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21/04/17 às 09:35 / Atualizada: 24/04/17 às 12:38

A trajetória de Maurício Tonhá - O homem que realiza o Mega Leilão

Eduardo Gomes em colaboração

Edição para Agua Boa News, Clodoeste Kassu

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A trajetória de Maurício Tonhá - O homem que realiza o Mega Leilão

Foto: Capa: Édson Xavier - Ilustrações Guerino

O empresário e político Maurício Tonhá, presidente da Estância Bahia Leilões,  é conhecido nacionalmente, principalmente nos meios pecuários. Ele é um dos personagens do livro "Dois dedos de prosa em silêncio - pra rir, refletir e arguir", do jornalista Eduardo Gomes de Andrade.

O capítulo abaixo é um dos 50 da obra, que relata fatos interessantes que contribuíram para o desenvolvimento mato-grossense; que critica manobras políticas; que reconhece o papel de vultos importantes; e que faz correções históricas.

Interessados em adquirir exemplar entrem em contato com o autor em eduardogomes.ega@gmail.com  ou pelo celular 65-9982.1191

O livro foi editado em 2015, com ilustração de Generino.


Dois dedos... é composto por 50 narrativas.

Preço para Cuiabá 50 reais; nos demais municípios, 60 reais incluindo a postagem registrada.

 
Capítulo:
Da Boa Terra pra Água Boa
 
Brasília, 1977. Da janela do ônibus da Auto Viação Brandão, Maurício Cardoso Tonhá avista a Capital da Esperança idealizada por Juscelino Kubitschek. Cada vez mais a cidade mostra a leveza arquitetônica de Lúcio Costa e a poesia do cimento de Niemayer. A viagem iniciada em Santana, na Boa Terra, termina. Com uma bolsa numa mão e o tíquete da bagagem na outra, desembarca. Da plataforma vê o tio materno José Honório Alves Cardoso.

Antes do primeiro passo o sobrinho ganha um forte abraço de José Honório. “Com sua bênção, tio Zé Rabinho” diz. “Deus te abençoe, menino”, responde o parente apertando ainda mais os braços. Zé Rabinho é o apelido de José Honório.

Em Brasília o tio e sua mulher dona Jandira receberam o sobrinho em casa. O casal lhe dá teto e afeto. A meta de Maurício Tonhá era cursar o segundo grau, se formar engenheiro civil ou ser aprovado em concurso do Banco do Brasil e se transferir pra Santana, sua terra.

A permanência em Brasília foi curta: menos de cinco anos. Nesse período, com os braços no trabalho e a mente nos livros, se formou técnico contábil.

No dia a dia Maurício Tonhá trabalhava com o tio, que era vendedor de sacolas plásticas e outros produtos para embalagens. Zé Rabinho não era dono do negócio. Ele revendia embalagens. Certo dia, o sobrinho lhe sugere que passe a comprar os produtos e a vendê-los. “Não tenho carro!”, observa. “Então adquira uma Kombi financiada e deixa comigo que a gente vai ganhar dinheiro”, retruca.

Uma reluzente Kombi azul passou a ocupar a garagem da casa de Zé Rabinho e dona Jandira. Todos os dias, bem cedo, a perua saía pelas ruas rumo às feiras. No banco dianteiro do passageiro o lugar cativo era de Maurício Tonhá, que por ser menor não dirigia.

Com os produtos nas costas e o bloco de pedidos no bolso da calça jeans surrada, Maurício Tonhá percorria as barracas. “Tempos duros aqueles, mas de muito aprendizado com meu tio e com a vida”, avalia.

Dois caminhos se abriam à frente de Maurício Tonhá: apostar no negócio das embalagens com o tio ou se preparar ao vestibular pra engenharia civil, porque não havia indício de que haveria concurso ao BB.

Em 1982 a Caixa Econômica Federal e o BB abriram inscrição para o Norte e Centro-Oeste. Maurício Tonhá voltou ao sonho de ser bancário. Enquanto imaginava como se inscreveria, reencontrou-se em Brasília com o primo e engenheiro civil Altair Antônio Alves, o Abobrinha, diretor do agora extinto Departamento de Estradas e Rodagem de Mato Grosso (Dermat) e morador em Barra do Garças.

Abobrinha o estimulou a ir a Barra se inscrever aos concursos. Pouco tempo depois Maurício Tonhá embarcou num ônibus pra tentar a sorte e se surpreendeu com Mato Grosso, a terra, onde seu tio materno Antônio Joaquim Alves, o Antônio Abóbora, ganhou destaque enquanto presidente da Câmara e prefeito constitucional de Rondonópolis, onde também presidiu o Sindicato Rural.

Na Barra, Maurício Tonhá se inscreveu nos concursos da Caixa e do BB. Foi aprovado em ambos. A espera pelos chamados foi curta. Em julho de 1982 a Caixa o lotou na agência daquela cidade.

