Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) invadiram na manhã desta quinta-feira o prédio da Secretaria Estadual de Educação e do Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso). De acordo com funcionários da Seduc, eles quebraram vidros e até agrediram alguns servidores públicos.
A Polícia Militar foi acionada para conter os ânimos. Após muita conversa tensa, os trabalhadores se acalmaram, mas ainda permanecem na recepção da Secretaria.
No Intermat, o clima também é de tensão. No entanto, não há registro de violência física.
Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado Oscar Bezerra (PSB) disse que foi informado que os membros do MST estavam visivelmente embriagados e armados no interior da Secretaria de Educação. "Estão bêbados, com foice e facão na mão, gerando clima de terror aos nossos servidores", assinalou.
Oscar afirmou que a segurança do parlamento, inclusive, foi orientada a não permitir a entrada do grupo no interior da Assembleia. "Não sou da Mesa Diretora, mas tomei a liberdade de fazer essa orientação. Pode ter certeza, que se aqui eles vierem, vai ter enfrentamento".
Desde o início da semana, o MST tem realizando atos em Mato Grosso. Na última segunda-feira, o grupo de cerca de 100 manifestantes percorreu a BR-364 até a avenida Fernando Correa da Costa.
No dia seguinte, seguiram com a caminhada até a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), provocando um caos no trânsito da capital. Eles permaneceram acampados no local até a manhã desta quinta, quando resolveram "invadir" secretaria de Estado.
De acordo com os manifestantes, os protestos fazem parte da “Semana do Trabalhador” e também de defesa da presidente Dilma Roussef (PT), que sofre processo de impeachment no Senado. O movimento também relembra 10 ano do “massacre” de Eldorado dos Carajás, onde vários trabalhadores Sem Terra foram mortos em confronto com policiais.
NOTA DE ESCLARECIMENTO DO MST
Na manhã dessa quinta-feira, 28 de abril, a Marcha “POR REFORMA AGRÁRIA, DEMOCRACIA E CONTRA A IMPUNIDADE” dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra de Mato Grosso (MST/MT), formada por aproximadamente 500 pessoas, percorreu o Centro Político Administrativo do Governo para protocolar a pauta de reivindicações do Movimento.
A direção do MST informa que na Secretaria de Educação de Mato Grosso (SEDUC/MT), os Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra foram recebidos com armas pela Segurança Local, que não se importou nem mesmo com a presença das crianças.
A direção reafirma que o movimento é pacífico. Não houve nenhum ato de violência por parte do Movimento. Nossa principal pauta em todo o país é agilidade na Reforma Agrária, paralisada há vários anos em Mato Grosso.
Entre as principais questões abordadas estão a segurança e soberania alimentar, ameaçadas pelo agronegócio através da expansão de monoculturas, a degradação ambiental pela utilização de agrotóxicos, e a questão de gênero, rejeitada e discriminada em uma sociedade machista.
O MST, neste momento, encerrou a caminhada pelo Centro Político Administrativo do Governo para protocolar as reivindicações e já está no acampamento na sede do INCRA.
A programação do MST segue até domingo, quando participaremos da atividade do 1º de maio, que está sendo organizada pelas entidades que compõem a Frente Brasil Popular de Mato Grosso. As atividades terão início com uma caminhada partindo do Acampamento do MST, instalado na Superintendência Regional do INCRA, às 15h, e terminará na Praça do Bairro do CPA, com uma Assembleia do Trabalhador, que contará com a animação de bandas regionais.