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25/01/16 às 17:45 / Atualizada: 25/01/16 às 17:52

Pela primeira vez, propriedades rurais de Sorriso recebem certificação RTRS para produção responsável de soja

Thais Frausto

ÁGUA BOA NEWS

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Pela primeira vez, propriedades rurais de Sorriso recebem certificação RTRS para produção responsável de soja

​Colheita realizada em 2015​ em um das fazendas certificadas

 Mais de 21 mil hectares de soja, em nove fazendas do município de Sorriso, considerado o maior produtor de soja no país e mundo foram certificadas no padrão da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS).  Por meio do projeto Gente que Produz e Preserva (GPP), do Clube Amigos da Terra (CAT) e a WWF Brasil com apoio do grupo Bel, da Solidariedad, IDH (The Sustainable Trade Initiative) e o Instituto Centro de Vida (ICV) e produtores, realizaram ações para implantação dos critérios nas propriedades rurais.
 
Produtores rurais no município selaram o compromisso com a responsabilidade social e ambiental: cumprimento legal e boas práticas empresariais; condições de trabalho responsáveis, relações comunitárias responsáveis; responsabilidade ambiental e práticas agrícolas adequadas.  As fazendas certificadas foram Jaborandi, São Felipe, Dakar, São Marcos, Santana, Videirense, Cella, Berrante de Ouro e Santa Maria da Amazônia.
 
Para Daniel Meyer, gerente de mercado da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) no Brasil, “O case de Sorriso é muito interessante, pois comprova que quando organizações, empresas e produtores participam e colaboram, de forma inovadora, o padrão RTRS é uma ferramenta viável e aplicável, seja para pequenos, médios ou grandes produtores, e que ajuda gerar vários benefícios para o produtor rural, o município e o meio ambiente”, destaca Meyer.
 
A diretora de sustentabilidade do Clube Amigos da Terra, Cynthia Moleta Cominesi, explica que a certificação das propriedades foi um desafio. “No início tivemos um pouco de resistência de alguns produtores, mas logo eles entenderam que estamos ali para ajudar a melhorar a propriedade. Hoje os produtores nos agradecem e estamos felizes por cumprir nosso papel. Essas nove fazendas são apenas as primeiras certificadas. Queremos expandir o projeto para outros produtores da região”, disse a diretora.  Já o presidente do CAT, Junior Ferrarin, certificar as propriedades em Sorriso foi uma conquista muito grande. “São as primeiras propriedades certificadas na Capital Nacional do Agronegócio. O produtor conseguiu organizar a fazenda seguindo a legislação trabalhista e ambiental e ainda vai ser recompensado por isso”, comemorou Ferrarin. 
 
Para o coordenador do programa Agricultura e Meio Ambiente do WWF-Brasil, Edegar Rosa, uma vez que essas adequações são realizadas, o produtor consegue ter uma visão panorâmica do seu negócio e assim, melhorar a sua gestão diminuindo os riscos de sua produção em diversos aspectos. Pois, é levado em consideração o aspecto produtivo, mas também o legal, ambiental e social. “Para o alto nível da produção de soja em Sorriso, o maior desafio está na gestão da propriedade. E com esse projeto, nós observamos que o padrão RTRS funciona como uma ferramenta de gestão eficaz para os produtores”, conclui Edegar. Outro ponto que o coordenador destaca é o indicador ambiental desse grupo de propriedades que possui 15.125 hectares de vegetação nativa com registro no Cadastro Ambiental Rural (CAR), sendo 3.864 hectares acima do exigido por lei e agora protegidos pelos critérios RTRS. “O objetivo do WWF-Brasil é que esse projeto se torne uma vitrine de adoção de boas práticas agrícolas no centro do agronegócio brasileiro e que isso ganhe escala. E o cenário é positivo, pois, estamos ampliando o projeto para mais 60 mil hectares em 2016”, explica Edegar. 
 