Mauricio Tonhá permaneceu quatro meses na Barra morando na casa de Abobrinha e seu colega José Ângelo Carloto – o Dr. Carloto. Em novembro de 1982 ele deixa a Caixa para ser lotado na agência do BB de Água Boa, inaugurada em agosto daquele ano e que tinha seu quadro formado por adidos cedidos por outras agências.

Quinta-feira 25 de novembro de 1982. Chove forte na região do Araguaia e Maurício Tonhá chega a Água Boa. “Dizem que mudança com chuva dá sorte; tomara!”, pensa com seus botões.  

No princípio, em Água Boa, Maurício Tonhá mora numa república na casa de Silvino Guerreiro do Amaral, com os colegas Olívio Pereira – agora seu compadre -, Getúlio Siqueira, Gilvan Rosa e Édson Ribeiro.

Antes de começar o primeiro dia de trabalho, percorre algumas ruas pra conhecer um pouco sua nova cidade. Numa praça ao ar livre vê feirantes com suas barracas e a população comprando. Presta atenção e imagina como seria bem mais humano se aqueles trabalhadores e seus clientes tivessem um espaço coberto, com iluminação, sanitários e bancas organizadas. O pensamento vaga por seu antigo trabalho em Brasília, ganha asas e ele imagina: “se um dia for prefeito de Água Boa, construirei uma feira”.

Em 14 de novembro de 2009 o prefeito reeleito de Água Boa, Maurício Tonhá, recebe o governador Blairo Maggi, o vice-governador Silval Barbosa e o secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, Neldo Egon Weirich, para inaugurar a Feira Livre do Pequeno Produtor.

Os participantes notam o semblante emocionado de Maurício Tonhá, mas ninguém entende o porquê. Ele, no entanto, sabia muito bem o motivo. Naquele instante não era somente o prefeito que ali estava, mas também o jovem vendedor de embalagens nas feiras em Brasília e que um dia, recém-chegado à cidade, sonhou realizar aquela obra.

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  • por Brasilio guerra, em 06/08/20 às 20:35

    Conheço Maurício. Meu amigo Maurícao a quem conheci em dezembro de 79 na casa de José Honório seu tio e meu cunhado já q sou irmão de Jandira. Em janeiro de 80 sai de bsb e fui p recife. Tornei me juiz de direito e Maurício foi para MT em 82. Sua história e de empreendedorismo. Ficou rico. Aliás , acho q seu pai já era rico na Bahia. Muito gado. Maurício empreendeu dentro da lei e ficou mais rico. Foi prefeito duas vezes e quem sabe chegara ao governo do estado. Ele merece

  • por Arlene Padrão, em 05/12/17 às 00:02

    Acho bom alertar um estelionatário tem aplicado golpes no interior de São Paulo e se identifica como Maurício Cardoso Tonhá, pecuarista de Mato Grosso. Inclusive usa no whatsapp uma foto do verdadeiro Maurpicio.No mês passado fez um comerciante depositar quase 30 mil pela venda de um carro a uma pessoa de nome Francisco Alves de Várzea Grande, MT. É bom ficar de olho.

  • por Eduardo Gomes, em 24/04/17 às 17:29

    Caro amigo Kassu, obrigado por reproduzir em seu site esta narrativa do meu livro, onde falo sobre nosso amigo em comum, Maurício Tonhá. Em outro livro, narrei como nasceu a Estância Bahia. Aceite meu abraço.

  • por emerson, em 14/02/17 às 11:20

    admiro muito a trajetoria do mauricião como é conhecido no meio rural.acredito sim que ele conseguiu tudo trabalhando honestamente. só quem trabalha no comercio de gado e entende do ramo sabe o lucro que da (comprar e vender gado). está dito. T.´.F.´.A.´.

  • por jota jota, em 22/04/16 às 18:57

    olha Amigo, não o conheço mas posso te dizer que eu já vi gente pobre ficar rico honestamente, não estou discordando do Senhor, pois sei que seu relato é verdadeiro, mais exite gente que ficou rico honestamente e também não quero aqui fazer comparações, com todo respeito.

  • por Luis Gonzaga Domingues, em 21/04/16 às 19:45

    Estudei minha vida inteira e trabalhei com minha família como escravo em Cachoeira do Sul -RS e jamais conseguimos ficar ricos. Também trabalhei em várias empresas particulares que os donos ficaram ricos desonestamente através da sonegação de impostos ou até roubando de outros empresários de São Paulo, Paraná e Santa Catarina para abastecer seu supermercado e matavam gados de fazendas alheias para alimentar seu comércio. Posso dizer que sou um velho, mas jamais encontrei alguém que tenha ficado rico honestamente. Aliás, os pobres também sabem disso! Gostaria que alguém me desse uma fórmula mágica para que consiga melhorar a minha vida. Peço ao Senhor uma ideia? Procure me responder o rápido possível.

 
 
 
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