Notícias / Justiça

23/05/17 às 17:33 / Atualizada: 24/05/17 às 15:01

Juiz manda prender ex-comandante da PM de MT e cabo por grampos clandestinos (estado emite nota)

Prisões foram determinadas nesta terça-feira (23) pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Especializada da Justiça Militar. Esquema de escutas ilegais foi denunciado em reportagem do Fantástico.

Do G1 MT

Edição para ÁguaBoaNews, Clodoeste Kassu

Imprimir Enviar para um amigo
Juiz manda prender ex-comandante da PM de MT e cabo por grampos clandestinos (estado emite nota)

Comandante da Polícia Militar de Mato Grosso em 2015, coronel Zaqueu Barbosa

Foto: Gcom-MT

O juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Especializada da Justiça Militar de Mato Grosso, determinou nesta terça-feira (23) a prisão do ex-comandante da Polícia Militar, Zaqueu Barbosa, e do cabo da PM Gerson Luiz Ferreira, que atualmente está lotado na Casa Militar de Mato Grosso. Zaqueu ocupava a função no período em que um esquema de interceptações clandestinas funcionou no Núcleo de Inteligência da PM, que veio à tona há pouco mais de uma semana com uma reportagem do Fantástico.
 
Ainda não há confirmação se os mandados de prisão foram cumpridos. Após a prisão, porém, o cabo e o ex-comandante da PM devem passar por exame no Instituo Médico Legal (IML) e, em seguida, por audiência de custódia.
 
O cabo Gerson Luiz foi quem pediu à Justiça autorização para grampear telefones de políticos, jornalistas, médicos, entre outras pessoas que não tinham relação com uma investigação sobre tráfico de drogas na fronteira, que seria a justificativa usada para as interceptações.
 
O esquema vigorou entre outubro de 2014 e agosto de 2015. Na época, Gerson estava cedido ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
 
Zaqueu assumiu o Comando Geral da PM em janeiro de 2015, início da gestão Pedro Taques (PSDB), e pediu a exoneração do cargo exatamente um ano depois.
 
A própria Corregedoria Geral da PM admitiu, em nota emitida nesta segunda-feira (22), que as interceptações só podem ser requeridas por oficiais da corporação dentro de inquéritos que estejam atuando. E, nesse caso, quem solicitou foi um cabo, que não atuava na investigação. Ainda segundo a corregedoria, os policiais que teriam participado desse esquema são alvos de um inquérito militar.
 
Segundo o juiz, as prisões preventivas foram decretadas pois eles poderiam atrapalhar as investigações, inclusive destruindo provas. "Importante salientar que o CB Gerson continua trabalhando na Casa Militar, e tem acesso ao software e hardware de interceptação militar, o que facilita ingressar no sistema para consumir, apagar e/ou destruir provas/indícios de crime", diz trecho da decisão.
 
Escuta clandestina da PM monitorava políticos, advogados, médicos em MT
 
O esquema
 
O esquema foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança em 2015. Ele diz que recebeu denúncia do caso naquele ano e que alertou o governador Pedro Taques.
 
Agora, a PGR investiga se Taques sabia do crime e de quem partiu a ordem para as interceptações. O governador, por sua vez, nega que tinha conhecimento sobre o caso.
 
Segundo consta na denúncia, pelo menos 80 pessoas tiveram as conversas grampeadas no período em que o esquema funcionou. Entre elas políticos de oposição ao atual governo de Mato Grosso, advogados, médicos e jornalistas.
 
Os telefones foram incluídos indevidamente em uma investigação sobre tráfico de drogas que teria o envolvimento de policiais militares. O resultado dessa investigação, porém, não foi informado pelo governo até hoje.


Nota a Imprensa do Governo do Estado

 
Diante das prisões determinadas pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, nesta terça-feira (23.05), do coronel da reserva Zaqueu Barbosa, ex-comandante geral da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, e do cabo Gerson Luiz Ferreira Junior, atualmente lotado na Casa Militar, sob suspeita de envolvimento em supostas interceptações telefônicas ilegais, o Governo de Mato Grosso vem a público expressar seu total apoio a todas as investigações em curso sobre o caso, no âmbito do Poder Executivo e dos demais poderes, e reitera sua convicção de que o assunto deve ser apurado com o máximo rigor e, comprovando-se qualquer ato ilícito, que os responsáveis sejam punidos na forma da lei.

O Governo reitera, ainda, que há dois procedimentos em curso no âmbito do Estado de Mato Grosso, sendo um IPM (Inquérito Policial Militar) e outro Inquérito Policial na Defaz (Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública) para investigar tais denúncias.

O Governo ressalva, porém, que o coronel Zaqueu sempre foi um militar de conduta exemplar e idônea, de moral ilibada, tendo exercido por várias vezes cargos relevantes no Comando da Polícia Militar, e que é necessário aguardar o término das investigações para que se faça qualquer juízo de valor. O mesmo se aplica ao cabo Gerson, que não possui qualquer mácula na sua ficha funcional.

Cuiabá-MT, 23 de maio de 2017.

GCOM (Secretaria Extraordinária do Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso)

comentar  Nenhum comentário

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Agua Boa News. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Agua Boa News poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
 
 
Sitevip Internet