dos postos. "Embora a alíquota do ICMS de combustível seja aparentemente elevada, ela está em linha com a tributação que diversos estados brasileiros praticam. Grande parte deles cobra entre 25% e 31%".
 
Ainda de acordo com a secretaria, a "última alteração da alíquota de gasolina fará dois anos em janeiro, que passou de 27% para 28%, mais os 2% de contribuição do Fundo Protege. De lá para cá, no entanto, vários aumentos de preços foram repassados ao consumidor. Além disso, existem diversos benefícios fiscais que diminuem a carga tributária do etanol (25%), diesel (16%) e etanol anidro (que é misturado à gasolina). No caso do etanol, a maioria das usinas também tem o benefício somado do Produzir, resultando em carga tributária real entre 9% e 11%."
 
O representante do Sindiposto afirma que não existe essa prática criminosa no setor. “Para ter cartel, tem que ter combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado. Até hoje nenhum dono de posto foi condenado por cartel no estado de Goiás. Na Justiça não se prova a combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado”, justificou Lima.
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