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22/02/16 às 09:01

Lava Jato tem mandado de prisão contra marqueteiro João Santana

Publicitário, que está no exterior, trabalhou em campanhas de Dilma e Lula. Operação é realizada em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Camila Bomfim e Adriana Justi Da TV Globo, em Brasília, e do G1 PR

Edição para Água Boa News, Clodoeste Kassu

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Lava Jato tem mandado de prisão contra marqueteiro João Santana

Agentes da Polícia Federal fazem buscas na sede da Odebrecht em São Paulo, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de 'Acarajé' Agentes da Polícia Federal fazem buscas na sede da Odebrecht em São Paulo, durante a 23ª fase da Operação Lav

Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo

A Polícia Federal (PF) deflagrou a 23ª fase da Operação Lava Jato nesta segunda-feira (22). Um dos alvos desta etapa, chamada de Operação Acarajé, é o publicitário baiano João Santana, que foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Há mandado de prisão temporária (de 5 dias de duração, prazo que pode ser prorrogado) expedido contra Santana, mas ele está no exterior e não foi preso. Segundo a assessoria dele, o publicitário está na República Dominicana. Também foi decretada a prisão da mulher dele, Monica Moura.

Foi preso preventivamente nesta manhã o engenheiro Zwi Skornicki, que, segundo as investigações, operava propinas no esquema da Petrobras investigado pela Lava Jato.

Investigadores rastrearam supostos pagamentos ilegais no exterior em conta secreta de João Santana provenientes da Odebrecht e de Skornicki. A suspeita é que o pagamento veio de serviços eleitorais prestados ao PT.

Agentes também estiveram no prédio da Odebrecht, em São Paulo. O ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, é réu da Lava Jato e está preso em Curitiba desde junho de 2015.

Em nota, a Odebrecht confirma operação da Polícia Federal em escritórios de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, para o cumprimento de mandados de busca e apreensão. "A empresa está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento", diz o texto.
 
PF age em condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio, na manhã desta segunda. (Foto: Reprodução/TV Globo)PF age em condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio, na manhã desta segunda.
(Foto: Reprodução/TV Globo)

 
Ao todo, foram expedidos 8 mandados de prisão. Além dos estados de São Paulo e Rio, a operação cumpre mandados na Bahia. Segundo a polícia, acarajé era o nome usado pelos investigados para se referir ao dinheiro irregular.

Suspeitas contra João Santana

O publicitário é alvo porque os investigadores têm indícios suficientes de que ele possui contas no exterior, com origem não declarada. João Santana começou a ser investigado na Lava Jato em um inquérito sigiloso depois que a PF apreendeu, na casa de Zwi Skornicki, um manuscrito atribuído à mulher de João Santana indicando contas dele fora do país. A informação sobre a apreensão foi revelado pela revista "Veja".

Quando a denúncia foi publicada, a empresa de Santana, Pólis Propaganda & Marketing, divulgou uma nota negando caixa 2. "O grupo recolhe todos os impostos devidos", diz o texto, que afirma ainda que a empresa jamais se envolveu "em nenhum tipo de ação ilegal".

"O Grupo Pólis possui agências autônomas no Brasil, e em outros países. As empresas  funcionam de forma independente, operacional e financeiramente. Não há trânsito de recursos entre elas. Valores recebidos de campanhas brasileiras sempre foram pagos no Brasil, e valores recebidos por campanhas no exterior foram pagos no exterior, seguindo as regras e a legislação de cada país", afirma a nota.
 
Além de marqueteiro das campanhas, Santana chegou a ser conselheiro da presidente Dilma em várias decisões de governo, chamado a participar de reuniões decisivas, com voz de influência em debates políticos no primeiro escalão.

Santana assumiu o marketing eleitoral de Lula depois que o publicitário Duda Mendonça foi citado no mensalão. Ele foi absolvido em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com a polícia, as investigações desta etapa apontam para o pagamento de vantagens ilícitas por um grupo empresarial a outro grupo. Segundo a PF, os pagamentos, de cerca de mais de US$ 7 milhões, foram recebidos em contas no exterior.

Mandados

A 23ª fase da Lava Jato tem 51 mandados ao todo, sendo 38 são de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva – quando os presos são obrigados a prestar depoimento.

Participam da ação 300 homens da PF. Na Bahia, a operação é realizada nas cidades de Salvador e Camaçari. No Rio de Janeiro, na capital, em Angra dos Reis, Petropolis e Mangaratiba. Em São Paulo, além da capital, a operação foi às cidades de Campinas e Poá.

A prisão temporária tem prazo de 5 dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.

Odebrecht

Na capital paulista, agentes cumprem mandado de busca e apreensão na sede da Odebrecht, na Zona Oeste da cidade.

A PF busca tirar a trava de segurança de informações criptografadas que foram apreendidas na 14ª fase da operação. Cinco peritos auxiliam a PF para que os agentes consigam sair com os dados liberados. 

Os policiais federais estão desde as 6h no prédio da empresa, e os funcionários foram liberados do trabalho nesta segunda-feira.
 
 
Zwi Skornicki

De acordo com as investigações, o engenheiro Zwi Skornicki era o representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels. Os procuradores da República que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato afirmam que Skornicki era responsável por repasses ao PT por meio do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso desde 2015.

No acordo de delação premiada, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou que Skornicki continuou pagando suborno a Renato Duque mesmo depois de o ex-diretor ter saído da Petrobras. Ao todo, contou o ex-gerente, o representante da Keppel Fels teria pago US$ 14 milhões.

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