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22/01/16 às 23:49 / Atualizada: 23/01/16 às 00:16

Deu no Jornal Correio de Uberlândia: Aluno de doutorado da UFU concorre ao ‘Prêmio Nobel’ de Educação

Daniela Nogueira - Corrêio de Uberlândia

Edição: Água Boa News, Clodoeste Kassu

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O Global Teacher Prize, criado pela Varkey Foundation e considerado o Prêmio Nobel de Educação, pode ser de um brasileiro que estuda em Uberlândia. É que o professor Márcio de Andrade Batista, doutorando na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), está entre os 50 finalistas indicados para receber a maior premiação na área de educação do mundo, que premia o vencedor com U$$ 1 milhão –  cerca de R$ 4 milhões. Esta é a primeira vez que um brasileiro é indicado ao prêmio.
Batista atualmente é professor de várias disciplinas no Instituto de Ciências Exatas e da Terra na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no campus do Araguaia, na cidade Barra do Garças, e professor voluntário de ciências e sustentabilidade no ensino médio em escolas públicas no município. Contudo, a vida docente dele começou em Uberlândia, onde ele ainda aperfeiçoa os conhecimentos com o doutorado em engenharia mecânica, que deve ser concluído neste ano na UFU.
Márcio de Andrade Batista , professor indicado ao
Márcio de Andrade Batista , professor indicado ao “Nobel” de Educação (Foto: Divulgação)
 
Em 2005, recém-graduado e ingressado no mestrado na UFU, ele substituía professores de matemática e química em uma escola no bairro Tibery, na zona leste da cidade. “Muitas vezes nem cobrava. Fazia por gostar muito de dar aulas e para ter mais experiência como docente”, disse Batista. Além disso, entre 2006 e 2009, ele foi professor em duas faculdades particulares em Uberlândia.

O site do Global Teacher Prize destaca algumas razões para a indicação de Batista: “professor voluntário de ciências e sustentabilidade trabalhando com estudantes femininas no remoto estado de Mato Grosso; encoraja estudantes a fazerem suas próprias pesquisas científicas e a desenvolver melhorias inovadoras e novos produtos que atendem as necessidades locais; Márcio e vários de seus estudantes receberam prêmios, inclusive o Prêmio Jovens Cientistas”.

Além dos inúmeros projetos e pesquisas feitos, para este ano ele já tem novos planos. “Quero investir em tecnologias sociais para melhorar a qualidade de vida dos ribeirinhos do Médio Araguaia. Quero melhorar a lâmpada de Mozart, aquela de garrafa pet com água sanitária dentro. Ela só funciona durante o dia com a luz do sol. A ideia é fazer acender à noite”, afirmou Márcio Batista.

Voluntariado
Como professor voluntário de ciências e sustentabilidade no ensino médio em escolas públicas na cidade Barra do Garças, Márcio de Andrade Batista estimula a iniciação científica dos estudantes, priorizando alunas de famílias pobres. “Infelizmente, a mulher ainda não tem cargos igualitários aos homens. Então, eu quis auxiliar essas estudantes a terem gosto pela ciência e se tornarem pesquisadores ou cientistas, funções essas que atualmente são dominadas por homens”, afirmou Batista.

Um dos projetos que ele desenvolve nessas escolas é a utilização do soro de queijo para fazer pão e frozen. “Esse soro é descartado durante a fabricação do queijo virando mais um dejeto no meio ambiente. Então, nós trabalhamos maneiras de aproveitá-lo na alimentação.”

O engajamento de Batista pelo social é tamanha que, se ganhar o Nobel, pretende investir parte do valor do prêmio para criar uma escola de soldador em Barra do Garças. “Quero ensinar uma profissão para aos jovens que estão na rua. Para que eles tenham oportunidade de construir um futuro melhor”, disse.

Sobre o Global Teacher Prize 2016
Os 50 finalistas indicados ao Prêmio Nobel de Educação são de 29 países diferentes. A nação com mais indicados é os Estados Unidos, com oito finalistas. Com quatro nomes, a Índia é o segundo país com mais indicados. Já Palestina, Paquistão e Reino Unido aparecem logo atrás, com três finalistas cada um.

A America Latina tem sete representantes. Além do brasileiro Márcio de Andrade Batista, duas argentinas, uma colombiana, uma mexicana, um paraguaio e uma boliviana concorrem ao maior prêmio de educação do mundo. O vencedor do Global Teacher Prize 2016 será conhecido em março, em Dubai.
 
