Quase dois meses após ser descoberto dentro de uma caixa de papelão, em uma área de mata de Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá, o corpo de Maria Eduarda, de 2 anos, foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) da capital para sepultamento. A família da criança, que foi assassinada no dia 7 de setembro deste ano pelo pai e pela madrasta, aguarda desde 18 de setembro, quando o corpo foi encontrado, pela liberação.
O corpo da criança é um dos que estava retidos no IML de Cuiabá por falta de um reagente usado em exames de DNA, usados na identificação dos corpos. A demora se deu porque o DNA foi retirado na capital e encaminhado até Goiás para que a identificação fosse feita. Como já foi confirmada a identidade da criança, o corpo foi liberado para a família realizar o enterro.
Segundo a Polícia Civil, Maria Eduarda foi assassinada pelo pai e pela madrasta, Lenilson Barbosa de Souza, de 25 anos, e Katia Cristina de Almeida Lopes, de 27 anos, que confessaram informalmente o crime. Eles foram presos em Água Boa. A madrasta disse às autoridades que Lenilson se irritou depois que a menina defecou nas roupas e na cama e agrediu a filha. O G1 não conseguiu localizar o advogado do casal até a publicação desta reportagem.
Conforme a delegada Luciana Casaverde, o casal morava em Água Boa e foi trabalhar em uma fazenda na região de Paranatinga, a 411 km de Cuiabá. A mãe, que tem a guarda da filha, permitiu que a menina fosse passar uns dias com o casal. A madrasta, o pai e a criança ficaram nessa propriedade por aproximadamente um mês, até que se mudaram para Primavera do Leste.
“No dia 7 de setembro, ela [madrasta] foi ao mercado e, quando retornou, ele [o pai] disse que tinha batido na menina porque ela tinha feito cocô na roupa e na cama. A criança estava grogue e decidiram dar remédio para dores a ela. Deixaram a menina no quarto e durante a noite viram que ela foi a óbito”, declarou a delegada ao G1, na época da prisão. A madrasta não disse qual remédio deu para a criança.
Conforme a polícia, o pai e a madrasta não chamaram a polícia e nem procuraram ajuda depois que perceberam que a menina havia morrido. Eles desocuparam uma das caixas que usariam para a mudança de endereço, colocaram o corpo dentro de um saco plástico e o enrolaram no lençol que a criança dormia.
"Eles amarraram a caixa com uma corda e deixaram na casa. Foram trabalhar novamente em uma fazenda e regressaram depois de dois dias. Perceberam que [a casa] estava exalando um forte odor e decidiram se livrar da caixa [com o corpo]”, disse a delegada.