Notícias / Meio Ambiente

04/08/16 às 08:26

Vamos plantar água? Água se planta com agroflorestas

“A Vida baseada no Amor Incondicional gera abundância.” Ernst Götsch

Portal Purus

Edição para Agua Boa News, Michel Franck

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Em períodos de secas, queimadas e clima insalubre devido a baixa umidade do ar e a fumaça dos incêndios, ocasionando um desastre ambiental de proporções catastróficas para o Brasil e o mundo é mister lembrar as lições de Ernst Götsch e as suas amadas e benfazejas agroflorestas.

Ernst Götsch nos mostra que agroflorestas são agroecossistemas semelhantes aos sistemas naturais: “a vida não conhece tempo, conhece fluxo.” Observando esta premissa ecossistêmica recupera solos degradados, sem insumos de fora, ao contrário da “revolução verde” e do modelo insustentável do agronegócio latifundiário e da monocultura.

A agrofloresta evita ciclos anti-ecológicos com desarmonia inoportuna. O Planeta Terra é um biocondensador, pois capta 1% da energia solar e armazena hidrocarbono, portanto as queimadas são suicídio.

A agrofloresta produz madeira, que não é plantada com esta finalidade exclusivamente, pois é um subproduto.

Ernst Götsch nos conta que comprou uma fazenda com o sintomático nome de “Fugidos da Terra Seca”, em Tabuleiro de Valença, na Bahia. Implantou o sistema de agroflorestas neste lugar seco e que o sistema impede secas na fazenda, mudando o nome da fazenda para “Olhos d’água”, pois as chuvas são retidas, houve formação de córregos, e tem quase o dobro de precipitação pluvial que as outras propriedades rurais no entorno.

Conta que se vale dos dispersores naturais de sementes: pássaros, até animais exóticos, cotias, outros  até então eram considerados extintos.

Frugívoros como o macaco-prego são plantadores de cacau e de jaca.Outro semeador é a paca, o gavião planta pupunha, a saúva é grande reflorestadora. Otimizadores do processo da vida!

Lembra que o guanandi na Mata Atlântica é indicador de nascente de água. Minhocoçu, com cerca de 2 metros e 350 gramas é indicador de terra boa.

Sua dica é plantar o que pode dar no local. A regeneração na floresta ocorre a partir de clareiras, até chegar a uma mata de clímax com ipês-roxo, guapuruvus. Na clareira planta logo pitanga e ingá, por exemplo.

Na caatinga recomenda plantar sisal, depois beldroega, mandacaru (cactus), guandu, feijão, caju, mamão.

Cuidado com animais domésticos (cabras, ovelhas, porcos,bovinos)  pois modificam a paisagem, originando a estepe.

“As espécies tem função prazerosa, criam o paraíso na Terra em comunicação.”

Saber do princípio hermético, atentando para processos regenerativo, respiratório. Cada espécie é pré-determinada pela que a precede, “somos parte de um sistema inteligente” recorda Götsch.

Colonizadores (bactérias), acumuladores com ciclos respiratório e regenerativo paralelos à ação dos polinizadores como as formigas, insetos, animais dispersores de sementes trazem muita abundância com muitos animais de grande porte atuando juntos com a sucessão natural para uma biodiversidade consolidada.

A placenta da agrofloresta são as vassouras, marcela, guandu. As criadoras da placenta são batata-doce, mandioca para uma densidade definitiva de vegetação semelhante a um monocultivo com respiração para levar a uma transformação com plantas secundárias tais como banana-nanica, araçá-mirim, jurubeba, tomate de árvore e chegando a um ciclo longo com pitanga, goiaba, abacate, araticum, ingá-cipó, algumas das canelas.

Lembrando que  leva de 250 a 300 anos para chegar ao clímax com as características de auto-reprodução da floresta (um ciclo completo de respiração da floresta ).

Em tempos de seca, principalmente ética e intelectual dos políticos brasileiros, propondo uma revisão desastrosa do Código Florestal Brasileiro recordemos Benjamin Franklin: “se as cidades forem destruídas e os campos forem conservados, as cidades ressurgirão, mas se queimarem os campos e conservarem as cidades, estas não sobreviverão.”

Acrescento: sem a floresta o campo perecerá queimado e desértico como podemos ver atualmente no Cerrado e na Amazônia.

