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03/07/16 às 13:23

Pecuarista paulista é acusado de liderar grupo criminoso no Pará

Investigações apontam para um desmatamento ilegal de 29 mil hectares de florestas

Raphael Salomão e Venilson Ferreira - Globo Rural

Edição para Agua Boa News, Michel Franck

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O pecuarista Antônio José Junqueira Vilela Filho é apontado pela Polícia Federal (PF) como líder de um grupo acusado de invadir florestas, retirar madeira de maior valor, derrubar a mata remanescente e atear fogo, para depois explorar a criação de gado e o cultivo de soja e arroz, com investimento próprio ou arrendando as terras. Vilela Filho é dono de fazendas em São Paulo, Mato Grosso e Pará.

O empresário é um dos citados na Operação Rios Voadores, deflagrada na quinta-feira (30/6) pela PF junto com Ministério Público Federal (MPF/PA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e Receita Federal contra organização criminosa especializada no desmatamento ilegal e na grilagem de terras públicas no estado do Pará (PA).

A ação envolveu 95 policiais federais, 15 auditores da Receita, 32 analistas do Ibama e duas aeronaves. Foram expedidos pela Justiça Federal de Altamira 52 medidas, sendo 24 mandados de prisão preventiva e nove mandados de condução coercitiva, quando o investigado é obrigado a prestar depoimento, e 19 mandados de busca e apreensão para os municípios do Pará (Altamira, Anapu e Novo Progresso), de São Paulo (Araçatuba, Itápolis, Presidente Prudente, Sandovalina e São Paulo), de Mato Grosso (Alta Floresta, Barra do Garças, Cuiabá, Guarantã do Norte, Peixoto de Azevedo, Porto Alegre do Norte, Rondonópolis, Sinop e Sorriso), de Mato Grosso do Sul (Ponta Porã) e de Santa Catarina (São José).

No Pará, os policiais cumpriram dois dos três pedidos de prisão preventiva e todos os seis mandados de busca e apreensão. Em Mato Grosso, foram executados quatro dos seis pedidos de prisão preventiva e cinco mandados de busca e apreensão. Dois mandados de condução coercitiva não foram cumpridos. No Estado de Santa Catarina, foi executado um pedido de prisão preventiva. Em São Paulo, dos três pedidos de prisão preventiva, um foi executado. As autoridades cumpriram também cinco mandados de busca e apreensão e três pedidos de condução coercitiva.

O Ministério Público Federal informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que Antônio José Junqueira não foi preso e é considerado foragido. Segundo o órgão, ele será incluído na lista de procurados da Interpol, a Polícia Internacional, já que é considerada a possibilidade do pecuarista sair do país. A reportagem da Globo Rural tentou entrar em contato com o empresário em seu escritório, mas não conseguiu resposta.

O material apreendido, documentos e computadores, será analisado em Belém, capital paraense. Ainda segundo o MPF do Pará, entre 2012 e 2015, o grupo teria movimentado cerca de R$ 2 bilhões, mas ainda não é possível dizer o quanto desse montante está relacionado com a atividade ilegal.

 
Ajuda dos Índios
De acordo com o MPF/PA, o caso vem sendo investigado há pelo menos dois anos, a partir de denúncia feita por índios caarapó que vivem na região. Conforme as investigações, o grupo se utilizava dos chamados gatos, que atuam como aliciadores por meio de uma empresa de fachada.

Trabalhadores eram recrutados e colocados em condições degradantes nos locais onde as atividades ilegais seriam cometidas. Todas as áreas ilegalmente desmatadas seriam, segundo as autoridades, terras públicas federais. 

Nesses locais, eram montados acampamentos, uma tática chamada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de multiponto ou cupim, cuja detecção é mais difícil. Em função dessa condição, os próprios indígenas que fizeram a denúncia ajudaram nas investigações fazendo o mapeamento da área desmatada e informando as autoridades.

Ao todo, teriam sido destruídos 29 mil hectares de florestas em Altamira (PA), área equivalente a municípios como Fortaleza (CE) ou Belo Horizonte (MG). Ainda segundo o Ministério Público do Pará, os suspeitos podem ser indiciados por crimes como formação de quadrilha, grilagem, desmatamento ilegal, lavagem de dinheiro e exploração de trabalho análogo à escravidão. Podem também sofrer ação cível para a reparação dos danos causados pelo desmatamento ilegal, estimados em R$ 420 milhões

Veja as ações e a lista dos investigados na Operação Rios Voadores, segundo as informações divulgadas pela Polícia Federal.

Mandados de prisão preventiva foram expedidos contra:

- Adilce Eleotério Garcia, o Panquinha
- Adriano Campos de Almeida
- Antônio José Junqueira Vilela Filho
- Arnildo Rogério Gauer
- Bruno Garcia Almeida
- Cláudio Roberto Bratz
- Clesio Antonio Sousa Carvalho
- Douglas Dalerto Naves
- Edson Mariano da Silva
- Eremilton Lima da Silva
- Evaldo Mulinari
- Francisco Antônio Junqueira Franco
- Jerônimo Braz Garcia
- Jhonatham Brito Medeiros
- Laura Rosa Rodrigues de Sousa
- Leilson Gomes Maciel
- Luciano Bello Lorenzoni
- Márcio Kleib Cominho
- Nélio  ngelo Santiago
- Nilce Maia Nogueira Gauer
- Thiago Bello Lorenzoni
- Ramão Benites Gimenes
- Ricardo Caldeira Viacava
- Rodrigo Siqueira Pereto


Mandados de condução coercitiva expedidos contra:

- Alisson Fernando Klimek
- Ana Luiza Junqueira Vilela Viacava
- Ana Paula Junqueira Vilela Carneiro Vianna
- Cleber Rodrigo de Oliveira
- Clemar José Fais
- Dione Regina de Lucca
- Eduardo Góes da Silva
- Fábio Brustolin Giaretta
- Heládio Cezar Menezes Machado


Proibição de comunicação com arrendatários citados na investigação, proibição de deslocamento de município e controle por monitoramento eletrônico contra:
- Antônio José Rossi Junqueira Vilela


Mandados de busca e apreensão expedidos para os endereços das seguintes pessoas físicas e jurídicas:
- A. E. Garcia Comércio e Transporte ME - Panquinha Compra de Gado (Altamira/PA)
- Adilce Eleotério Garcia, o Panquinha (Altamira/PA)
- Adriano Campos de Almeida (Novo Progresso/PA)
- Antônio José Junqueira Vilela Filho (São Paulo/SP)
- Bruno Garcia Almeida (Sinop/MT)
- Ecritório Campos Organização Contábil (Presidente Prudente/SP)
- Edson Mariano da Silva (Novo Progresso/PA)
- Empresa Adepará de Castelo dos Sonhos (Altamira/PA)
-Fertimig Fertilizantes Ltda (unidades de Rondonópolis/MT e Sorriso/MT)
- Jeronimo Máquinas Ltda – ME (Sinop/MT)
- Jerônimo Braz Garcia (Sinop/MT)
- Jhonatham Brito Medeiros (Sinop/MT)
- Nilce Maia Nogueira Gauer (Guarantã do Norte/MT)
- Ricardo Caldeira Viacava (São Paulo/SP)
- Sociedade Comercial AJJ S.A (São Paulo/SP)
- Sociedade Comercial do Rochedo (Cuiabá/MT)
- Sociedade Empresária Terra Engenharia-PA (unidades de Altamira/PA e Novo Progresso/PA).
 
 
 
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