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30/11/23 às 08:25 / Atualizada: 30/11/23 às 16:34

RPPN Sesc Pantanal pesquisa onça-pintada com uma das maiores redes de armadilha fotográfica simultânea da América Latina

As imagens são captadas simultaneamente em uma área de 108 mil hectares, com o objetivo de contribuir para a conservação da espécie, ameaçada de extinção

RPPN Sesc Pantanal pesquisa onça-pintada com uma das maiores redes de armadilha fotográfica simultânea da América Latina

As imagens são captadas simultaneamente em uma área de 108 mil hectares, com o objetivo de contribuir para a conservação da espécie, ameaçada de extinção

Foto: Assessoria

A população de onças-pintadas da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal, é objeto de uma ampla pesquisa que utiliza 155 câmeras trap em uma área de 108 mil hectares, localizada em Barão de Melgaço (MT). O estudo, realizado em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro com participação de pesquisadores do Grupo de Estudos em Vida Silvestre (GEVS), busca compreender o uso do espaço pelo animal e contribuir para a conservação dessa espécie vulnerável à extinção, que possui grande importância ambiental por ocupar o topo da cadeia alimentar e indicar a qualidade dos ambientes. 
 
Maior carnívoro da América do Sul, terceiro maior felino do mundo e o único representante do gênero Panthera (formado por leões, leopardos e tigres) no continente americano, a onça-pintada necessita de áreas extensas e de habitat de boa qualidade para sobreviver. Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP), estimativas indicam que 50% da população total de onças-pintadas do mundo estão no Brasil, distribuídas por diversos biomas: Amazônia, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. 
 
De acordo com a gerente-geral do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, o estudo em uma área tão representativa como a da RPPN Sesc Pantanal torna-se uma referência. “A pesquisa científica é um dos pilares do Sesc Pantanal, que em 26 anos já contribuiu com a publicação de mais de 170 publicações. A que está em andamento é uma das maiores já realizadas, principalmente pela longa duração e ampla cobertura de imagens feita com 155 câmeras, simultaneamente. Como resultado, teremos um considerável banco de dados a ser explorado para compreender ainda mais o modo de vida desse animal tão importante e exuberante, colaborando efetivamente para sua conservação”, afirma. 
 
A bióloga e pesquisadora do GEVS, Gabriela Schuck, explica que o projeto denominado “Onças-pintadas e pardas em um mosaico de pantanais no Mato Grosso: perspectivas a partir da RPPN Sesc Pantanal e adjacências - Barão de Melgaço e Poconé, MT” contempla a abundância de espécies de presas, relações dessas com predadores potenciais e as implicações do mosaico da paisagem na distribuição dessa diversidade biológica. 
 
“O projeto em andamento na área da RPPN foca essencialmente na importância da conservação da população de onças-pintadas. Com isso, os resultados obtidos sobre parte da fauna associada, em condições particulares como a unidade de conservação, têm expressivo valor no entendimento das condições naturais do Pantanal. Essa perspectiva, tendo como foco os cenários delimitados pelas onças-pintadas, auxilia a entender a função da espécie, considerada guardiã dos ecossistemas habitados”, ressalta Schuck. 
 
Distribuição das armadilhas fotográficas 
 
As armadilhas fotográficas foram distribuídas a cada 2,8 km, na forma de gradeado, cobrindo uma vasta área da Reserva, o que permite avaliar o uso do espaço por várias espécies, incluindo presas potenciais. Com os equipamentos, o propósito é monitorar a área nos períodos de seca e cheia. A instalação teve início em julho deste ano e as revisões seguirão até janeiro de 2024. Os dados levantados são utilizados para a geração de mapas de distribuição e avaliação das formas de uso da paisagem, tanto das presas quanto dos predadores, possibilitando obter informações sobre interações e suas relações com o mosaico disponível no interior da RPPN. 
 
O pesquisador do Museu Nacional e coordenador do GEVS, Luiz Flamarion, conta que o gradeado permite comparar frequências de ocorrência de várias espécies, tanto de predadores quanto de presas. “É importante lembrar que os predadores não devem ser vistos individualmente, pois há a questão da capacidade de suporte e variabilidade de recursos. O conflito por recursos é uma das principais razões do desaparecimento (destruição de indivíduos e de populações) das pintadas na maior parte de sua área de ocorrência. Áreas com bom espectro de presas minimizam a predação no gado, por exemplo, evitando retaliações. Por isso, a questão das presas é importante”, detalha. 
 
Conhecer como essas questões funcionam em áreas de conservação aumenta o entendimento da problemática da conservação, pois aproxima os dados levantados das condições naturais, continua Flamarion. “As unidades de conservação servem de referência, pois fora dessas o que impera são condições antrópicas. A conservação da biodiversidade é um foco prioritário da RPPN. Portanto, conhecer a distribuição dos recursos (presas) é algo imprescindível. A integração desses blocos - paisagem, recursos, interações entre espécies - é o foco que está em andamento”, conclui. 
 
O projeto realizado na RPPN Sesc Pantanal, uma das unidades do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, iniciativa do Sistema CNC-Sesc-Senac, contempla, ainda, a perspectiva dos saberes locais por meio das interações entre pesquisadores, guarda-parques e brigadistas do Sesc Pantanal. Essas interações servem para a propagação do entendimento das relações tanto entre os elementos da fauna, sob a perspectiva do projeto, quanto da convivência entre os pantaneiros com a diversidade disponível e a valorização do patrimônio biológico e cultural do Pantanal.

 

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