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  • por Antonio Ayrton Morceli, em 29/02/20 às 15:35

    Mestre Bandarra. Só para esclarecer, destroi-se matas para vender tábuas e não taboas. E que uma área de uma fazenda não mudará o sistema pluviométrico daquela área. Diferente de reverter uma nascente que tenha sucumbido em função desmatamento.

  • por Junimar Berté, em 15/02/20 às 08:51

    Eu gostaria de ao menos uma comprovação científica confirmando q/ chove nessa região pq tem floresta ? Pq a verdade se mostra exatamente oposta, estão dando o exemplo de uma região q/ é árida devido a eventos absolutamente naturais sem qualquer intervenção humana, q/ passou a ficar verde pq se otimizou o fluxo de água. Eu duvido muito q/ as novas mudas e todo o replantiu cresceram sem uma intervenção mecânica em uma corrente de água. Evidentemente não é correto desmatar sem uma real necessidade, mas dizer q/ isso torna a região árida não é verdade, em qualquer região com razoável incidência de chuvas, uma área desmatada volta a ter cobertura vegetal em poucos anos apenas deixando o processo natural acontecer.

  • por José Inácio lacerda Moura, em 03/02/20 às 07:17

    Mas para se plantar floresta é preciso água e, esse ciclo ( água) no sul da Bahia mudou profundamente. Por fim só acredito em safs com irrigação. Safs não tem o que filosofar, ou seja, água, luz e nutrição para os consortes.

  • por Adair Leomar Dockhorn, em 16/12/19 às 02:35

    É muito bom ler algo que dignifique a criação de Deus, responsabilidade do ser humano para que se mantenha. No interior de Vila Valério ES há um senhor conhecido como Chico da Mata. Faz mais de 30 anos que ele adqueriu uma propriedade com uma área desmatada e outra não. Os vizinhos motivaram ele a derrubar o que havia para plantio. Ele porém não aceitou. Diz e repete: Deus me deu a responsabilidade de cuidar da criação de Deus. No tempo da seca, por causa da mata preservada e diversas nascentes, eram pegos 12 caminhões pipas de água de beber para a população que não tinha mais água nas propriedades. Exemplos de vida.

  • por Fernando Queiroz, em 13/12/19 às 09:14

    Desculpem a franqueza, Não desejo ser rude. Falo do que senti: muita informação, por vezes colocada de forma a poucos entenderem. Deveria ser mais explicativo, didático mesmo pois o assunto exige. Às vezes pareceu um relatório. Mas, muito obrigado. continuem.

  • por Evelyn, em 27/11/19 às 13:35

    Alguem pra me mandar o contato do ernst? Resposta da redação: Contato info@agendagotsch.com o O Osvaldo Souza tem mais informações - https://www.facebook.com/osvaldo.sousa.33

  • por Ângela Kelly Moreira, em 12/11/19 às 23:04

    Alguém tem o contato do Emesr para me passar? Da redação: info@agendagotsch.com

  • por Salvador Mayorga, em 15/07/19 às 10:41

    Excelente artículo, muchas gracias.

  • por Mestry Badahra, em 14/07/19 às 21:18

    É Lamentável, que o Perigo da ausencia de Providencias sobre a nossa ÁGUA, seja esquecido por Todos os que poderiam tomar uma atitude URGENTE ! No entanto estão autorizando acabar com a alma do Planeta Devastando as florestas, para VENDER Taboas etc .. Não existe nem um Projeto no senado na câmara, relativo a este grave Problema . Mestry Badahra

  • por José Borges, em 14/07/19 às 00:27

    “Olhos de água” é o nome inicial da fazenda (ainda antes do nome “Fugidos da Terra Seca”), e que Ernst voltou a “baptizar” !! O aumento da pluviosidade não se restringe à fazenda de Ernst mas, influencia uma região mais vasta que a própria fazenda. As fontes e os cursos de água da Fazenda de Ernst mantém água nascente e corrente durante todo o ano! A agrofloresta de Ernst é baseada no sistema, por ele criado e desenvolvido, com o nome de Agricultura Sintrópica!! Uma referência a nível mundial que pode e deve ser replicada, mediante as adaptações necessárias caso-a-caso, claro!

 
 
 
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