Márcio Batista com orientada que ganhou o Prêmio Jovens Cientistas (Foto: Divulgação)
Márcio Batista com orientada que ganhou o Prêmio Jovens Cientistas (Foto: Divulgação)
 
Perfil o professor Márcio de Andrade Batista
– Graduado em engenharia química pela USP;
– Mestrado em engenharia química pela UFU;
– Doutorando (deve concluir em 2016) em engenharia mecânica pela UFU.
– Professor na UFMT desde 2009;
– Professor voluntário de ciências e sustentabilidade no ensino médio em escolas públicas na cidade Barra do Garças (MT).
– Foi professor da Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac) entre 2006 e 2007;
– Foi professor na Faculdade Politécnica de Uberlândia (FPU) de 2007 a 2008.

Premiações recebidas
– Prêmio Fundação Getúlio Vargas (FGV)/Intel – Desenvolvimento de BP para bio recursos;
– Prêmio Santander Empreendedorismo – Proposta de plano de negócios para fabricação de goma xantana
– Prêmio Fecomércio – Professor – Uso sustentável dos recursos do cerrado brasileiro;
– Prêmio Siemens – Biocorrosão em dutos
– Prêmio Ciser de Inovação – Geometria para um fixador a ser usado em correias de elevadores;
– Prêmio Novelis de Sustentabilidade – Uso de estruturas de alumínios em bicicletas p carregar celular.
– Prêmio Santander Universidade Solidária – Auxílio à comunidade Cocalinho (MT) para fabricação e extração de óleo babaçu (FINALISTA);
– Prêmio Global Teacher – Nobel de Educação – Indicado entre os 50 melhores professores do mundo.
  • Premiações recebidas por alunos orientados pelo professor Márcio
– Prêmio Jovem Cientista – Orientador – Ração para atletas com recursos do cerrado;
– Prêmio Fecomércio – Orientador – Fabricação de piso feito de cascas de castanhas;
– Prêmio Fecomércio – Orientador – Uso sustentável dos recursos do cerrado Brasileiro com a castanha do Baru;

Entrevista
CORREIO de Uberlândia: Qual a sua reação ao saber que está entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize?
Márcio de Andrade Batista: Fiquei muito feliz e honrado em saber que o trabalho de tantos bons exemplos de professores pelo mundo está sendo reconhecido.

Quais os diferenciais que o senhor acredita que o levaram a ser indicado entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize?
Acredito que não foi por um único projeto específico e sim por um conjunto de fatores. O produto do trabalho do professor são os alunos. Então, acredito que ter orientado vários estudantes que ganharam prêmios por projetos e pesquisas que é um desses fatores. Também o fato de ser voluntário pode ter influenciado nas indicações.

O que o senhor faria com a premiação de cerca de R$ 4 milhões (U$$ 1 milhão), caso seja contemplado com o Nobel de Educação?
Uma parte criaria uma escolinha de soldador em Barra do Garças para ensinar uma profissão aos jovens que estão na rua. Outra parte montaria uma biblioteca pessoal. Esses são dois sonhos meus.

Na semana passada, a presidente Dilma sancionou o novo marco da Ciência e Tecnologia, que melhora o incentivo das empresas privadas para pesquisas das universidades públicas. É um avanço para a área?
Certamente. Ao aproximar a universidade das empresas, a aproxima da inovação e necessidades reais técnicas e também sociais.

Qual a importância da UFU e de Uberlândia na sua trajetória?
Grande parte da minha história vem de Uberlândia. A maior parte da minha formação veio dessa Universidade e eu sou muito grato a isso. Tive um ganho de formação muito grande na UFU. Só tenho elogios à universidade e a Uberlândia, que é uma cidade muito boa, muito dinâmica, onde cresci muito como profissional. Foi onde desenvolvi meu mestrado e onde, agora, estou conseguindo fazer as pesquisas para o meu doutorado, que é sobre a corrosão de cordões de solda em tanques de leite e formação de biofilme microbiano. Com essa pesquisa, por exemplo, vamos conseguir identificar os agentes biológicos que causam a corrosão e que influencia na qualidade do leite. Assim, poderemos propor soluções, como de materiais mais adequados, para esse problema que muitos produtores enfrentam.

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