Processo
 
O processo de certificação das propriedades em Sorriso começou em novembro de 2013 e está previsto para ser concluído este ano. Nesta primeira etapa, os produtores cumpriram 61 indicadores de conformidade imediata, ou seja, 61% dos indicadores totais que são classificados ainda como de curto e médio prazo. Informações detalhadas podem ser obtidas no http://www.responsiblesoy.org/.


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Benefícios
 
A certificação garante benefícios administrativos, econômicos, sociais e ambientais aos produtores e os municípios. Os administrativos são: melhoria dos indicadores de gestão; aumento da produtividade e da eficiência da operação; ordenamento e registro da metodologia de trabalho; maior conscientização e cumprimento de requisitos legais e regulatórios e as auditorias externas certificam os aspectos legais e produtivos.
 
 Já os sociais: motivação dos funcionários em prol de melhorias contínuas; redução dos acidentes de trabalho; melhoria das relações com os empregadores e índices mais baixos de rotatividade, melhores relações com a comunidade e melhoria da imagem e reputação corporativas.
 
As econômicas: redução dos prêmios dos Seguros de Acidente de Trabalho, devido à redução do índice de acidentes; oportunidades de acesso a mercados internacionais ; oportunidades de acesso a programas de financiamento; possibilidade de recompensa decorrente da venda de material certificado; redução dos custos, devido ao maior controle sobre os insumos (sementes, agroquímicos e outros) e os ambientais que contemplam: manutenção da biodiversidade e alto valor de conservação; melhoria do solo e da qualidade da água; redução da poluição e menor produção de resíduos; melhor gestão de resíduos e acompanhamento; redução do impacto sobre a saúde e o meio ambiente, através da aplicação sistemática e reconhecida de técnicas de Manejo Integrado de Cultivos (GIC).

Cases
 
A proprietária da fazenda Santana, Dudy Paiva espera que a certificação RTRS reconheça e valorize os produtores. Ela conta que não foi difícil se adequar ao padrão, pois na propriedade já eram seguidas regras que respeitavam funcionários e o meio ambiente. “Na primeira auditoria foi constato que 80% das exigências já eram realidade na nossa fazenda. Então, procuramos adequar o que faltava e hoje a situação melhorou pra todos os envolvidos. É preciso ter a cabeça aberta e pensar em todos os ganhos, não apenas o financeiro. Tomara que a gente inspire outros produtores”, concluiu Paiva. 
 
Na fazenda Santa Maria da Amazônia, do Darci Ferrarin, houve mudanças. Alojamento novo para os funcionários, tanque de combustível com contenção para evitar o contato do produto com o solo e um barracão adequado para o armazenamento das embalagens de agroquímicos vazios foram apenas algumas das adequações feitas para atender os padrões da RTRS. “Nós reflorestamos as cabeceiras dos rios, intensificamos a utilização do sistema integração Lavoura/Pecuária. Sem abrir novas áreas e usando a tecnologia a nosso favor, aumentamos a produtividade e preservamos o meio ambiente. Temos que fazer isso, a terra é o nosso ganha pão e precisamos cuidar bem dela”, afirmou o produtor. 
 
Sobre a RTRS

Fundada em 2006, a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) é uma iniciativa internacional pioneira formada pelos principais representantes da cadeia de valor da soja, como produtores, indústria, comércio, finanças e a sociedade civil. Os atores dessas diferentes áreas se reúnem em torno de um objetivo comum, garantindo o diálogo e a tomada de decisão por consenso. A missão da entidade é promover o uso e o crescimento da produção sustentável de soja e, por meio do Padrão RTRS de Produção Responsável da Soja, aplicável mundialmente, garantir uma produção ambientalmente correta, socialmente adequada e economicamente viável. É hoje o sistema mais confiável e avançado do mercado de soja brasileiro para alcançar a sustentabilidade. Atualmente a RTRS conta com mais de 180 membros dos países do mundo inteiro. www.responsiblesoy.org/pt.

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