Notícias / Luto

12/02/21 às 08:29

Matriarca dos Campos, d. Amália foi mais uma vítima da pandemia

Eduardo Gomes

Diário de Cuiabá

Imprimir Enviar para um amigo
Matriarca dos Campos, d. Amália foi mais uma vítima da pandemia

Dona Amália Campos e o filho Júlio Campos, ex-governador de Mato Grosso: família com sangue político

Foto: Album de Família

Muitos e poderosos. Durante décadas, dominaram o cenário político mato-grossense.

Tinham várias origens familiares e, com o passar do tempo se tornaram parentes em razão de casamentos entre Curvo e Campos, Baracat e Silva, Leite e Silva, Monteiro e Botelho, e em todas as uniões que se possa imaginar entre alguns dos respeitáveis sobrenomes livramentenses, várzea-grandenses e cuiabanos.

A enfermeira Amália Curvo de Campos foi um deles, pertenceu ao núcleo formado por nascidos nas primeiras décadas do século passado e que, levados pelo implacável relógio biológico, nos deixaram.

Dona Amália fechou os olhos para sempre. Foi mais uma vítima da pandemia que assola o mundo.
Ela, matriarca dos Campos e que sempre esteve rodeada pela filharada e seus descendentes, partiu sem direito ao adeus por força das medidas sanitárias que vigoram.

Mandato eletivo Dona Amália não exerceu. Não precisava.

Seu marido e filhos do casal sempre estiveram no poder, condição essa que conhecia a palmo, pois, bem antes de seu casamento com Júlio Domingos de Campos, o seo Fiote, em 1944, na Igreja São Gonçalo, no Porto, em Cuiabá, sua família dava as cartas nos meios políticos em Nossa Senhora do Livramento, sua terra natal e onde seu parente e contemporâneo Osvaldo Botelho de Campos, o Nhonhô Tamarineiro, era a grande referência política.

Nhonhô também nunca ocupou cargo, mas, em Mato Grosso, ninguém concentrou tanto poder político quanto ele.     
 
Dona Amália era essencialmente política. Foi ela quem empurrou Seo Fiote ao palanque e ele pegou gosto, a tal ponto que foi vereador e duas vezes prefeito de Várzea Grande.

Seus filhos, além do sobrenome, herdaram seu gosto pela vida pública.

Jayme Campos é senador em segundo mandato alternado, governou Mato Grosso e se elegeu três vezes prefeito de Várzea Grande; Júlio Campos coleciona mandatos: prefeito de Várzea Grande, três vezes deputado federal, governador e senador, além de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado; Dito Paulo foi secretário de Estado e prefeito de Jangada; e Márcia Campos, vereadora por Cuiabá.

Sua nora, Lucimar, mulher de Jayme, foi prefeita de Várzea Grande duas vezes.

Numa visão mais ampliada, se vêem parentes de Dona Amália em todas as esferas do poder, incluindo na presidência da Assembleia, com José Eduardo Botelho.

Ao longo de oito anos, Mato Grosso foi governado por Júlio e Jayme, seus filhos.

Não é preciso bola de cristal para se saber que mamãe não pede, manda. Dona Amália tinha mais de uma centena de afilhados de batismo e casamento.

Se alguém pisasse no calo de um deles, ela tomava suas dores.

Humana, sempre preocupada com a Saúde Pública, Dona Amália foi a primeira enfermeira da unidade pioneira de atendimento básico em Saúde na cidade de Várzea Grande e que se tornou conhecida como Postão.

Foi fundadora e, durante 20 anos, presidiu a Sociedade de Proteção à Maternidade e Infância Várzea-grandense.

Dinâmica e voltada ao trabalho, Dona Amália conciliava tempo para a política, Saúde Pública e o balcão da empresa familiar de ferragens, materiais de construção e de secos e molhados - A Futurista.

Tudo isso, sem desgrudar o olho da perradinha formada por Doralice, Júlio, Circe, Juracy, Jayme, João, Ivete, Benedito, Marilene e Márcia.

O ADEUS – Acostumada a desafios aos quais encarava frente a frente, Dona Amália perdeu a luta pela vida, no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá.

O traiçoeiro vírus da Covid-19 minou sua força.

Por volta de 23h30 da quarta-feira (10), ganhou lugar na memória coletiva mato-grossense graças ao seu legado.

Seu corpo foi sepultado nesta quinta-feira (11), no Cemitério Central São Francisco, em Várzea Grande.

Pela morte de Dona Amália, o governador Mauro Mendes decretou três dias em luto, e o prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat, também o fez.

O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, e prefeito e o presidente da Câmara de Cuiabá, Emanuel Pinheiro e Juca do Guaraná Filho, respectivamente, distribuíram notas lamentando o falecimento.

Políticos de diversos partidos postaram mensagens em redes sociais se solidarizando com a família Campos.

comentar  Nenhum comentário

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Agua Boa News. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Agua Boa News poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
 
 
Sitevip Internet