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21/01/16 às 09:19 / Atualizada: 21/01/16 às 10:00

Moradores somam estragos gerados pela chuva em Goiânia; 700 pessoas ficaram desalojadas em 11 bairros

Pelo menos 700 pessoas ficaram desalojadas, segundo os bombeiros. Casas ficaram alagadas e moradores perderam móveis: 'Acabou tudo'.

Do G1 GO

Edição: Água Boa News, Clodoeste Kassu

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Moradores somam estragos gerados pela chuva em Goiânia; 700 pessoas ficaram desalojadas em 11 bairros

Confecção teve máquinas cobertas pela água na Vila São José

Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A chuva que atingiu Goiânia por mais de 12 horas causou diversos pontos de alagamento e destruição em pelo menos 11 bairros. Casas ficaram cheias de água e, segundo os bombeiros, mais de 700 pessoas ficaram desalojadas e precisam ser socorridas pela corporação. O aposentado Edson Silva, que mora no Jardim Caiçara, diz que ainda soma os prejuízos. “Pelo que eu vi, acabou tudo. Não sobrou nada”, lamentou.

A esposa dele, dona Izete Silva, conta que mora há 47 anos no local e nunca imaginou passar por uma situação dessas. “Perdi todas as minhas coisinhas. Estou muito chateada, magoada. Já vi isso acontecer com muita gente, mas nunca imaginei que aconteceria comigo”, disse, aos prantos.
 
A Rua Dona Maria Kubitschek Figueiredo, onde o casal mora, amanheceu nesta quarta-feira (20) tomada pela água. Segundo Eduardo Silva, filho dos idosos, a situação foi desesperadora. “Todo mundo ficou desesperado, pois ninguém esperava. Foi repentino a água subir em grandes proporções. Então, causou um desespero enorme em tirar meu pai, minha mãe e os vizinhos de dentro das casas”, contou.

Um vídeo feito pela equipe da TV Anhanguera dentro da casa dos idosos mostra que a água, nesta manhã, seguia alta. Sapatos, roupas e diversos pertences dos boiavam pelos cômodos.

Outro morador da rua, que se identificou apenas como Marcelo, conta que chegou a tentar salvar alguns móveis, colocando-os em cima da laje da casa. Mesmo assim, tudo foi perdido.

“Assim que começou a chover e percebemos que a água estava subindo, meus filhos tiraram os móveis de dentro de casa. Mas logo depois soubemos que o nível do Rio Meia Ponte estava tão alto que a água derrubou e levou tudo, móveis, documentos, remédios”, relatou, destacando que não tem outro lugar para ir.

Outros bairros
Na Vila Roriz, outro bairro afetado pela chuva, os moradores acordaram ilhados. As ruas ainda estavam cheias de água e, em alguns pontos, o alagamento atingia acima dos joelhos daqueles que se arriscavam a caminhar.

 
 
 Muita gente saiu de casa na tarde de terça-feira (19) e, até o fim desta manhã, ainda não tinha conseguido voltar e contabilizar os estragos. “Alagou aqui tudo. A minha vizinha perdeu tudo, assim como o outro vizinho lá de trás. Está todo mundo arrasado”, contou a costureira Nilma de Sousa, aos prantos.

Na Vila São José, a situação não foi diferente. As ruas amanheceram tomadas pela lama e entulhos. Nas calçadas, os moradores colocaram muitos móveis que estragaram. Segundo os bombeiros, o nível da água chegou a atingir 1,75 metro e muitas pessoas precisaram ser retiradas com a ajuda de uma canoa.

Na casa da costureira Junia Lima, onde funcionava uma pequena confecção, a marca da água na parede mostra a dimensão do drama vivido por todos. Os equipamentos ficaram totalmente submersos e agora ela soma prejuízos.

“Perdi dois carros, assim como o meu vizinho. A água chegou quase a 1,80 metro e o bombeiro precisou me tirar daqui de canoa. Meu filho de 11 anos precisou ser retirado daqui arrastado por uma corda. Eu estou vestida com uma roupa do vizinho, que eu nem sei quem é, que me mandaram. Não sei se dou conta de levantar [a confecção] de novo”, lamentou.

Na Vila Santa Helena, na região do Setor Campinas, a chuva também causou diversos estragos. Uma empresa que fica nas proximidades do Ribeirão Anicuns foi invadida pela água, que chegou a atingir 3 metros de altura. “A gente ainda está em estado de choque e nem sabe o que vai fazer. Mas foram muitos prejuízos”, disse o gerente da empresa, que se identificou apenas como Valmir.

De acordo com os moradores, o problema na Vila Santa Helena é comum. “Toda época de chuva é assim e a gente nunca acha solução. A culpa por tudo não é apenas da chuva, mas também da Prefeitura de Goiânia que não toma providências”, disse uma idosa.


