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23/07/16 às 21:26

Carinho: classe hospitalar do Hospital de Câncer atende 12 crianças por dia

Aline Coelho | Seduc-MT

AGUA BOA NEWS

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Carinho: classe hospitalar do Hospital de Câncer  atende 12 crianças por dia

Classe hospitalar do HCan atende 12 crianças por dia

Foto: Gcom-MT/Rafaela Zanol

A pequena Maria Eduarda dos Reis, de nove anos, frequenta a Classe Hospitalar do Hospital do Câncer de Cuiabá enquanto aguarda o tratamento de leucemia. No local, que está dentro do Espaço da Família, ela é atendida pelas professoras Neise Maria da Silva e Marilce Benedita Alves Monteiro, contratadas pela Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc).
A estrutura é composta pela classe, uma sala de TV, cercada por estantes com livros e brinquedos, e um quarto de repouso. Além de um banheiro desinfetado que só pode ser utilizado pelos pacientes. A sala funciona em dois períodos: nas segundas, quartas e sextas-feiras, das 07h às 12h, frequentam o espaço crianças que vêm para consulta no ambulatório; e das 14h às 18h, crianças internadas e em isolamento médico.
Maria Eduarda joga minecraft, tira selfies e grava vídeos para o seu canal. Ela lamenta que “apesar do celular ser grande a memória é pequena, então eu tenho que tirar poucas fotos”. A mãe, Tânia Castilho de Oliveira dos Reis, conta que apesar de ser um pouco desanimada para estudar na Escola Municipal São Sebastião, no bairro homônimo onde reside, ela sempre pede para chegar mais cedo nos dias de tratamento para desfrutar no Espaço da Família, onde é montada a Classe Hospitalar.


“Quando passamos internados percebi que todas as crianças contam os segundos de vir para cá. As professoras têm paciência e esse é um projeto maravilhoso para distrair as crianças, que ficam internadas do tratamento. No leito as crianças sentem sofrimento, por isso esse espaço é primordial. Quando a gente vem para consulta, ela quer vir mais cedo e sempre pede para ficar mais um pouquinho com as professoras”, conta Tânia.

Profissionais

As professoras Neise Maria da Silva e Marilce Benedita Alves Monteiro atendem entre 10 e 12 crianças por dia, em atividades multiseriadas. Na última semana, colaboraram com uma jovem que se prepara para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

As profissionais realizam o planejamento anual na Escola Estadual Fenelon Muller e nesse bimestre trabalham o projeto “Conhecendo e aprendendo com os animais”. “É preciso ter perfil, pois essa é uma realidade peculiar. Trabalhamos para as crianças sentirem-se amadas e queridas. O jovem está afastado da escola, mas a escola vem até ele”, pontua Neise.




A educadora conta que aprende com estudantes todos os dias, pois trabalham as potencialidades que todas as crianças possuem e os pequenos sempre surpreendem. Minutos antes Maria Eduarda explicava à professora o que é o aplicativo snapchat.

As professoras acompanham a parte clínica para saber como trabalhar com cada criança. Quando os pequenos pacientes estão com febre ou outras situações, é preciso flexibilidade, pois a prioridade é a saúde dos estudantes.

Elas também vão até o leito, inclusive ao isolamento, onde é necessário o preparo e vestimenta especial. Recebem o diagnóstico desses estudantes e relatório escolar, trabalham pedagogicamente com essas informações e produzem relatórios que são enviados para a EE Fenelon. “Vim trabalhar aqui esse ano, antes trabalhava na Escola Estadual Rodolfo Augusto, no bairro Paiaguás. Sou pedagoga há 23 anos e por muito tempo atuei com crianças especiais. Uma amiga contou sobre a classe hospitalar e eu fiz o processo. Foi difícil, mas consegui. Conversei com a psicóloga, é muito importante destacar que existe a entrevista para a análise do perfil para podermos trabalhar nesse ambiente”, explica Neise.  




Marilce também é pedagoga há 20 anos e começou na classe hospitalar em novembro de 2014, para atender a uma licença de tratamento de saúde. “Já havia me disponibilizado para o trabalho com crianças em tratamento. Então, me chamaram e ofereceram essa vaga, quando eu entrei aqui, senti meu coração pulsar”. E resume: “flexibilidade e resiliência, esse é o nosso lema”.

Tratamento

“Eu fico igual um tatu, você sabe como é?”. Maria Eduarda imita a posição do animal enquanto explica com naturalidade a punção que irá fazer em poucos minutos. “Eles colocam a agulha das minhas costas e eu tenho que ficar um tempão”. A jovem trata a leucemia desde setembro de 2015. Ela esperou por mais um ano pelo diagnóstico, pois os sintomas eram explicados como emocionais, devido a chegada da irmã mais nova.

Uma médica desconfiou de reumatismo e a encaminhou para uma reumatologista. A garota foi então diagnosticada com leucemia e no dia seguinte foi internada no Hospital de Câncer, se preparando para a primeira sessão de quimioterapia, que aconteceu na semana seguinte.




Apoio

Falante e extrovertida, Maria Eduarda estrela a campanha de arrecadação de fundos para auxiliar o tratamento das crianças com câncer, mas também existem alunos tímidos, como Kayla Pereira. A avó Eva Pereira conta que a menina de cinco anos trata a leucemia há nove meses, mas é grande e inteligente para a idade. Apesar de gostar de participar das atividades propostas pelas professoras, ela tem dificuldade em interagir com os colegas.

A professora Marilce ressalta que Kayla ficou um mês internada no isolamento para tratamento e foi liberada para aulas pois apresentava um quadro maior de introspecção por falta de contato com outras pessoas. Desde então desenvolveu a fala e interação, além das atividades pedagógicas de alfabetização.

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