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19/09/16 às 07:44

“Eu acreditava que só seria feliz se fosse magra”, diz miss plus size

jovem Amanda Vaz diz que concurso, realizado na semana passada, lhe ajudou a se aceitar

Érika Oliveira - Mídia News

Edição para Agua Boa News, Michel Franck

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“Eu acreditava que só seria feliz se fosse magra”, diz miss plus size

Amanda Vaz, eleita Miss Mato Grosso Plus Size 2016

Foto: Arquivo pessoal

A maquiadora e youtuber Amanda Vaz, de 18 anos, foi eleita miss Mato Grosso Plus Size 2016. Cheia de si, a jovem revela que nunca esteve tão satisfeita com sua aparência, mas confessa que nem sempre foi assim.
 
“Comecei a me aceitar depois que o concurso apareceu na minha vida, porque, até então, eu acreditava que só seria feliz se emagrecesse”.
 
Realidade de várias mulheres que não possuem as medidas das modelos de capas de revistas, Amanda sofreu preconceito de muitas pessoas, inclusive de familiares, por ser gordinha.
 
Segundo Amanda, que é de Jaciara, antes do concurso, ela deixava de usar muitas roupas que diziam não ser adequadas para o seu “tipo” corporal.
 
“Quando eu cortei meu cabelo todo mundo disse: ‘você ficou ainda mais gorda de cabelo curto’. Já ouvi de muita gente que plus size tem que ter cabelo longo para disfarçar o rosto redondo. Roupa também: diziam que eu não podia usar legging, saia, vestido justo. E, sendo bem sincera, eu não usava antes, mas agora visto tudo o que eu quero”.
 
Ela confessou, inclusive, que nunca havia usado uma roupa de banho em público.
 
“Eu nunca tinha vestido um maiô, porque eu tinha vergonha do que as pessoas achavam. A primeira vez que usei roupa de banho foi no dia do concurso e eu me amei”, revelou.
 
O Preconceito

 
A miss Mato Grosso Plus Size conta que sofreu muito com a gordofobia

Fofinha, cheinha, gordinha são eufemismos comuns a quem está com alguns (ou muitos) quilos a mais.
 
“Você tem um rosto lindo, por que não emagrece?” também é uma frase frequente no dia a dia de quem sofre com a gordofobia.
 
Com a miss, Amanda Vaz, não foi diferente. Desde pequena ela ouvia de familiares e amigos que precisava emagrecer.
 
“Eu sofri preconceito por causa do peso durante toda a minha vida. Aquilo foi virando um rancor. Alguns dias antes do concurso eu fiquei muito triste por causa de críticas, chorei muito”, desabafa.
 
A jovem conta que sempre recebeu apoio de sua mãe e de seu marido nessas situações. Mas que mesmo assim não escapou das dietas malucas para tentar se encaixar no “padrão” que tentavam lhe impor.

 
"Quanto mais eu emagrecia, mais eu achava que precisava perder peso"
 
“Eu já emagreci 15kg em um mês. Era uma fase da minha em que eu estava frustrada comigo mesma, com meu corpo, com minha aparência. Quanto mais eu emagrecia, mais eu achava que precisava perder peso”.
 
Hoje, aos 18 anos, vestindo um manequim 46, Amanda diz que entende que o corpo que estampa as capas de revista não condiz com a realidade da maioria das mulheres.
 
De acordo com a miss plus size, entender o que é este movimento é o primeiro passo para ajudar pessoas que sofrem preconceito por causa do peso.
 
“Antes, minhas referências de beleza eram mulheres magras. Mas a minha cabeça mudou muito. Agora, eu sei que para ser bonita eu não preciso vestir 38”.
 
O "Padrão"
 
A moda plus size tem ganhado certa notoriedade. No entanto, quem procura roupas dentro deste segmento, diz encontrar, ainda, muitas dificuldades.
 
A maioria das lojas que oferecem roupas com numerações maiores vão até o manequim 46. Quando passam disso, oferecem roupas que Amanda classifica como “roupas para pessoas gordas”.
 
Apesar de parecer mais democrático nos dias atuais, o mundo da moda nem sempre é justo com todas as pessoas.
 
“As lojas tem roupas até determinado tamanho e eu tive muita dificuldade para encontrar algo que me agradasse. Do que adianta uma loja fazer um movimento plus e me oferecer um vestido que é maior do que eu? Não é porque é plus size que tenho que me vestir fora da moda”.
 
Fato observado também nos editoriais e capas de publicações. Ver modelos GG estampando capas de revista, infelizmente, ainda é algo incomum.
 
Para Amanda, isso ocorre porque as pessoas ainda não entenderam que o movimento plus size não trata de fazer apologia à gordura, mas sobre aceitação do próprio corpo.  
 
“Nós só queremos ser aceitas do jeito que nós somos. Eu sou gorda, mas eu tenho saúde”, rebate.
 
Miss Nacional

A miss Mato Grosso Plus Size entra agora na fase de preparação para o concurso nacional. Amanda conta que até mesmo dentro do curso há um padrão a ser seguido.
 
“Para o miss nacional eu vou fazer academia para enrijecer meu corpo. É uma exigência do concurso, mas eu não vou perder peso. Existe um padrão, a gente tem que se cuidar”.
 
Amanda diz que não vê essa exigência como algo ruim, pelo contrário. Segundo a miss, embora muitas pessoas associem um corpo mais cheinho à obesidade ou outras doenças, o cuidado com a saúde é um dos principais requisitos para se tornar miss plus size.
 
“O concurso ressalta muito a importância de estarmos saudáveis. Eles fazem até exames”, esclarece.
 
A coroação do Miss Plus Size Nacional ainda não tem data definida.  

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