 
Confecção teve máquinas cobertas pela água no Setor São José, em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Confecção teve máquinas cobertas pela água na Vila São José (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Socorro e providências
De acordo com o major Hélio Gonzaga, do Corpo de Bombeiros, a operação de resgate iniciada na tarde de terça-feira só foi encerrada por volta das 4h desta quarta-feira. Mais de 70 militares estavam envolvidos. “Eles usaram diversas embarcações, como botes e até mesmo motos aquáticas. Fizemos a retirada de mais de 700 pessoas de dentro das residências”, informou.
Segundo ele, o problema como o registrado na Vila Santa Helena já ocorreu anteriormente. “Temos na região a confluência do Ribeirão Anicuns com o Córrego Cascavel, então, o volume de água é imenso. Normalmente, quando há chuvas fortes, essas moradias próximas acabam sendo atingidas”, relatou o bombeiro.
O presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Edilberto Dias, destacou que a prefeitura criou um grupo de gerenciamento de crise para tentar socorrer a população.
“Estamos com 600 homens trabalhando sem parar desde ontem [terça-feira] à noite para fazer limpeza de ruas e ajudando os moradores. No caso da Vila Santa Helena, a área é considerada de risco. Não existe uma obra que consiga evitar problemas com um volume de chuvas como o que foi registrado. Essas pessoas precisam ser colocadas em programas habitacionais da prefeitura e mudar do local”, ressaltou Dias.
 
Questionado sobre o fato de o bairro ser antigo, o presidente da Comurg reafirmou que a área sempre vai registrar transtornos. “Desta vez, ele foi atingido por um enorme volume de chuva, talvez o maior em 20 anos. Esse é um problema que já ocorreu, mas não nessa proporção”, afirmou.
Sobre a Vila Caiçara, Edilberto destacou que a água subiu tão rapidamente que até os servidores da Comurg, que trabalham em um viveiro do órgão no bairro, tiveram carros e motocicletas submersos. “Agora estamos esperando o nível do Rio Meia Ponte baixar para retirar os objetos estragados. Sobre moradores que estiverem desalojados, devem procurar uma equipe da Semas [Secretaria Municipal de Assistência Social] que está no local para receber auxílio”, destacou.
A Defesa Civil diz que apenas na região do Setor Campinas pelo menos 350 famílias foram afetadas pelas chuvas. “A situação na área está de calamidade mesmo. O poder público precisa ajudar essas pessoas”, disse o chefe de apoio técnico da Defesa Civil de Goiânia, Cidcley Santana.
Previsão do tempo
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), já choveu 302,4 milímetros até esta quarta-feira no estado. A previsão é de que chova diariamente até o próximo domingo (24).
Em Goiânia, nos primeiros 15 dias do ano, o volume chegou a 266 milímetros, ou seja, a quantidade que era esperada para todo o mês. Nesta quarta-feira, a previsão é de novas pancadas.
 
Chuva alaga casas em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Chuva alaga casas em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

Atualizada em 21.01.2016 às 8h40
 
Costureira diz que salvou filhas de casa alagada por buraco no muro

Chuva deixou ao menos 700 pessoas desalojadas em 11 bairros de Goiânia.
Comunidade afirma que nunca havia visto o rio transbordar e acumula perdas.
 
 
 
 
Buraco no muro foi utilizado para retirar filhas de casa inundada em Goiânia, em Goiás (Foto: Reprodução/TV Globo)Buraco no muro foi utilizado para retirar filhas de casa inundada em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Globo)
 
A costureira Luciana Oliveira da Silva disse que salvou as filhas do alagamento que atingiu a casa dela por um buraco no muro. A força da água, segundo ela, empenou até o portão. A chuva que atingiu Goiânia por mais de 12 horas causou diversos pontos de alagamento e destruição em pelo menos 11 bairros.

“Por aqui que eu escapei, tirei as meninas por aqui”, disse a moradora indicando o local utilizado para retirar as crianças de dentro da casa inundada.

Assim como ela, outros moradores passaram a quarta-feira (20) calculando os prejuízos e juntando o que restou. A aposentada Eunice Lopes dos Santos disse que pensou em abandonar a casa.
 
"Vontade de pegar e ir embora. Nem olhar para trás. Esquecer o que passou. Parece que está sendo, parece não, está sendo um pesadelo”, desabafou.

Na casa da aposentada, os colchões e a máquina de lavar roupa foram destruídos pela água. Outra mulher que mora no bairro há mais de 20 anos disse que nunca havia visto uma chuva como a da última terça-feira (19).
O Rio Meia Ponte, um dos principais leitos que cortam a capital, foi um dos responsáveis pelo alagamento.

Com as chuvas, a água transbordou e invadiu centenas de casas. Em algumas delas ainda há água acumulada no quintal um dia depois. Segundo a Defesa Civil, pelo menos 700 pessoas foram atingidas pelos alagamentos.
A moradora identificada como Júnia perdeu tudo o que tinha em casa. “Eu estou vestida com uma roupa do vizinho que eu nem sei de quem é, que mandaram pra mim. Eu não sei se eu dou conta de levantar de novo”, disse a mulher, que ficou em choque com o que aconteceu.

A aposentada Diana Peixoto Alves teve a casa alagada. Ela estava assustada com a força que a água do rio invadiu as ruas e residências. “Primeira vez que transborda dessa maneira. Inundou a casa toda”, revelou Diana.

Além das casas, dezenas de carros ficaram quase encobertos pela água, sendo necessária a ajuda dos bombeiros para retirar pessoas que ocupavam os veículos.

O comerciante Roberto Carlos de Souza teve sua loja atingida e estava calculando os prejuízos. “Avaliar o que presta para ver qual foi a perda aqui. Estragou coisa demais da conta”, disse.

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