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13/07/15 às 19:48 / Atualizada: 13/07/15 às 20:01

Boto do Araguaia: tecnologia ajuda estudo sobre 'nova' espécie da Amazônia

Drone e balão com câmera vão auxiliar na captação dos dados. Estimativa é que a população de botos esteja entre 900 e 1,5 mil

Portal Amazônia, com informações do Naturatins

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PALMAS - Um drone e um blimp com uma câmera acoplada vão auxiliar na identificação da nova espécie do boto do Araguaia, descoberto em 2014. O levantamento será realizado no Parque Estadual do Cantão auxiliado pelo Instituto Araguaia e o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins). O animal é encontrado às margens dos rios que compõem a Bacia do rio Araguaia, nos estados do Pará, Goiás, Tocantins e Mato Grosso

De acordo com o o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade de Dundee, a estimativa é que a população de botos esteja entre 900 e 1,5 mil animais. “Para termos a certeza, estamos realizando a primeira contagem dessa espécie que é única da região. Nem podemos informar se eles estão em extinção, pois não temos nenhuma ideia exata do seu quantitativo”, destacou o pesquisador do Instituto Araguaia, George Georgiadis.

Para realizar a contagem populacional, um método usando blimp foi desenvolvido pelos pesquisadores do instituto. “A princípio começamos a utilizar os drones, porém o tempo de voo é curto devido à bateria. Por isso, acoplamos uma câmera a um blimp, e somente assim teremos o quantitativo de botos dentro do Parque Estadual do Cantão”, informou o pesquisador. A tecnologia permitirá a realização de censos precisos em lugares extensos e de difícil acesso, como o Cantão.

 
Georgiadis explicou que antes o pesquisador ficava em uma canoa com um binóculo para poder realizar a contagem. “Porém, perdíamos muito com essa observação e o raio de abrangência era menor. Com esse novo equipamento que desenvolvemos, teremos uma cobertura maior em três lagos que cortam a região do Cantão: Grande, das Ariranhas e do Estirão”, reforçou.  

O censo, que iniciou em junho e segue até novembro, tem a participação da mestranda em Ciências Ambientais da universidade alemã Freiburg, Julia Fusternau Oliveira. “Nessa primeira etapa, testamos o método desenvolvido e analisamos quanto tempo os botos permanecem debaixo d’água”, explicou. A próxima etapa, conforme Julia, será o censo, a partir de agosto. "Até o final do ano, este processo será finalizado e aí teremos o número oficial de botos dentro do Cantão", explicou.

Segundo George, o censo é importante para saber se a nova espécie está em extinção ou não. "Também vamos saber mais sobre o seu comportamento e traçar ações eficientes para o seu monitoramento. Com os dados, a cada ano, vamos saber se a população está diminuindo ou aumentando", finalizou. 

 

Espécie no Araguaia
Em janeiro de 2014, pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Universidade de Dundee confirmaram, por meio de exame genético, que o Boto do Araguaia (Inia araguaiensis) é diferente dos botos que vivem na Amazônia. Além do DNA diferenciado, os botos do Araguaia têm menos dentes e o crânio é mais largo do que as outras espécies do gênero Inia.

As corredeiras do baixo Tocantins, grande parte submersas pelo reservatório da hidrelétrica de Tucuruí, isolaram a população de botos da bacia do Tocantins e Araguaia. George explicou que os botos da Amazônia, na época da seca, procuram lugares mais fundos, já o boto que povoa as bacias do estado do Tocantins se adaptaram e gostam de águas rasas para pescar.

Parque Estadual do Cantão
Com mais de 90 mil hectares, o Parque Estadual do Cantão foi criado no dia 14 de julho de 1998. A unidade de conservação fica em Caseara, a 260 km de Palmas e está inserida em uma área de transição entre os biomas Cerrado e Floresta Amazônica, além do Pantanal.

O Parque do Cantão concentra animais e plantas dos dois ecossistemas (Cerrado e Floresta Amazônica). Segundo registros, foram identificadas, até agora, 55 espécies de mamíferos, 453 de aves, 301 de peixes e 63 espécies de répteis. Animais como ariranhas, onças e harpias são vistos na unidade, tornando o local uma área de grande importância para sua preservação.

 

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