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12/05/16 às 10:35 / Atualizada: 12/05/16 às 11:06

Sistemas Silvipastoris é tema de Dia de Campo em Água Boa

Rafael Govari - ISA

ÁGUA BOA NEWS

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Sistemas Silvipastoris é tema de Dia de Campo em Água Boa

Técnica alia pecuária com produção florestal

Foto: Rafael Govari – ISA

Sistemas Silvipastoris foi o tema do Dia de Campo realizado no dia 30 de abril no P. A. Jaraguá, município de Água Boa, no lote do agricultor Ricardo Dias Batista. Os participantes puderam conhecer um sistema que alterna piquetes de pastagens e árvores, com o objetivo de obter renda com duas atividades e melhorar os resultados na criação de gado.

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O sistema silvipastoril é atualmente a técnica agroflorestal mais utilizada no Brasil. Quem diz isso é o pesquisador da Embrapa Agrosilvipastoril, Diego Barbosa Alves Antônio (foto). O sistema implantado no P. A. Jaraguá tem o componente arbóreo (árvores), o componente forrageira (capim) e o componente animal (gado).

“Todo sistema tem ganhos e perdas. Mas o benefício que mais salta aos olhos no silvipastoril, é a ambiência animal, em que você consegue atenuar em até cinco pontos no ITU (Índice Temperatura Umidade). Além disso, estima-se em 700 mm a evaporação de água por causa do vento ao ano, mas o sistema silvipastoril atenua a velocidade do vento, logo é como se você estivesse irrigando a sua área com 700 mm ano, conservando essa lâmina d’água. E falando de Mato Grosso, com seis meses de seca, é uma benefício interessante”, explicou Diego Barbosa.

A combinação de temperaturas mais amenas – pois o gado pode descansar na sombra-, com menos evaporação de água da terra, tendem a trazer melhores resultados no ganho de peso dos animais. As folhas de algumas árvores utilizadas no sistema, como a acácia mangium, também serve como forrageira, ou seja, em que o gado pode comer, se tornando em um aporte nutricional. A expetativa é que o sistema também suporte um número maior de cabeças de gado por hectare, que na região está da média de uma cabeça.

O outro benefício é que são plantadas árvores que futuramente terão valor comercial, como a madeira, seja pra lenha, para palanque ou móveis. “A gente tem tentado, aqui, ter diferentes espécies com entradas diferentes, escalonar, por exemplo, primeiro vai sair o eucalipto, depois a acácia mangium e por último o mogno africano. E a gente está fazendo testes, com o dendezeiro e algumas espécies nativas, como o cumaru. Já com o baru, a ideia é aproveitar a semente, muito valorizada”, explicou o pesquisador. Enquanto as árvores não fecham as copas, podem ser plantadas espécies de leguminosas e algumas espécies como o mogno africano é muito bom para a apicultura (mel).

O consórcio foi implantando no lote do agricultor Ricardo Dias no final do ano de 2014. Foram quatro hectares, com cinco piquetes, sendo três de pastagens ocupando 3,5 hectares intercalados com dois piquetes de árvores somando 0,5 hectare. Para não danificar as mudas, o gado de tamanho médio pode ser solto para adentrar nas áreas arborizadas a partir de 18 meses do plantio no caso do eucalipto. Na média, cada hectare arborizado recebeu 250 mudas de árvores a um custo de R$ 2.500,00 por hectare arborizado para plantio e manutenção. Não foi utilizado irrigação. O custo para a reforma de pastagem, geralmente com o uso da braquiária, fica na média em 500 reais por hectare. A renda com o gado é imediato à reforma do pasto e a renda com madeira começa a partir dos três anos em espécies com o eucalipto.

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O técnico do ISA Junior da Veiga (foto) explicou que Ricardo Dias e a sua esposa Luzia são parceiros da Campanha Y Ikatu Xingu desde o ano de 2007 e desde então vinham implantando SAFs (Sistemas Agroflorestais) em seu lote, totalizando quatro áreas com idades diferentes. Uma das áreas, por exemplo, recebeu o plantio de árvores, de capim e de mandioca. Após a colheita da mandioca, permaneceram as árvores e o capim. Com quase nove anos, hoje as árvores estão grandes e o gado pasta na área. A diferença deste SAF para o silvipastoril, é que no SAF as árvores foram plantadas com espaçamento maior e o capim está entre as árvores. No silvipastoril são piquetes só com capim e só com árvores intercalados.

“O SAF e o silvipastoril são sistemas que te trazem retorno de duas formas, uma do mercado madeireiro e o outro retorno é com o gado melhorando o pasto e proporcionando o bem estar animal, porque em alguns horários do dia o gado estará pastejando na sombra. Você faz um investimento, mas depois você tem um retorno”, falou Junior Veiga.
 
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Ricardo Dias (foto), que está no lote de 43 hectares desde o ano 2.000, disse que o sistema silvipastoril segura um pouco mais o vento com no SAF, tendo assim, a ter menos evaporação da água. Além disso, o silvipastoril suporta mais gado e como foram plantadas espécies exóticas – no SAF foram plantadas espécies nativas-, ele acredita que a produção de madeira também será maior.
“Os dois sistemas são bons. As árvores nativas não é ruim porque você conserva o bioma cerrado e com as exóticas você tem um desenvolvimento mais rápido. Quero ampliar mais três piquetes no silvipastoril”, disse o proprietário.

A realização do Dia de Campo foi do ISA (Instituto Socioambiental), Embrapa, Roncador Xingu, com apoio da Foundation Moore, AXA (Articulação Xingu Araguaia) e EDF (Environmental Defense Fund).
(Texto e fotos: Rafael Govari – ISA).

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Dia de Campo reuniu parceleiros e pesquisadores

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Gado pasta no piquete com capim e ao fundo piquete com árvores

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Foto mostra como o piquete de árvores segura o vento

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Foto panorâmica mostra piquete de pastagem rodeado por piquetes com árvores

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